Projetado para missões de longo alcance, o submarino nuclear Kazan representa o que há de mais avançado em propulsão, autonomia e armamento. Com reator que pode durar até 30 anos sem abastecimento, ele marca um novo patamar na tecnologia naval russa.
Imagine uma embarcação capaz de navegar por 25 anos sem precisar reabastecer seu sistema de propulsão. Essa é a proposta do Kazan, o novo submarino nuclear da Rússia, recém-incorporado à frota da Marinha do país. Equipado com um reator de quarta geração, o modelo é o primeiro do projeto modernizado Yasen-M e promete operar com autonomia inédita na história naval.
Segundo o Ministério da Defesa russo, o núcleo do reator não precisa de reabastecimento por até 30 anos, o que reduz os custos operacionais e a necessidade de manutenção em portos. Em termos práticos, isso significa que o submarino pode ar décadas em serviço contínuo, com paradas apenas para suprimentos e reparos menores.
Esse tipo de inovação posiciona o Kazan como uma embarcação estratégica para missões prolongadas e sigilosas, especialmente em tempos de crescentes tensões geopolíticas globais.
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Inauguração oficial: cerimônia e simbolismo militar
O lançamento oficial do Kazan ocorreu no estaleiro da empresa Sevmash, localizado na cidade de Severodvinsk, no norte da Rússia. A cerimônia contou com a presença de altos oficiais da Marinha, incluindo o comandante da frota russa, Almirante Nikolai Yevmenov, que entregou ao capitão Aleksander Beketov a tradicional bandeira de Santo André, símbolo da Marinha Russa.
“Estou confiante de que a tripulação do submarino nuclear Kazan reforçará a capacidade de defesa da Rússia com dignidade e alta qualidade”, afirmou Yevmenov.
Além de sua função estratégica, o evento marca o avanço do programa naval russo e o início de uma nova geração de embarcações com capacidade de permanência prolongada em alto-mar.
Submarino nuclear Kazan: dados técnicos impressionantes
O Kazan é um submarino de ataque nuclear da classe Yasen-M, desenvolvido para operar em múltiplas frentes — desde patrulhamento em águas profundas até o lançamento de mísseis de cruzeiro e torpedos.
Confira as especificações mais relevantes:
- Deslocamento: 13.800 toneladas
- Velocidade máxima: 31 nós (cerca de 57 km/h)
- Profundidade de imersão: até 520 metros
- Tripulação: 64 homens
- Autonomia operacional: 100 dias sem emergir
- Sistema de propulsão: reator nuclear de quarta geração (sem reabastecimento por até 25 a 30 anos)
Além disso, o submarino que dispensa reabastecimento por até 25 anos é projetado com baixa emissão de ruído, fator essencial para garantir a furtividade durante operações militares e missões de vigilância.
Armamento de ponta: mísseis hipersônicos e torpedos
O Kazan não é apenas durável — é também letal. O submarino está equipado com um arsenal avançado, que inclui:
- Torpedos de 533 mm
- Mísseis de cruzeiro Kalibr
- Mísseis supersônicos Oniks
- Capacidade de integração com mísseis hipersônicos Tsirkon
Esses armamentos permitem que o submarino nuclear execute uma ampla variedade de missões — desde ataques em solo, destruição de navios de superfície, até defesa contra ameaças aéreas. O destaque vai para o Tsirkon, míssil hipersônico com capacidade de atingir velocidades acima de Mach 8 (oito vezes a velocidade do som), tornando-se virtualmente impossível de ser interceptado.
O que é um submarino nuclear e por que ele é tão estratégico?
Um submarino nuclear utiliza energia produzida por um reator atômico para alimentar seu sistema de propulsão. A grande vantagem sobre os submarinos convencionais (movidos a diesel-elétrico) é sua autonomia praticamente ilimitada, além de maior velocidade submersa e menor necessidade de emergir para oxigenação.
Essa capacidade permite que submarinos como o Kazan permaneçam invisíveis por longos períodos, operando em áreas estratégicas sem alertar adversários. Na prática, isso garante poder de dissuasão e vantagem tática em cenários de guerra ou conflitos geopolíticos.
Submarino que dispensa reabastecimento por até 25 anos: o avanço do reator de quarta geração
O coração do Kazan é o seu reator nuclear de quarta geração, desenvolvido com tecnologia que permite utilização contínua do mesmo núcleo por até três décadas. A inovação reduz drasticamente a necessidade de abertura do casco para substituição de combustível — um processo caro, complexo e arriscado.
Além disso, o novo reator apresenta níveis de ruído muito baixos, aumentando a capacidade furtiva da embarcação. Em guerra submarina, ser “invisível” aos sonares inimigos é uma das maiores vantagens que um submarino pode ter.
Comparativo com outras potências navais
O submarino Kazan coloca a Marinha Russa no mesmo patamar tecnológico das potências navais ocidentais. A título de comparação, os submarinos da classe Virginia, dos Estados Unidos, também possuem reatores com vida útil de 30 anos e capacidades semelhantes.
Contudo, o Kazan apresenta algumas particularidades que o destacam, como a integração com mísseis hipersônicos e sistemas eletrônicos embarcados de última geração.
Países como China, Reino Unido e França também desenvolvem submarinos nucleares de longo alcance, mas poucos chegam ao nível de autonomia e versatilidade do Kazan.
O papel dos submarinos nucleares no século XXI
O lançamento do Kazan reforça uma tendência crescente no século XXI: a volta da corrida armamentista submarina. Com o aumento das tensões entre blocos militares, os submarinos de ataque nuclear tornam-se ferramentas essenciais para controle marítimo, bloqueios navais e ações de retaliação silenciosa.
Além disso, são utilizados para:
- Monitoramento de cabos de comunicação submarinos
- Acompanhamento de frotas inimigas
- Lançamento de armas de precisão em conflitos localizados
A capacidade de navegar por 25 anos sem precisar abastecer torna essas embarcações ainda mais críticas em situações de guerra prolongada ou embargos internacionais.
A tecnologia para décadas — e para dissuadir ameaças
O submarino nuclear Kazan não é apenas uma maravilha da engenharia russa. Ele representa um novo capítulo na forma como as nações se preparam para proteger seus territórios em um mundo cada vez mais instável.
Seu reator que dispensa reabastecimento por até 25 anos, sua furtividade, sua autonomia e seu armamento avançado fazem dele uma peça-chave na defesa russa e uma ameaça silenciosa para qualquer possível adversário.
Em tempos de reconfiguração geopolítica e aumento de tensões internacionais, o Kazan não é só um submarino. É um símbolo de poder — e de dissuasão — embaixo d’água.