Empresa dos EUA testa tecnologia de perfuração por ondas milimétricas capaz de alcançar rochas superaquecidas a até 20 km de profundidade.
A indústria de petróleo e gás, hoje uma das maiores fornecedoras globais de energia, pode ser a base para um novo avanço. Uma empresa norte-americana busca transformar essa infraestrutura já existente em uma fonte de energia limpa e abundante, explorando o potencial da energia geotérmica superaquecida.
Objetivo de revolucionar o setor de energia
Fundada em 2018, a Quaise Energy tem como principal missão revolucionar o setor energético.
O caminho escolhido é o aproveitamento da energia geotérmica superprofunda, uma fonte praticamente intocada até agora devido aos desafios tecnológicos.
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Para atingir essas profundezas extremas, a empresa está desenvolvendo uma inovadora tecnologia de perfuração baseada em ondas milimétricas.
Essa técnica permite chegar a profundidades muito além dos limites da perfuração convencional, onde as altas temperaturas podem gerar energia limpa e abundante, ível em escala global.
Demonstração prática da tecnologia em Houston
Recentemente, a tecnologia de perfuração por ondas milimétricas foi demonstrada com sucesso em uma plataforma de petróleo e gás de grande porte em Houston, Texas.
Segundo a empresa, trata-se da primeira sonda de perfuração híbrida, capaz de combinar métodos convencionais e de ondas milimétricas.
“Esta é a primeira sonda de perfuração híbrida, combinando capacidades convencionais e de ondas milimétricas“, declarou a empresa. O avanço representa um o importante rumo à produção de energia geotérmica superaquecida.
Infraestrutura de petróleo e gás pode acelerar o processo
A Quaise Energy destaca que a atual indústria de petróleo e gás perfura cerca de 70.000 poços por ano no mundo, utilizando quase 2.000 sondas.
Toda essa estrutura e conhecimento operacional seriam fundamentais para viabilizar a expansão da energia geotérmica.
“Usando esses recursos para perfurar poços geotérmicos superaquecidos, podemos gerar energia de base abundante em tempo recorde. Não há outra solução energética capaz de atingir a mesma escala e velocidade“, afirmou a empresa.
Profundidades superiores ao poço mais profundo do mundo
Os planos da Quaise Energy envolvem perfurações que podem alcançar profundidades entre 3 e 20 quilômetros. Esse patamar supera até mesmo o poço de Kola, na Rússia, que atinge 12,2 quilômetros de profundidade.
Em tais profundidades, é possível encontrar a chamada “rocha superaquecida”, onde as temperaturas ultraam 375°C.
Esse calor intenso pode ser convertido em energia geotérmica em larga escala, colaborando com a meta do Departamento de Energia dos EUA de multiplicar por 20 a produção desse tipo de energia nos próximos anos.
Atualmente, a energia geotérmica representa menos de 1% da eletricidade total gerada nos Estados Unidos.
O maior desafio para o crescimento dessa fonte está justamente na limitação das tecnologias convencionais de perfuração, que não conseguem alcançar essas zonas profundas e superaquecidas. A perfuração por ondas milimétricas surge como solução para esse entrave.
Como funciona a perfuração por ondas milimétricas
O método desenvolvido pela Quaise utiliza um dispositivo chamado girotron. Esse equipamento emite ondas milimétricas de alta frequência e potência, que conseguem vaporizar rochas, funcionando como um “micro-ondas turbinado” capaz de perfurar o subsolo com precisão.
Atualmente, a Quaise Energy, em parceria com a Nabors Industries, conduz testes detalhados para integrar a nova tecnologia às plataformas já existentes de petróleo e gás.
“Pegamos uma sonda de perfuração em escala real e integramos nosso sistema de perfuração de ondas milimétricas. Chamamos isso de sonda híbrida, capaz de realizar perfurações convencionais e de ondas milimétricas para liberar energia geotérmica em grandes profundidades em todo o mundo“, explicou Andres Calabressi, chefe de fabricação da Quaise.
Em uma demonstração recente, relatada pelo New Atlas, a empresa conseguiu derreter um buraco em uma combinação de granito e rocha basáltica.
O teste foi realizado utilizando um girotron de 100 kW, alimentado com 50.000 volts de corrente contínua, acoplado a um equipamento Nabors F.
Durante o procedimento, a perfuratriz operou com potência de aproximadamente 48 kW, queimando a rocha a uma taxa de 2 centímetros por minuto.
Segundo a empresa, o sucesso do teste reforça o potencial da tecnologia para tornar a energia geotérmica superaquecida uma realidade global.
Com os testes ainda em andamento, a expectativa da Quaise Energy é dar início à mobilização de recursos e à preparação de seu primeiro projeto geotérmico comercial nos próximos anos.
“Após a conclusão desses testes, começaremos a mobilizar tudo e nos preparar para nosso primeiro projeto geotérmico comercial nos próximos anos“, concluiu Calabressi.