Com queda nos preços e financiamento facilitado, sistemas solares podem ser pagos com a própria economia gerada, oferecendo retorno anual que chega a 46%
O preço dos painéis solares caiu 60% entre 2022 e 2025 no Brasil. Com essa redução, a energia solar se tornou ível para milhões de famílias. A tecnologia já abastece mais de 4,6 milhões de imóveis no país, incluindo casas, comércios, indústrias, áreas rurais e prédios públicos.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), essa expansão é reflexo direto da queda no custo para o consumidor final. A plataforma Meu Financiamento Solar aponta que a queda nos preços fez com que o retorno do investimento seja um dos melhores do mercado.
Economia e retorno rápido
O tempo médio para recuperar o valor investido em um sistema de energia solar é de aproximadamente três anos. Esse cálculo considera o valor pago mensalmente na conta de luz e a economia proporcionada pelas placas solares. Dependendo da região e do tamanho do sistema, o retorno pode variar entre 35% e 45% ao ano.
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Por exemplo, em uma residência no Sudeste com consumo médio de 347 kWh por mês, um sistema de 3,3 kWp é suficiente para suprir essa demanda. No Nordeste, onde há maior incidência solar, o sistema pode ser ainda menor para atender a mesma necessidade.
Simulações mostram vantagens
O levantamento do Meu Financiamento Solar incluiu simulações com diferentes tamanhos de sistemas. Um sistema residencial de 5 kWp, com preço médio de R$ 12.906, gera uma economia de R$ 400 por mês, o que representa R$ 4.800 por ano. Isso dá uma taxa de retorno anual de 37%.
Já sistemas maiores, como um residencial de 12,2 kWp, chegam a economizar R$ 1.000 por mês, com retorno anual de 46%. Em ambientes comerciais, os ganhos são ainda mais expressivos.
Um sistema de 50,5 kWp custa em média R$ 122.900 e gera economia de R$ 4.000 mensais, ou R$ 48.000 por ano, com retorno de 39%.
Financiamento facilita o o
A mesma plataforma mostra que é possível financiar a compra desses sistemas com parcelas menores ou iguais ao valor economizado na conta de luz.
Em um exemplo residencial, o sistema de 5 kWp custa R$ 12.906. Com financiamento em 84 parcelas, a mensalidade fica em R$ 388, enquanto a economia mensal é de R$ 400.
Mesmo em sistemas maiores, como o de 10 kWp, a parcela de R$ 661 em 84 vezes ainda é compensada pela economia de R$ 800 mensais. Em sistemas comerciais, as vantagens seguem o mesmo padrão, com economia superior ao valor das parcelas.
Investimentos impulsionam fusões
Em 2024, o setor solar brasileiro registrou um aumento de 76% nas fusões e aquisições. Foram 51 operações no ano, envolvendo tanto grandes usinas quanto projetos de menor porte. O total negociado em capacidade chegou a 3,6 gigawatts-pico (GWp).
Segundo a consultoria Greener, 35 dessas operações envolveram usinas de energia solar que mudaram de dono. Esse número é quase três vezes maior que as 12 registradas no ano anterior.
A Brasol liderou as aquisições nas chamadas usinas de Geração Distribuída, enquanto a Atlas Renewable Energy comprou 11 usinas da Shell no modelo de Geração Centralizada, somando 600 MWp.
Dois modelos, um mesmo destino
A energia solar no Brasil é dividida entre Geração Distribuída (GD) e Geração Centralizada (GC). A GD inclui pequenos sistemas, como os residenciais e comerciais, com até 3 MW. Já a GC abrange usinas maiores, que participam de leilões de energia ou operam no Mercado Livre.
Atualmente, dois terços da produção solar no Brasil vêm da GD. Nesse modelo, o consumidor produz sua própria energia e utiliza créditos quando gera mais do que consome. Já na GC, a energia é vendida diretamente às distribuidoras ou a grandes consumidores.
Tecnologia espalhada por todo o país
Hoje, o Brasil conta com cerca de 35 GW de potência instalada em telhados e pequenos terrenos. Os investimentos acumulados no setor somam R$ 164,1 bilhões. A tecnologia está presente em todos os estados e em 5.563 municípios.
O avanço é impulsionado pela combinação entre queda de preços, facilidades de financiamento e aumento da conscientização sobre os benefícios da energia limpa. Isso transforma o panorama da matriz energética nacional.
Caminho para o futuro
Segundo Mateus Pinheiro, analista da Greener, o futuro da energia solar no Brasil será cada vez mais descentralizado. Ele acredita que a tendência é de crescimento no número de “prosumidores”, que produzem e consomem sua própria energia.
A próxima etapa, segundo ele, será o armazenamento. Com o uso de baterias, os consumidores poderão guardar o excedente de energia gerado durante o dia para uso à noite. Isso dará ainda mais independência às famílias.
Pinheiro também aponta que a chegada dos carros elétricos pode acelerar a adoção da energia solar residencial. “O consumidor residencial, ao se conscientizar sobre a transição energética, descarbonização e como funcionam as tarifas, buscará se proteger das bandeiras tarifárias, o que deve impulsionar a GD”, disse.
Atualmente, cerca de 22% de toda a energia gerada no Brasil já vem da matriz solar. Com a queda de preços, avanços tecnológicos e maior participação dos consumidores, o país caminha para uma transformação energética baseada em fontes limpas e descentralizadas.
Com informações de Istoé Dinheiro.