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Energia eólica mundial enfrenta o ‘Roubo de Vento’ e a causa deste fenômeno já foi descoberta

Escrito por Carla Teles
Publicado em 15/05/2025 às 14:10
Energia eólica mundial enfrenta o 'Roubo de Vento' e a causa deste fenômeno já foi descoberta
A energia eólica offshore enfrenta o ‘roubo de vento’. Entenda a causa por trás da redução de velocidade do vento e os impactos na geração de energia.

Com a crescente instalação de parques eólicos no mar para atingir metas climáticas, surge o “efeito esteira”, onde turbinas “roubam” vento umas das outras, diminuindo a produção de energia eólica e gerando preocupações.

A busca global por emissões zero impulsiona a expansão de parques de energia eólica offshore. Contudo, um fenômeno preocupante ganha destaque: sob certas condições, esses parques podem “roubar” vento uns dos outros, afetando a eficiência na geração de energia.

Entendendo o “efeito esteira” na geração de energia eólica

Os parques extraem energia do ar. Essa extração causa uma redução na velocidade do vento. Peter Baas, cientista da Whiffle, explica que o vento sopra com menos velocidade atrás de cada turbina e do parque eólico como um todo. Esse fenômeno é conhecido como “efeito esteira”. Basicamente, as turbinas giratórias criam um “rastro”, diminuindo a velocidade do vento atrás do parque de energia eólica.

Sob condições meteorológicas específicas, esse rastro pode se estender por mais de 100 km em parques offshore grandes e densos. Mais comumente, alcança dezenas de quilômetros. Se um parque eólico é construído contra o vento em relação a outro, pode reduzir a energia gerada pelo parque a favor do vento em até 10% ou mais. Coloquialmente, chama-se “roubo de vento”. O advogado Eirik Finserås ressalta que a expressão é enganosa, pois ninguém é dono do vento.

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A crescente relevância do “Roubo de Vento”

Apesar de conhecido, o problema do “roubo de vento” ganha relevância. Isso ocorre devido à escala e velocidade da expansão da energia eólica offshore. O tamanho e a densidade dos parques também contribuem. No Mar do Norte, um polo de energia na Europa, o impacto do efeito esteira deve aumentar. Simulações de Baas e outros pesquisadores indicam isso, pois o mar fica mais repleto de parques. Quanto maior e mais denso o parque, mais forte o efeito.

Pablo Ouro, pesquisador da Universidade de Manchester, lidera um projeto para entender melhor o efeito esteira. Ele afirma que, para atingir emissões zero até 2030, será preciso triplicar a capacidade da energia. Isso significa instalar milhares de turbinas em menos de cinco anos, muitas próximas às existentes. As turbinas também estão maiores, com pás que ultraam 100 metros. Esse aumento pode amplificar o efeito esteira, pois um diâmetro de rotor maior pode criar uma esteira mais longa.

Os impactos negativos na energia eólica

O fenômeno pode ter consequências negativas para construtores de parques e causar problemas entre fronteiras. Diversas disputas sobre o suposto roubo de vento já estão em andamento. Isso preocupa países que dependem do aumento da produção de energia eólica offshore. O relatório governamental britânico de 2025 destaca a necessidade de compreender melhor os efeitos esteira, descritos como uma questão emergente.

No Reino Unido, existem disputas sobre possíveis efeitos esteira, parcialmente causadas por incertezas sobre o impacto preciso. As orientações atuais sobre espaçamento podem não refletir a extensão real das esteiras. Com múltiplos parques, determinar as interações se torna complexo. Finserås alerta que os imensos custos de construção de parques exigem produção de eletricidade estável por 25 a 30 anos. Mesmo uma pequena redução na produção pode inviabilizar financeiramente um parque. Tentar garantir os melhores pontos pode levar à “corrida pela água”, acelerando o desenvolvimento e ignorando a proteção ambiental.

Pesquisa, regulação e cooperação para o futuro

Um novo projeto de pesquisa no Reino Unido visa fornecer um quadro mais claro do efeito esteira. A intenção é ajudar governos e construtores a melhorar o planejamento e evitar disputas, modelando o impacto em 2030. Finserås, em seu estudo, analisou como um parque planejado na Noruega poderia prejudicar outro na Dinamarca. Ele adverte que, se não abordado, o problema pode resultar em conflitos legais e políticos, dificultando investimentos em energia eólica.

O advogado sugere que os países europeus cooperem e se consultem no planejamento dos parques de energia eólica. É preciso criar regulamentações claras para gerenciar o vento como recurso compartilhado, similar a depósitos de petróleo ou peixes transfronteiriços. Boas relações políticas entre os países são úteis para enfrentar essas questões.

A urgência em solucionar o desafio na energia eólica

A descarbonização dos setores energéticos precisa ser rápida. Essa é a ambição da União Europeia para as políticas de energia. Encontrar boas soluções é crucial, mesmo com a rapidez do processo. Finserås relembra que brigar pelo vento não interessa a ninguém e que há um incentivo para soluções equitativas. O problema não é exclusivo da Europa; a China também expande rapidamente seus parques de energia eólica offshore e enfrenta impactos crescentes do efeito esteira. O grande interesse no projeto de Ouro demonstra a urgência da questão. “Precisamos compreender isso… para que todos tenham confiança, pois precisamos desta quantidade de vento offshore para atingir a emissão zero. Temos que concretizar isso”, conclui o pesquisador.

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Carla Teles

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