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Especialistas afirmam que a Ucrânia não possui os elementos de terras raras que Donald Trump tanto deseja

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/03/2025 às 21:50
terras raras, Donald Trump, Ucrânia
Foto: Grok

Especialistas afirmaram recentemente que a Ucrânia não dispõe das reservas significativas de terras raras especuladas por Donald Trump e Elon Musk. A declaração coloca em xeque teorias sobre supostos interesses estratégicos americanos no território ucraniano.

A recente de um acordo preliminar entre a Ucrânia e os Estados Unidos de Donald Trump, visando à exploração de minerais estratégicos, animou setores ligados à mobilidade elétrica e à energia limpa. No entanto, apesar do otimismo inicial, especialistas alertam que obstáculos técnicos, econômicos e geopolíticos limitam a viabilidade prática desse compromisso envolvendo terras raras.

Terras raras ucranianas que Donald Trump tanto quer

O acordo menciona especificamente as chamadas terras raras, essenciais para diversas tecnologias modernas.

Esses minerais são usados na fabricação de motores elétricos, eletrônicos de consumo, equipamentos militares e sistemas de navegação. Mais recentemente, ganharam importância nos data centers que impulsionam a Inteligência Artificial (IA).

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Vale lembrar que a demanda por terras raras disparou após Donald Trump anunciar um ambicioso estímulo econômico para o setor de IA.

O plano prevê grande volume desses minerais essenciais. Trump chegou a sugerir que o acordo Ucrânia-EUA poderia gerar até US$ 500 bilhões em lucros futuros.

No entanto, especialistas questionam a viabilidade prática dessas promessas. Javier Blas, analista da Bloomberg, afirmou recentemente que a Ucrânia não possui terras raras “comercialmente exploráveis“.

A declaração baseia-se em relatórios técnicos do Centro de Pesquisa Geológica ucraniano, que descrevem dificuldades geológicas como rochas fraturadas, riscos constantes de inundação e solos argilosos instáveis.

Além disso, a precisão dos dados geológicos disponíveis levanta dúvidas. Os mapas oficiais divulgados pelo governo de Volodymyr Zelensky ainda são os mesmos da era soviética, de acordo com estudo da consultoria S&P Insights.

Dessa forma, especialistas apontam a necessidade de atualizações rigorosas para confirmar se realmente existem reservas exploráveis de terras raras.

Infraestrutura e investimentos

Outro grande obstáculo apontado por especialistas diz respeito à infraestrutura energética da Ucrânia, severamente danificada pela guerra.

O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em Washington, destacou recentemente que a mineração global consome quase 15% de toda eletricidade disponível no mundo. Mas, atualmente, a Ucrânia opera com apenas um terço de sua capacidade energética pré-conflito.

Esse cenário gera preocupação, uma vez que iniciar uma mina do zero pode levar até duas décadas segundo padrões internacionais. Arnoldus Van den Hurk, da consultoria especializada 4mining, esclarece que a Ucrânia hoje possui apenas “recursos inferidos” e não reservas comprovadas. Isso limita sua atratividade imediata para investidores internacionais.

Geopolítica das terras raras

O acordo, porém, tem relevância que vai além do aspecto puramente econômico. Para os Estados Unidos, trata-se de diversificar suas cadeias de suprimentos estratégicas, reduzindo a dependência da China. Hoje, a China domina aproximadamente 60% do mercado mundial desses minerais essenciais.

Entre os minerais estratégicos incluídos no acordo estão o gálio, crucial para semicondutores usados amplamente em tecnologias avançadas, e o háfnio, empregado principalmente na indústria militar.

Curiosamente, porém, o Serviço Geológico dos EUA não lista a Ucrânia como produtora conhecida de terras raras. O país possui sim reservas menores de lítio, cobalto e titânio, importantes em baterias e ligas metálicas leves.

No entanto, analistas alertam que esses volumes são bem menores comparados a outros players globais já estabelecidos no mercado, como Austrália e Brasil.

Implicações ambientais e oportunidades estratégicas

Outro aspecto do acordo envolve as questões ambientais ligadas à mineração. Os Estados Unidos e a União Europeia possuem regulamentações rigorosas no processamento desses minerais, muitas vezes limitando seu potencial de exploração.

Nesse cenário, a Ucrânia poderia oferecer uma janela de oportunidade estratégica, oferecendo condições regulatórias mais flexíveis devido à sua longa tradição em mineração e metalurgia.

No entanto, dúvidas permanecem sobre a capacidade técnica, financeira e ambiental da Ucrânia para competir globalmente em curto prazo.

A Europa, por sua vez, observa com cautela o acordo, preocupada com a possibilidade de desvio de investimentos originalmente destinados à sua própria transição verde.

Um futuro incerto, mas relevante

O acordo Kiev-Washington destaca um compromisso estratégico que mescla segurança nacional, transição energética e competição global.

Embora as terras raras ucranianas sejam alvo de ceticismo técnico bem fundamentado, o potencial em lítio e outros minerais essenciais permanece real.

O desafio para Ucrânia e Estados Unidos será, portanto, equilibrar ambições geopolíticas com limitações econômicas e sustentáveis do presente.

Um equilíbrio delicado, mas fundamental para garantir um lugar estratégico no futuro da mobilidade elétrica e das tecnologias avançadas, fundamentais para as próximas décadas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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