1. Início
  2. / Geopolítica
  3. / EUA revelam “domo de ouro”, o escudo antimísseis, anunciado por Trump de US$ 542 bilhões para proteger o país de mísseis lançados da Terra ou do espaço
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

EUA revelam “domo de ouro”, o escudo antimísseis, anunciado por Trump de US$ 542 bilhões para proteger o país de mísseis lançados da Terra ou do espaço

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/05/2025 às 11:41
EUA revelam “domo de ouro”, o escudo antimísseis anunciado por Trump de US$ 542 bilhões para proteger o país de mísseis lançados da Terra ou do espaço
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Inspirado na antiga “Guerra nas Estrelas” de Ronald Reagan, o “domo de ouro” anunciado por Donald Trump visa proteger os Estados Unidos de ameaças hipersônicas, balísticas e espaciais. Mas será mesmo possível criar um escudo antimísseis funcional sobre um território de dimensões continentais?

No dia 20 de maio, o ex-presidente Donald Trump — agora em seu segundo mandato — anunciou oficialmente, do Salão Oval da Casa Branca, a criação do “domo de ouro”, um escudo antimísseis de proporções continentais, com um orçamento estimado em US$ 175 bilhões. Segundo Trump, o “domo de ouro” dos EUA terá a capacidade de interceptar mísseis lançados da Terra ou do espaço, inclusive aqueles do outro lado do mundo, como mísseis hipersônicos capazes de atingir velocidades superiores a 9.600 km/h.

A proposta é ambiciosa: proteger toda a extensão territorial dos Estados Unidos, que é cerca de 400 vezes maior do que Israel, país que atualmente utiliza o famoso Domo de Ferro para sua defesa aérea. Trump comparou os projetos, afirmando que o “domo de ouro” será “muito mais avançado em termos de tecnologia”.

Escudo antimísseis anunciado por Trump: quais são seus objetivos?

YouTube Video

O escudo antimísseis anunciado por Trump tem como missão:

Dia
ATÉ 90% OFF
💘 Dia dos Namorados Shopee: até 20% OFF com o cupom D4T3PFT! Só até 11/06!
Ícone de Episódios Comprar
  • Detectar, rastrear e destruir ameaças aéreas e espaciais, como mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), mísseis de cruzeiro e mísseis hipersônicos;
  • Proteger o país de ataques de drones armados, incluindo versões com ogivas nucleares;
  • Cobrir o território americano com uma malha de radares, satélites, sensores e interceptores terrestres e espaciais;
  • Reforçar o papel geopolítico dos EUA em um cenário de crescente tensão militar com Rússia, China, Coreia do Norte e Irã.

A coordenação do projeto ficará sob responsabilidade do Pentágono, especialmente do vice-chefe de operações espaciais, general Michael Guetlein, que declarou:

“O Domo de Ouro é uma abordagem ousada e agressiva para proteger rapidamente nosso território de nossos adversários.”

Por que o “domo de ouro” foi proposto agora?

A proposta do “domo de ouro” dos EUA surge em um contexto de crescimento acelerado das capacidades militares das principais potências rivais dos Estados Unidos:

  • Rússia e China modernizaram seus arsenais nucleares, desenvolvendo novos tipos de mísseis de longo alcance e ogivas manobráveis;
  • China já testa mísseis hipersônicos com alcance intercontinental;
  • Coreia do Norte segue com testes balísticos e avanço em tecnologia nuclear.
EUA revelam “domo de ouro”, o escudo antimísseis anunciado por Trump de US$ 542 bilhões para proteger o país de mísseis lançados da Terra ou do espaço
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Departamento de Defesa dos EUA reconheceu, por meio de um briefing da Agência de Inteligência de Defesa, que essas ameaças “aumentarão em escala e sofisticação” nos próximos anos e que os EUA precisam agir com urgência para não serem superados.

O legado de Reagan: o retorno da “Guerra nas Estrelas”

O conceito de um escudo defensivo total não é novo. Nos anos 1980, o presidente Ronald Reagan apresentou a chamada Iniciativa de Defesa Estratégica (IDE), que ficou conhecida como “Guerra nas Estrelas”.

O objetivo, na época, era utilizar satélites armados com lasers e interceptores em órbita para bloquear mísseis soviéticos antes que atingissem os EUA. Apesar dos investimentos bilionários, o projeto foi abandonado por limitações tecnológicas e altos custos.

