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Escassez de mão de obra chega na cidade conhecida como a capital do jeans

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/04/2025 às 14:34
Urupês lidera a produção de jeans no Brasil, mas a falta de trabalhadores ameaça seu crescimento. O futuro da “Capital do Jeans” está em risco.
Urupês lidera a produção de jeans no Brasil, mas a falta de trabalhadores ameaça seu crescimento. O futuro da “Capital do Jeans” está em risco.

Em meio ao avanço da indústria do jeans, uma pequena cidade paulista enfrenta um problema que pode frear seu crescimento. Mesmo com fábricas a todo vapor, a ausência de profissionais qualificados acende um alerta na economia regional.

Com mais de 70 fábricas em funcionamento e uma produção que ultraa um milhão de peças por mês durante a alta temporada, Urupês, no interior de São Paulo, vive um paradoxo: enquanto se destaca nacionalmente como um polo da indústria do jeans, enfrenta uma crescente escassez de mão de obra qualificada.

A cidade, conhecida como a “Capital do Jeans”, sente os efeitos da falta de profissionais capacitados para suprir a demanda de um dos setores que mais movimentam sua economia.

Apesar da prosperidade da indústria têxtil, os empresários locais alertam para um gargalo que pode comprometer o ritmo de crescimento do município nos próximos anos.

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Urupês: polo têxtil em expansão no interior paulista

Localizada a aproximadamente 420 quilômetros da capital paulista, Urupês tem pouco mais de 15 mil habitantes e uma área territorial de 324 km².

O que chama atenção, no entanto, é sua impressionante densidade industrial voltada para a confecção de roupas em jeans.

Segundo dados da prefeitura e do setor empresarial, são mais de 70 fábricas em operação, responsáveis por empregar diretamente cerca de 3 mil pessoas — o que representa 60% dos empregos formais da cidade.

A indústria do jeans em Urupês não apenas sustenta a economia local, mas também gera reflexos positivos em municípios vizinhos, como Irapuã, Sales e Ibirá, que fornecem mão de obra complementar e absorvem parte da movimentação econômica regional.

Esse dinamismo transformou a cidade em um verdadeiro símbolo de resistência e inovação no setor têxtil brasileiro, mesmo em um cenário de desafios crescentes impostos pelo mercado global e pelas mudanças nas relações de trabalho.

Falta de qualificação ameaça crescimento da indústria

Apesar do crescimento acelerado, a escassez de mão de obra qualificada tornou-se um dos principais entraves enfrentados pelos empreendedores locais, conforme publicou o jornal Diário do Litoral.

A dificuldade em encontrar profissionais prontos para atuar nas diferentes etapas da produção — da modelagem ao acabamento — tem gerado preocupação.

De acordo com empresários da cidade, há vagas abertas o ano inteiro, mas faltam pessoas com o preparo técnico necessário e, em muitos casos, até mesmo o interesse da população local.

A ausência de cursos profissionalizantes, aliada à migração de jovens para centros urbanos maiores em busca de oportunidades diferentes, agrava ainda mais o cenário.

“Estamos crescendo, temos estrutura, maquinário e mercado. O que falta são pessoas dispostas e capacitadas para trabalhar”, desabafa um empresário do setor, que prefere não se identificar.

Segundo ele, muitos trabalhadores acabam sendo treinados internamente pelas próprias empresas, o que exige tempo e investimento que nem sempre é viável a longo prazo.

Iniciativas locais tentam preencher a lacuna

Na tentativa de contornar o problema, algumas fábricas estão investindo em programas de treinamento interno e firmando parcerias com instituições de ensino técnico.

O objetivo é formar uma nova geração de profissionais com habilidades específicas para o setor têxtil, que é altamente especializado e exige atenção a detalhes, agilidade e conhecimento técnico.

Entidades como o SENAI e o SEBRAE já foram procuradas por empresários da cidade para desenvolver cursos personalizados, voltados para as necessidades locais.

No entanto, os projetos ainda enfrentam barreiras logísticas e dependem de apoio governamental para se tornarem viáveis em larga escala.

Especialistas alertam que políticas públicas de incentivo à capacitação profissional são essenciais para garantir que cidades como Urupês não percam sua força produtiva.

Com a rápida transformação tecnológica e a concorrência global, a qualificação da mão de obra é um diferencial competitivo cada vez mais necessário.

Agricultura e turismo também movimentam a cidade

Embora o jeans seja o carro-chefe da economia de Urupês, a cidade não vive apenas da indústria têxtil.

A agricultura, especialmente o cultivo de limão-taiti — que, tecnicamente, trata-se de uma variedade de lima ácida — também tem grande peso econômico.

Segundo dados da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, em 2021 o município registrou cerca de 350 propriedades rurais dedicadas ao cultivo da fruta, com uma produção que ultraa 89 mil toneladas ao ano, espalhadas por 3,5 mil hectares de área plantada.

Essa atividade não apenas gera empregos como também abastece mercados internos e externos.

O turismo é outro setor em crescimento, com destaque para o Parque Municipal Mário Covas, conhecido como Parque dos Lagos.

O espaço oferece infraestrutura de lazer com lagos artificiais, pista de caminhada, quadras esportivas, playground e academia ao ar livre.

Além disso, a cidade conserva tradições religiosas, como a devoção ao padroeiro São Lourenço, cuja relíquia atrai fiéis e visitantes.

O futuro da Capital do Jeans depende de investimento em pessoas

Mesmo com todos os méritos conquistados, Urupês precisa olhar com atenção para os desafios que acompanham o crescimento.

A falta de mão de obra qualificada é um problema real, que pode colocar em risco o protagonismo da cidade no setor têxtil caso não sejam tomadas medidas concretas.

Investir em capacitação, criar políticas públicas de incentivo à permanência dos jovens no município e promover parcerias com instituições de ensino são estratégias que podem garantir a sustentabilidade da economia local.

Sem essas ações, o risco é que o sucesso da Capital do Jeans se torne um obstáculo ao próprio desenvolvimento.

A experiência de Urupês revela uma realidade vivida por muitas cidades brasileiras que apostam na industrialização como motor de crescimento: sem gente preparada para transformar matéria-prima em produto, o progresso estagna.

E você, acha que as escolas e o governo deveriam se envolver mais para preparar os jovens para o mercado de trabalho local? Comente e compartilhe sua opinião!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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