Empresa foca no setor de saneamento e ajusta estrutura financeira com venda de ativos renováveis
A Equatorial Energia iniciou um processo de reestruturação de seu portfólio, colocando à venda a Concessionária de Saneamento do Amapá (CSA) e dois complexos eólicos da Echoenergia. A operação, conduzida pelo Bradesco BBI, visa concentrar investimentos em ativos mais rentáveis e estratégicos, além de reduzir os débitos da companhia, que alcançou R$ 44,1 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
Venda da CSA reflete mudança de foco estratégico
A CSA, adquirida em 2021, marcou a entrada da Equatorial no saneamento, com concessão de 35 anos e outorga de R$ 930 milhões. Apesar da promessa de investir R$ 880 milhões, a operação enfrentou baixa adesão da população e custos elevados para ampliar o o. Em 2024, registrou prejuízo de R$ 201,9 milhões, seguido por mais R$ 58,9 milhões no primeiro trimestre de 2025. Após adquirir 15% da Sabesp em 2024, a Equatorial ou a vê-la como sua principal plataforma no setor. Assim, a CSA tornou-se um ativo secundário e de menor prioridade.
Desinvestimento em parques eólicos da Echoenergia
Além da CSA, a Equatorial também colocou à venda dois de seus principais parques eólicos da Echoenergia: Ventos de São Clemente, em Pernambuco, e Ventos de Tianguá, no Ceará. A Echoenergia foi adquirida pela Equatorial em 2021 por R$ 7 bilhões, com o objetivo de ampliar sua atuação no segmento de geração renovável. No entanto, o setor de energia renovável enfrenta atualmente desafios, como o aumento do “curtailment” prática do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que impõe cortes na geração de energia para evitar sobrecargas no sistema. Isso vem desvalorizando ativos e aumentando a percepção de risco. A venda desses parques ocorre em um momento delicado para o setor, com cortes na geração que afetam a rentabilidade dos ativos o que pode influenciar diretamente o valor das ofertas. Ainda assim, os parques eólicos no Nordeste representam oportunidades para investidores do setor, embora o contexto atual exija cautela.
-
Spotify atinge recorde histórico de R$ 1,6 bilhão em royalties para artistas brasileiros em 2024
-
IBM demite 8 mil funcionários para adotar inteligência artificial, mas é forçada a recontratar devido ao inesperado crescimento da demanda
-
Notícias de incêndios estruturais aumentam 6% no primeiro trimestre
-
Abril é o mês com maior volume de ageiros afetados por cancelamentos de voos no ano, revela levantamento da AirHelp
Estratégia de redução
A Equatorial acumulou uma dívida líquida de R$ 44,1 bilhões no primeiro trimestre de 2025, com alavancagem de 3,2 vezes um nível elevado, mesmo para o porte da companhia. A empresa aumentou seu endividamento nos últimos anos para bancar aquisições como as distribuidoras estaduais, a Echoenergia e a fatia na Sabesp. Como o mercado de capitais segue com janelas de captação fechadas, a saída tem sido vender ativos maduros e buscar capital via desinvestimentos. Esse processo já está em andamento. Em julho de 2024, a companhia vendeu uma subsidiária de transmissão por R$ 1,2 bilhão. Em maio de 2025, anunciou a venda de toda a sua unidade de transmissão para a Verene Energia (controlada pela canadense CDPQ) por cerca de R$ 9,4 bilhões.
Reposicionamento estratégico e foco em ativos rentáveis
A Equatorial decidiu vender a CSA e os parques eólicos da Echoenergia para focar em ativos com maior escala e rentabilidade. A entrada na Sabesp reforça essa estratégia, mirando operações com mais potencial de lucro. Diante dos desafios no setor de energia renovável, como cortes do ONS, retração do mercado de capitais e alta alavancagem, a empresa busca capitalizar-se via desinvestimentos e possível aumento de capital.
Perspectivas futuras
A movimentação da Equatorial, portanto, evidencia uma forte tendência de consolidação e seletividade nos investimentos em infraestrutura no Brasil. Além disso, a empresa declara que permanece, em todas as situações, atenta às oportunidades nas áreas onde atua. No entanto, ela evita comentar negociações que ainda estejam em andamento. Por conseguinte, a venda da CSA e dos parques eólicos da Echoenergia marca um o relevante na reestruturação do portfólio. Com isso, a companhia busca concentrar-se em ativos mais estratégicos e, sobretudo, mais rentáveis.