Quem poderia imaginar que o Brasil, um país historicamente marcado por altas taxas de desemprego, enfrentaria uma realidade onde a falta de trabalhadores qualificados se tornaria um dos maiores desafios para o mercado?
O cenário que se desenhou no último Mutirão do Emprego, realizado no coração de São Paulo, surpreendeu até os mais experientes analistas do mercado. O que deveria ser um evento para ajudar a preencher milhares de vagas de trabalho, acabou por revelar um problema que, até pouco tempo, parecia inimaginável: o “mutirão do pleno emprego”, onde as vagas sobram, mas faltam candidatos.
Segundo a jornalista Márcia de Chiara, do Estadão, o Mutirão Nacional do Emprego, realizado no Vale do Anhangabaú na semana ada, foi uma clara demonstração de que o mercado de trabalho brasileiro a por uma transformação significativa.
Tradicionalmente, o evento atraiu multidões de desempregados, mas este ano a realidade foi bem diferente. Os gradis, que antes organizavam filas quilométricas, ficaram abandonados, e as calçadas vazias ilustravam a mudança drástica no panorama do emprego no país.
-
Com quase novecentas indústrias ativas, cidade se torna o maior polo industrial deste estado brasileiro
-
Obras de novo shopping tem data para começar e gerar 4 mil vagas de trabalho nesta cidade
-
Petrobras baixa preço dos combustíveis, mas tem um problema: redução não chega no consumidor e governo vê indícios de fraudes
-
Trem ultra-rápido ligará duas importantes capitais
A principal evidência dessa mudança foi a quantidade de candidatos que compareceram ao evento. De acordo com os dados fornecidos pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo, apenas 3,58 mil pessoas participaram do mutirão deste ano, menos da metade dos 7,4 mil registrados na primeira edição de 2018.
Em contrapartida, o número de vagas oferecidas bateu recorde, com 25.046 posições abertas, das quais apenas 200 foram preenchidas, representando menos de 1% do total.
O que está por trás dessa discrepância? A resposta parece residir na combinação de um desemprego historicamente baixo e a escassez de mão de obra qualificada, que já atinge quase metade das profissões que mais empregam no Brasil.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego caiu para 6,9% no trimestre encerrado em junho, o menor índice em dez anos.
Esse dado, que à primeira vista pode parecer positivo, esconde um problema estrutural: a dificuldade crescente das empresas em encontrar profissionais qualificados para preencher as vagas disponíveis.
Profissões mais afetadas pela falta de trabalhadores qualificados
A escassez de mão de obra qualificada já afeta 40% das profissões que mais empregam no Brasil, segundo um estudo realizado pela Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pedido do Estadão.
O levantamento, conduzido pelo economista Fabio Bentes, identificou que, em junho de 2024, 92 das 231 profissões analisadas apresentavam indícios claros de escassez. Esse grupo de profissões é responsável por 80% da ocupação formal no país, o que amplifica o impacto da falta de trabalhadores qualificados.
Os setores mais afetados incluem serviços e construção civil, onde o aumento dos salários acima da média nominal do mercado (5,8% entre junho de 2023 e junho de 2024) não foi suficiente para atrair candidatos em número suficiente.
Conforme Bentes, estamos no ponto mais alto de indício de escassez no mercado de trabalho, comparável apenas ao período pós-pandemia em 2021, quando a reposição de trabalhadores foi necessária para retomar a atividade econômica.
Setores em alerta: o impacto da escassez de mão de obra
Outros estudos corroboram esses achados. Segundo uma pesquisa do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, até junho deste ano, seis dos dez setores da economia analisados enfrentavam alta demanda por trabalhadores há mais de seis meses.
Isso inclui indústrias, comércio, transporte, tecnologia, finanças e istração pública, setores onde tanto os salários quanto o número de ocupados têm crescido acima da média histórica. A situação é ainda mais crítica em segmentos como alimentação e alojamento, onde os salários aumentam, mas o número de contratações não acompanha essa tendência.
De acordo com Rafael Cardoso, economista-chefe do Daycoval, esse cenário revela uma escassez severa de trabalhadores, especialmente em setores que tiveram uma recuperação acelerada após a pandemia.
A sondagem realizada pelo Banco aponta que 36,6% das empresas de alojamento, restaurante e alimentação em julho de 2024 indicaram a falta de mão de obra qualificada como um obstáculo significativo ao crescimento das atividades.
Empresas em busca de trabalhadores: um mercado de trabalho desafiador
Essa realidade tem forçado as empresas a reavaliarem suas estratégias de contratação. Conforme apontado por Fabiana Amorim, analista de treinamento de uma grande rede varejista, a dificuldade de encontrar candidatos qualificados se tornou um desafio diário.
No último mutirão, a empresa ofereceu 300 vagas, mas conseguiu preencher apenas 15 até a quarta-feira do evento, após entrevistar 18 candidatos. “Esperava chegar na quarta-feira com 100 contratações”, disse Amorim ao jornal citado, destacando a frustração em encontrar profissionais adequados.
O cenário também trouxe mudanças no perfil dos candidatos que ainda buscam emprego. Durante o mutirão, a reportagem do Estadão afirma ter encontrado pessoas com perfis diversificados, como aposentados, jovens em busca de um segundo emprego e até aqueles que deixaram seus cargos recentemente, acreditando em melhores oportunidades.
Casos como o de Emily de Melo, de 20 anos, que deixou um emprego de operadora de marketing em home office devido ao horário desfavorável, ilustram essa mudança. “Pedi demissão para procurar uma vaga melhor, ajudar em casa, mas com horário mais flexível”, explicou Emily.
Por fim, assim como vem publicando o G, a escassez de mão de obra qualificada na construção civil se mostrou como o principal problema para as empresas desse setor. Segundo a sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV), mais de um quarto das empresas do setor (26,7%) identificaram a falta de trabalhadores como um obstáculo, o maior patamar registrado para os meses de julho desde 2014.
Na sua visão, quais os principais fatores para essa falta de mão de obra qualificada? Deixe a resposta nos comentários e participe da discussão.
Não é escases de mão de obra é baixos salários que tem afastado os profissionais das ofertas e falta de cursos para aprimorar a todos
O principal problema com relação a mão de obra na área de construção civil é que as empresas não pagam um salário justo. Isso tem por trás uma problemática que os donos de prédios decidem o valor e simplesmente quem queira construir tem que se. Adaptar desse jeito não há possibilidade de aumentar salários nem fazer ajustes por causa da inflação.
Otro ponto e que os sindicatos de trabalhadores da área civil não estão fazendo o suficiente um exemplo e que os funcionários nem água recebem da parte das construtoras os banheiros são uma **** etc etc. Quem e que quer trabalhar Asim??
Além disso as construtoras oferecem salários que dão vergonha.
Existe diferença na mesma cidade de valores como por exemplo a construtora A paga 30 reais por M2 e outra paga 45. Quem pode explicar isso??
Se não fazem alguma mudança significativa o setor vai começar a ter sérios problemas de maio de obra.
Já trabalhei em vários ramos de atividades industrial,tenho 8 qualificação do Senai sou formado em Engenharia de produção
Atualmente trabalho em uma multinacional Brasalpla lá fui concorrer a uma vaga de inspetor de Qualidade mais não fui aprovado quem ficou com a vaga foi uma moça sem experiência nenhuma e ela fazia enfermagem as empresas no Brasil viraram prefeituras onde os cargos de empregos são ocupados por amigos parentes ou por afinidade e eu continuo trabalhando como auxiliar de produção 😞😞😞