Bombardeio em Ras Isa, realizado contra alvos houthis, provoca dezenas de vítimas entre trabalhadores; grupo rebelde denuncia ofensiva como massacre.
As forças armadas dos Estados Unidos (EUA) realizaram um ataque aéreo nesta quinta-feira (17) contra o porto de Ras Isa, no norte da província de Hodeidah, no Iêmen. O local é considerado estratégico para o escoamento de petróleo no país e, segundo o Comando Militar dos EUA no Oriente Médio (Centcom), serve como fonte de financiamento para os rebeldes houthis, grupo xiita apoiado pelo Irã.
De acordo com informações divulgadas pela emissora Al-Masirah, ligada aos houthis, ao menos 58 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas no bombardeio, a maioria delas trabalhadores do porto. As autoridades iemenitas controladas pelos houthis informaram que as operações de resgate continuam no local.
Estados Unidos justificam ataque como ação contra fontes de financiamento houthi
O Comando Central dos EUA afirmou que o ataque visou atingir diretamente as “fontes econômicas do poder houthi”. Segundo comunicado divulgado após a operação, os rebeldes vêm usando as receitas obtidas com a exportação ilegal de petróleo a partir do porto para financiar ações militares e ataques na região.
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“O objetivo foi privar os terroristas houthis, apoiados pelo Irã, de uma fonte de renda que tem sido utilizada para aterrorizar a região há mais de uma década”, disse o Centcom. O governo dos EUA designou os houthis como organização terrorista estrangeira no início de março.
A ofensiva ocorre no contexto de um aumento nos ataques dos rebeldes no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, regiões consideradas essenciais para o comércio marítimo global. Desde novembro de 2023, navios comerciais e militares que transitam por essas águas têm sido alvos de mísseis e drones lançados a partir do Iêmen.
Ação militar dos EUA provoca reações internacionais e manifestações no Iêmen
Imagens divulgadas pela Al-Masirah mostraram explosões e nuvens de fumaça no porto de Ras Isa, classificadas como as “primeiras imagens da agressão dos EUA”. Ainda na sexta-feira (18), o porta-voz do Ministério da Saúde dos houthis, Anees Alasbahi, informou que equipes de emergência continuam atuando na remoção de corpos e no combate a incêndios.
O movimento palestino Hamas também se manifestou sobre o ataque, classificando a ação como uma “agressão flagrante” e uma violação da soberania iemenita. Em comunicado, o grupo afirmou que o ataque confirma a continuidade de “políticas americanas agressivas” na região.
Em resposta ao bombardeio, os houthis convocaram manifestações em diversas cidades do Iêmen, tanto em protesto contra os EUA, quanto em apoio à população palestina da Faixa de Gaza, onde Israel mantém ofensiva militar desde outubro de 2023.
Conflito no Iêmen e impacto no comércio de petróleo
O Iêmen, situado na Península Arábica, está em guerra civil desde 2014. Os rebeldes houthis, que têm o apoio do Irã, controlam amplas áreas do país, incluindo a capital, Sanaa. A disputa envolve ainda forças aliadas ao governo reconhecido internacionalmente e uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.
O porto de Ras Isa é uma infraestrutura vital para a exportação de petróleo iemenita. Com o bombardeio e os danos causados à instalação, autoridades locais alertam para possíveis impactos na economia regional e na distribuição de combustíveis.
Segundo os EUA, os recursos provenientes da exploração e venda de petróleo no porto estavam sendo desviados pelos houthis, e não utilizados em benefício da população. “Esses hidrocarbonetos devem ser legitimamente fornecidos ao povo do Iêmen”, declarou o Centcom.
Coalizão internacional amplia presença militar na região
Com o aumento das hostilidades, os EUA intensificaram operações militares no Iêmen desde março, com autorização do presidente Donald Trump. As ações têm incluído bombardeios aéreos e sanções econômicas a instituições locais, como o recente bloqueio a um banco iemenita acusado de apoiar financeiramente os houthis.
Além dos EUA, o Reino Unido e a França participam de uma coalizão naval destinada a proteger o tráfego marítimo no Mar Vermelho. Na quinta-feira, uma fragata sa derrubou um drone disparado do território iemenita, segundo o ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu.
O Exército israelense também afirmou ter interceptado um míssil lançado a partir do Iêmen, reforçando a complexidade do conflito, que interliga diversas frentes regionais, incluindo o confronto entre Israel e o Hamas.
Fonte: UOL