Uma nova crise no Estreito de Ormuz pode acabar com o petróleo barato e disparar o preço do barril Brent acima de US$ 100. O combustível pode subir e impactar o bolso do consumidor!
Uma escalada no conflito entre Israel e Irão ameaça interromper o tráfego no Estreito de Ormuz, por onde a 20% do comércio global de petróleo. Especialistas alertam que um bloqueio pode levar o preço do barril de petróleo Brent a ultraar os US$ 100, disparando os custos de combustíveis em todo o planeta. Entenda por que este canal estreito pode provocar uma crise energética global como a dos anos 70 — e como isso pode afetar diretamente o seu bolso.
A importância geopolítica de um canal de 21 quilômetros — a artéria vital para o fluxo de petróleo no mundo
Os mercados globais voltaram a sentir os efeitos das tensões no Médio Oriente, com o preço do petróleo oscilando nos últimos dias. O motivo? O risco crescente de que o Estreito de Ormuz, uma rota estratégica para o fornecimento de energia mundial, possa ser afetado pela escalada do conflito entre Israel e Irão. Esse canal marítimo, com apenas 34 km de largura no ponto mais estreito, é hoje o principal ponto de trânsito do petróleo barato que alimenta grande parte das economias globais.
Apesar de sua largura média de 21 km em determinadas áreas, o Estreito de Ormuz tem um impacto gigantesco. Segundo a istração de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA), cerca de 20% do petróleo comercializado globalmente a por esse estreito diariamente. Além disso, ele é responsável por aproximadamente 25% do comércio mundial de gás natural liquefeito, consolidando-se como uma artéria vital para o fluxo energético global.
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A investigadora sénior Simone Tagliapietra, do think tank Bruegel, alerta que qualquer bloqueio nesse ponto pode gerar consequências semelhantes ao histórico choque petrolífero da década de 1970, que paralisou economias e provocou uma crise energética global.
Irão pode tentar interromper o tráfego de navios no Estreito de Ormuz
Nos últimos meses, o Irão intensificou sua resposta militar, lançando mísseis contra Israel após a morte de Hassan Nasrallah, figura central do Hezbollah — grupo apoiado por Teerã e com atuação no Líbano. Em reação, Israel prometeu represálias contundentes. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou à CNN que “tudo está em cima da mesa”, levantando o espectro de um confronto direto entre as duas potências regionais.
Com o cenário se agravando, aumentam os temores de que o Irão possa tentar interromper o tráfego de navios no Estreito de Ormuz como resposta a um possível ataque israelita a instalações nucleares iranianas. Embora essa possibilidade ainda seja considerada remota, o grau de imprevisibilidade da atual liderança iraniana preocupa analistas internacionais.
Comparações com o embargo de 1973 voltam à tona
A memória do embargo de 1973 — quando países árabes interromperam a exportação de petróleo para os Estados Unidos em resposta ao apoio a Israel — serve como alerta. Naquela época, o preço do barril de petróleo disparou, provocando uma crise global de abastecimento e filas quilométricas nos postos.
Desta vez, embora a alta nos valores ainda seja moderada, a ameaça de um bloqueio no Estreito de Ormuz pode alterar completamente o cenário. A ClearView Energy Partners estima que, se o tráfego marítimo for comprometido, o preçodo barril de petróleo pode ultraar os 100 dólares, pressionando os custos de combustíveis e afetando a recuperação econômica de diversas nações.
Mercado reage, mas ainda observa China e excesso de oferta de petróleo
Desde o final de setembro, quando Israel iniciou ataques a posições do Hezbollah, o mercado observou um leve aumento nos preços. O barril de Brent, referência global, teve alta de 5%, chegando a 77 dólares. Já o West Texas Intermediate (WTI), referência nos Estados Unidos, subiu 3,6% e está cotado em torno de 74 dólares por barril. Ainda assim, o foco dos investidores permanece dividido entre os riscos geopolíticos e a desaceleração da economia chinesa, além do excesso de oferta de petróleo em circulação.
Richard Bronze, da consultoria Energy Aspects, afirmou que a chance de o Irão fechar o Estreito de Ormuz ainda é “relativamente baixa”, mas que a imprevisibilidade aumentou. Em suas palavras, se a resposta de Israel for suficientemente agressiva, “não se pode descartar que Teerã tente interromper o trânsito no estreito”.
Um ponto de tensão que pode redesenhar o futuro energético do mundo
Diante de tantas incertezas, o mundo acompanha com atenção cada movimento no Médio Oriente. O Estreito de Ormuz, peça-chave para manter o petróleo barato, tornou-se novamente um ponto de tensão global. Qualquer alteração significativa em sua operação pode redesenhar a geopolítica do setor energético, afetando diretamente o preço do barril de petróleo e os custos para consumidores em todo o planeta.