1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / A crise para a qual o mundo não se preparou: Miguel Nicolelis alerta sobre a inteligência artificial, a era digital e o futuro das conexões humanas
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

A crise para a qual o mundo não se preparou: Miguel Nicolelis alerta sobre a inteligência artificial, a era digital e o futuro das conexões humanas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/05/2025 às 12:45
Miguel Nicolelis
Foto: Reprodução

Em entrevista ao Flow Podcast, neurocientista brasileiro criticou a dependência das tecnologias, alertou para os riscos da IA e disse que estamos trocando conexões reais por relações com máquinas

O neurocientista Miguel Nicolelis, reconhecido internacionalmente por suas contribuições pioneiras na interface cérebro-máquina, participou do Flow Podcast e falou sobre os impactos da era digital.

Com falas contundentes, o neurocientista abordou o futuro da humanidade diante da inteligência artificial, o colapso do dinheiro físico, e a perda das conexões humanas. A entrevista trouxe reflexões profundas sobre ciência, sociedade e tecnologia.

“Se a nuvem cair, todos nós seremos pobres”

Nicolelis fez uma crítica direta à forma como a sociedade se tornou dependente do digital. Cdeixamos para trás o papel, o dinheiro em espécie e até o cartão de crédito. Hoje, tudo está na nuvem, e isso nos torna vulneráveis.

Dia
ATÉ 90% OFF
💘 Dia dos Namorados Shopee: até 20% OFF com o cupom D4T3PFT! Só até 11/06!
Ícone de Episódios Comprar

Se acabar o mundo digital de um dia para o outro, e pode acontecer, todos nós seremos igualmente pobres“, disse.

Ele reforça que até grandes nomes como Bill Gates estariam na mesma situação que qualquer pessoa comum: sem o ao próprio dinheiro.

Na China, comentou, nem o cartão de crédito é mais usado. “Até o mendigo tem QR Code. Você para no farol e dá dinheiro pra ele pela janela do carro, pelo celular.

“Tudo está virando commodity virtual”

Para Nicolelis, vivemos um momento em que tudo que era tangível está desaparecendo. A vida, os sentimentos, os registros, tudo está sendo transformado em algo digital.

O que era real está virando uma commodity virtual“, afirmou. Ele citou a possibilidade de que, no futuro, as pessoas criem avatares de quem já morreu, reproduzindo sua voz, imagem e personalidade.

Para ele, isso representa mais do que avanço tecnológico — é um alerta sobre a perda da realidade física e afetiva.

“Estamos delegando tudo à inteligência artificial”

Miguel foi categórico ao apontar um problema crescente: a entrega da realidade à IA. Ele afirmou que a inteligência artificial pode tomar decisões sem que o ser humano entenda como isso ocorre.

Esses programas alucinam em uma porcentagem alta. Ninguém sabe como funciona. Não é possível retraçar como essa decisão foi tomada“, alertou.

Segundo ele, um cientista computacional que acompanha há anos fez uma observação que o marcou: “O sucesso não é do ChatGPT. É do ser humano que projetou nessa ferramenta todas as suas neuroses, a solidão, o sentimento de inferioridade.

“Virou uma muleta emocional e cognitiva”

A reflexão é dura. Nicolelis apontou que as pessoas deixaram de se apoiar em amigos, familiares ou conexões reais para buscar conforto em uma IA.

Você está no seu quarto, na frente de um terminal, e faz 50 anos que não vê seu melhor amigo. A IA virou uma muleta emocional“, disse.

Ele acredita que a IA não está apenas respondendo dúvidas, mas ocupando um espaço antes reservado às relações humanas. Para Nicolelis, isso é sintoma de um vazio profundo do mundo moderno.

“A arte, o humanismo e a dúvida do futuro”

Nicolelis também fez uma comparação histórica entre o choque causado pela Primeira Guerra Mundial e os tempos atuais. Naquela época, filósofos, cientistas e artistas ficaram em choque com a destruição em massa.

A gente estava celebrando a Belle Époque e, de repente, o mundo mergulhou na barbárie“, lembrou. Hoje, segundo ele, vivemos algo semelhante, só que no campo das emoções e da criação.

Ele citou Van Gogh como exemplo: “Você pode pegar todas as pinturas dele e gerar uma igual. Mas quem vai ser o próximo Van Gogh? Ninguém. Porque estamos matando o estímulo criativo.

“Conexões humanas podem desaparecer”

Nicolelis encerrou com um alerta sobre as relações humanas. Para ele, o que hoje ainda é uma escolha — falar com pessoas ou com máquinas — pode um dia deixar de ser uma opção.

A conexão com pai, mãe, filhos, amores… um dia pode desaparecer. Pode ser completamente eliminada da nossa convivência cotidiana.

Em meio a elogios à tecnologia, Nicolelis pediu cautela. O avanço digital, segundo ele, precisa ser equilibrado com o que nos torna humanos.

YouTube Video

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

Compartilhar em aplicativos