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Este ‘computador’, encontrado há 125 anos no mar, data de 200 a.C. e intriga a ciência há décadas — mas novo estudo traz uma revelação inesperada sobre o item histórico

Publicado em 02/06/2025 às 15:18
Computador grego, Mecanismo
Imagem: Tony Freeth, David Higgon, Aris Dacanalis, Lindsay MacDonald, Myrto Georgakopoulou, Adam Wojcik / Scientific Reports (2021) – Um Modelo do Cosmos no Mecanismo de Anticítera da Grécia Antiga. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-021-84310-w. Licenciado sob CC BY 4.0.

Descoberto há 125 anos no Mar Egeu, o mecanismo de Anticítera intriga pesquisadores com sua complexidade e possíveis usos astronômicos na antiguidade

Há 125 anos, mergulhadores gregos que buscavam esponjas no Mar Egeu encontraram, por acaso, um dos artefatos mais enigmáticos da história. Próximo à ilha de Anticítera, entre joias, moedas e fragmentos de cerâmica, surgiu um pedaço de cobre com dentes que lembravam engrenagens. Assim começou a história do chamado mecanismo de Anticítera.

Durante décadas, o objeto permaneceu praticamente esquecido no Museu Arqueológico Nacional de Atenas. Sua real importância só veio à tona quando o pesquisador Derek de Solla recuperou o material e iniciou um estudo detalhado.

As análises indicaram que se tratava de uma máquina construída entre 200 e 100 a.C., considerada o primeiro “computador” da história.

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Uma máquina planetária

O trabalho de de Solla revelou que o mecanismo de Anticítera fazia parte de um equipamento mais complexo. As peças recuperadas mostravam cerca de trinta engrenagens de bronze. Estas engrenagens ficavam encaixadas em uma caixa de madeira com dimensões próximas de 340 x 180 x 90 milímetros. A estrutura era operada manualmente por uma manivela, o que permitia o acionamento de todo o sistema.

A função principal do mecanismo era prever posições astronômicas. Com o uso das engrenagens, o dispositivo conseguia calcular fases da Lua, eclipses, ciclos do calendário lunar de 354 dias e até datas de competições esportivas.

O equipamento também possuía engrenagens especializadas para reproduzir o movimento irregular da Lua, compensando suas variações orbitais.

Com o ar do tempo, novas peças foram recuperadas e ajudaram a reconstruir melhor o funcionamento da máquina. Mesmo com os avanços na compreensão do objeto, algumas limitações se tornaram evidentes.

Limitações naturais do mecanismo

Apesar da sofisticação, o mecanismo de Anticítera operava com base no conhecimento astronômico disponível na época. Assim, suas medições planetárias apresentavam divergências significativas em comparação com dados modernos. Isso, no entanto, não diminuía o feito dos antigos construtores.

Dois fatores principais afetavam a precisão do equipamento: a mecânica e a fabricação manual das peças. Como as engrenagens eram feitas individualmente, pequenos erros na produção podiam comprometer o funcionamento geral.

Além disso, o desgaste natural dos dentes de cobre aumentava essa imprecisão com o uso constante.

Estudos anteriores, como o liderado por Mike Edmunds, confirmaram essas dificuldades. Edmunds foi um dos poucos pesquisadores a examinar diretamente o mecanismo original e chefiou uma equipe dedicada à sua análise minuciosa.

Novos testes e simulações

Agora, pesquisadores da Universidade Nacional de Mar de Plata, na Argentina, decidiram simular o funcionamento do mecanismo com o auxílio de computadores. Esteban Guillermo Szigety e Gustavo Francisco Arenas lideraram a pesquisa, cujos resultados foram divulgados na plataforma arXiv.

A equipe baseou sua simulação em estudos prévios, considerando aspectos como a presença de dentes triangulares irregulares e os efeitos de imperfeições na construção.

Durante os testes virtuais, os pesquisadores perceberam que os dentes triangulares não comprometeram diretamente o funcionamento. No entanto, ao girar a manivela, surgiram travamentos nas engrenagens.

Esses travamentos tornariam o equipamento praticamente inutilizável para fins científicos. Assim, os pesquisadores classificaram o mecanismo como um “brinquedo engenhoso”, sem grande aplicação prática.

Os cientistas, contudo, ressaltaram uma importante observação. A simulação foi baseada no que se sabe hoje sobre os fragmentos encontrados em 1900. Existe a possibilidade de que alguns defeitos percebidos sejam resultado da corrosão sofrida ao longo dos séculos.

Por isso, os espaços irregulares entre as engrenagens podem não refletir exatamente o projeto original.

Melhorias sugeridas

Os pesquisadores argentinos sugeriram ajustes no projeto das engrenagens para evitar os travamentos observados.

Ainda assim, alertaram que é necessário ter cautela ao assumir que as medidas atuais correspondem fielmente aos valores originais. Afinal, alguém investiu muito esforço e habilidade na construção daquela máquina.

Para eles, é improvável que um objeto tão complexo tenha sido produzido se não possuísse, pelo menos em parte, alguma funcionalidade prática.

Por isso, defendem que novas pesquisas sejam conduzidas. O desenvolvimento de técnicas ainda mais refinadas pode ajudar a esclarecer a precisão e a real utilidade do mecanismo de Anticítera.

Origem do achado

Embora o funcionamento exato do dispositivo continue em debate, a origem de sua descoberta parece ter uma explicação mais simples.

O artefato foi encontrado entre os destroços de um naufrágio. A hipótese mais aceita é que ele fazia parte de um carregamento destinado a algum imperador romano, possivelmente Júlio César.

Mesmo com as limitações apontadas pelos estudos recentes, o mecanismo de Anticítera permanece como uma das maiores realizações tecnológicas da antiguidade.

O nível de sofisticação alcançado pelos seus construtores há mais de dois mil anos continua a fascinar pesquisadores e o público em geral.

Assim, apesar de estudo após estudo indicarem que o mecanismo pode ter tido pouca utilidade prática, o mérito de sua construção e o desafio de decifrá-lo seguem vivos.

O engenhoso mecanismo de Anticítera encontrado no Mar do Egeu continua sendo uma janela para o impressionante conhecimento técnico dos antigos gregos.

Com informações de Xataka.

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Romário Pereira de Carvalho

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