O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a suspensão parcial das tarifas por 90 dias. Ainda assim, o governo manterá a sobretaxa de 10% sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou parcialmente da política de tarifas anunciada recentemente, menos de 24 horas após sua entrada em vigor. A decisão veio após intensa pressão de empresários, parlamentares, governos estrangeiros e do próprio mercado financeiro, segundo apuração do Wall Street Journal divulgada na quarta-feira (9).
A medida foi anunciada pelo próprio Trump por meio de uma postagem em rede social. O presidente informou que parte das tarifas ficará suspensa por 90 dias. No entanto, o governo manterá a sobretaxa de 10% sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil, e ampliará para 125% a tarifa sobre produtos importados da China.
Bastidores da decisão
Segundo a reportagem do Wall Street Journal, a reversão começou a ser considerada após reuniões internas e pressões externas. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, teve papel central na mudança de posição. Ele teria ado o fim de semana em contato com representantes de Wall Street e se deslocado à Flórida para apresentar alternativas ao presidente dos EUA.
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Bessent teria reforçado a necessidade de buscar acordos comerciais e evitar um impacto negativo imediato na economia americana. A conversa decisiva teria ocorrido durante o retorno a Washington, a bordo do avião presidencial Air Force One. Ao lado de Bessent e do secretário de Comércio, Howard Lutnick, Trump decidiu formalizar o recuo.
Sobretaxas mantidas e exceções temporárias
Apesar do recuo parcial, a política de tarifas de Donald Trump continua em vigor para diversos países. A sobretaxa global de 10% permanece aplicada a parceiros como o Brasil. Já a tarifa sobre produtos chineses foi elevada para 125%.
A suspensão por 90 dias deve ser aplicada apenas a uma parte das tarifas recentemente instituídas, o que pode abrir espaço para novas negociações com países aliados. Segundo o próprio Trump, a decisão de suspender parte das medidas ocorreu “com o coração”, sem consultar advogados, e teve como objetivo evitar penalizar nações que não representem ameaça comercial aos Estados Unidos.
Reações globais e no mercado financeiro
Mais de 75 países já teriam manifestado interesse em negociar a flexibilização das tarifas, com o Japão liderando as tratativas, conforme relatado pelo WSJ. Um dos fatores que influenciaram a decisão do presidente foi a declaração do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon. Em entrevista à Fox Business, Dimon alertou que as novas tarifas poderiam provocar uma recessão econômica nos Estados Unidos.
De acordo com fontes próximas ao governo, Trump assistiu à entrevista ao vivo e foi sensibilizado pelas declarações. Ao mesmo tempo, integrantes do governo já discutiam possíveis ajustes na política tarifária desde a última semana.
Enquanto Trump publicava o comunicado oficial, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, participava de uma audiência no Congresso sobre o tema. Greer só foi informado da reversão durante a sessão, o que gerou surpresa e evidenciou falta de alinhamento interno.
Críticas e apoio
A postura oscilante do presidente dos EUA gerou críticas de parlamentares da oposição. O deputado democrata Steven Horsford classificou a mudança como sinal de “amadorismo”. Por outro lado, o mercado financeiro reagiu positivamente ao recuo, com os principais índices de ações dos Estados Unidos registrando forte alta na sessão seguinte ao anúncio.
No entanto, nesta quinta-feira (10), os índices futuros dos EUA operam em queda, refletindo a volatilidade dos mercados diante da incerteza sobre a continuidade da política comercial americana.
Linha do tempo: escalada de tarifas entre EUA e China
A atual política tarifária dos Estados Unidos teve início logo após a retomada da presidência por Donald Trump:
- 1 de fevereiro: Trump eleva em 10% as tarifas sobre produtos chineses
- 4 de fevereiro: A China responde com tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito, além de 10% sobre petróleo e máquinas dos EUA
- 3 de março: Novas tarifas de 25% são aplicadas sobre importações do México e Canadá, além de um novo aumento de 10% sobre produtos chineses
- 4 de março: A China amplia a retaliação, com tarifas de até 15% sobre diversos produtos agrícolas dos EUA
- 9 de abril: Trump anuncia a suspensão temporária de parte das tarifas por 90 dias, mas eleva para 125% as tarifas sobre a China
- 10 de abril: A China responde com tarifas de 84% sobre importações dos EUA
Caminhos futuros
Apesar do recuo parcial, o cenário de disputas comerciais segue aberto. A manutenção das tarifas elevadas contra a China sugere que o governo Trump continuará adotando uma postura mais rígida com seu principal parceiro e concorrente comercial.
Especialistas apontam que os próximos dias serão decisivos para entender o rumo da política comercial dos Estados Unidos. A expectativa é de que novas rodadas de negociação ocorram entre Washington e os governos impactados pelas tarifas de Donald Trump, especialmente os países com laços estratégicos ou acordos comerciais vigentes.
Fonte: Infomoney