Nova medida do governo chinês reforça tensão na guerra comercial com os EUA e atinge setores estratégicos como defesa, robótica e veículos elétricos.
A guerra comercial entre EUA e China ganhou novos contornos em abril de 2025, com a adoção de uma medida por parte do governo chinês: a limitação da exportação de minerais raros e imãs industriais. A decisão impacta diretamente setores considerados estratégicos, como os de automóveis, semicondutores, defesa e tecnologia aeroespacial. Um dos primeiros reflexos públicos foi relatado por Elon Musk, CEO da Tesla, que afirmou que a produção do robô humanoide Optimus está sendo comprometida devido às novas restrições.
Desde 4 de abril, a exportação de seis tipos de minerais estratégicos só pode ocorrer com autorização expressa do governo da China. A lista inclui metais utilizados na fabricação de imãs de alta densidade magnética, essenciais para motores compactos usados em robôs, drones, sensores ópticos e sistemas militares. O controle chinês sobre esses recursos se tornou um ponto central da disputa com os Estados Unidos, afetando diretamente empresas como a Tesla.
Robô Optimus da Tesla enfrenta atrasos
Durante a apresentação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, Elon Musk revelou que a Tesla está com dificuldades para manter o cronograma de produção do robô Optimus devido à falta de o a imãs fabricados com metais raros chineses. Segundo Musk, a empresa está tentando obter uma licença de exportação junto ao governo da China para continuar o desenvolvimento do projeto.
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“Estamos trabalhando com a China para tentar conseguir uma licença de exportação. Sem isso, a produção do Optimus vai desacelerar”, declarou o executivo. Musk garantiu que os materiais não serão utilizados para fins militares, como teme o governo chinês, mas sim em robôs domésticos com funções variadas.
O robô Optimus ganhou destaque no evento da Tesla realizado no final de 2024, aparecendo em apresentações públicas nas quais demonstrou capacidades como caminhar, interagir com humanos e executar tarefas simples.
No entanto, logo se soube que os protótipos ainda estavam sendo controlados remotamente, o que gerou dúvidas sobre o estágio real da tecnologia. Apesar disso, a empresa continua investindo na evolução do modelo com a versão Optimus Gen 2, que já aparece em vídeos operando de forma autônoma em ambientes industriais.
China amplia controle sobre exportações estratégicas
O novo regulamento anunciado por Pequim exige licenças especiais para a exportação de materiais considerados estratégicos, medida que confere ao governo chinês o poder de barrar o fornecimento desses insumos para empresas ou países inteiros. Na prática, isso permite que a China utilize o o aos seus recursos naturais como ferramenta geopolítica em meio à guerra comercial com os Estados Unidos.
O Ministério do Comércio da China também determinou que empresas do país não mantenham mais relações comerciais com determinadas companhias americanas, especialmente aquelas ligadas ao setor de defesa.
O governo chinês justifica a decisão com base em preocupações sobre o uso militar dos materiais exportados. “Queremos garantias de que não serão usados em armamentos”, afirmou um porta-voz oficial.
Restrições da China causa impactos diretos na Tesla e no setor tecnológico
A Tesla registrou queda de 71% em seu lucro líquido no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita com a venda de veículos caiu para US$ 13,96 bilhões, refletindo os efeitos da desaceleração econômica global e das dificuldades logísticas provocadas pelas restrições comerciais entre China e Estados Unidos.
Mesmo assim, as ações da empresa subiram mais de 5%, impulsionadas pelas promessas de novos produtos e pelo investimento contínuo em inteligência artificial. O robô Optimus é uma das apostas de Elon Musk para diversificar o portfólio da Tesla e manter a companhia na liderança da inovação tecnológica global.
A dependência de componentes fabricados na China, no entanto, representa um risco para empresas ocidentais envolvidas em setores de alta tecnologia. A guerra comercial e a intensificação das tarifas dificultam o o a materiais essenciais para a fabricação de robôs, turbinas eólicas, motores de jato, radares e outros dispositivos de ponta.
Corrida tecnológica e rivalidade
Enquanto enfrenta obstáculos externos, a China segue fortalecendo seu próprio setor de robótica. Modelos de robôs bípedes desenvolvidos por empresas chinesas já participaram de maratonas ao lado de humanos, em demonstrações públicas que buscam destacar a evolução local nessa área.
O avanço interno pode colocar o país em vantagem diante de empresas estrangeiras que enfrentam barreiras comerciais impostas por Pequim.
A disputa pelo domínio tecnológico está diretamente ligada à guerra comercial entre China e Estados Unidos. As tarifas impostas por ambos os lados, somadas às novas medidas de controle de exportações, elevam a tensão e dificultam o diálogo entre as duas maiores economias do planeta.
Fonte: Hardware