Trump retomou essa ideia afirmando:

“Ronald Reagan queria isso há muitos anos, mas eles não tinham a tecnologia. Agora, teremos. E será no mais alto nível.”

Quanto custará o escudo antimísseis dos EUA?

De acordo com Trump, o governo já alocou US$ 25 bilhões iniciais em seu novo orçamento — atualmente em discussão no Congresso. A expectativa é atingir o valor total de US$ 175 bilhões até 2029, quando seu segundo mandato termina.

No entanto, o Congressional Budget Office (CBO) — órgão oficial do Congresso que analisa viabilidade orçamentária — estimou que apenas a construção dos componentes espaciais do sistema pode custar até US$ 542 bilhões ao longo de 20 anos.

Esse custo considera:

  • Lançamento e operação de centenas de satélites defensivos;
  • Instalação de sistemas de rastreamento global;
  • Interceptores baseados em terra, mar e ar;
  • Desenvolvimento de um sistema de comando e controle que integre todos os elementos em tempo real.

Como funcionaria o “domo de ouro”?

Segundo especialistas militares, o “domo de ouro” não será um sistema único, mas sim um conjunto de mais de 100 sistemas interligados, que juntos formariam uma rede de proteção completa sobre o território americano.

Entre os componentes previstos:

  • Satélites de vigilância em órbita baixa e geoestacionária;
  • Interceptores terrestres, como mísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defense);
  • Sistemas antimísseis baseados em navios, como os destróieres Aegis;
  • Drones armados e caças de interceptação automática;
  • Sistemas de radar e inteligência artificial para detectar, rastrear e prever rotas de ataque;
  • Centros de comando integrados ao NORAD, órgão responsável pela defesa aérea da América do Norte.

Canadá quer participar do “domo de ouro” dos EUA

Segundo Trump, o Canadá manifestou interesse em integrar o projeto. A cooperação bilateral se daria por meio do comando conjunto do NORAD (North American Aerospace Defense Command), uma aliança militar entre os dois países desde 1958.

A ideia é ampliar a cobertura do escudo para proteger também o território canadense, especialmente o Ártico, região estratégica frente às ambições militares da Rússia na região polar.

Quais as críticas ao projeto?

Apesar do entusiasmo do governo Trump, especialistas apontam desafios significativos para o “domo de ouro” dos EUA:

  • Custo astronômico e imprevisível;
  • Limitações tecnológicas, especialmente na detecção e interceptação de mísseis hipersônicos;
  • Alto risco de falhas sistêmicas, com margens mínimas de erro;
  • Dependência de inteligência artificial para tomada de decisões em segundos, o que pode gerar problemas éticos e de confiabilidade;
  • Escalada militar, já que o sistema pode ser visto como provocação por China e Rússia.

O analista de segurança W.J. Hennigan, do New York Times, escreveu:

“As partes mais interessantes do programa ainda não estão claras: como seria o sistema, quem o construiria, e como ele protegeria de forma confiável os americanos contra ameaças de mísseis em constante evolução.”

O escudo antimísseis é viável tecnicamente?

Mísseis hipersônicos podem atingir velocidades superiores a Mach 10 (12.000 km/h) e realizar manobras durante o voo, dificultando sua interceptação. Detectá-los e reagir em tempo hábil exige inteligência artificial avançada, radares de altíssima precisão e interceptores ultrarrápidos.

Enquanto os sistemas de defesa atuais, como o Domo de Ferro de Israel, funcionam bem contra mísseis de curto alcance, proteger um país do tamanho dos EUA exige uma arquitetura completamente nova e inédita na história da guerra moderna.

Quando o “domo de ouro” ficará pronto?

Segundo Trump, o sistema deverá estar operacional antes do fim de seu segundo mandato, ou seja, até 2029. No entanto, analistas independentes duvidam desse cronograma, considerando que apenas o desenvolvimento de protótipos pode levar mais de cinco anos.

Além disso, mesmo se as tecnologias forem desenvolvidas a tempo, a implantação de infraestrutura militar em todo o território norte-americano exigirá aprovação do Congresso, contratos com fornecedores, testes e certificações.

Inscreva-se
Entre com
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
s
Visualizar todos comentários

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x