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EUA tentam parar a China com tarifas pesadas, mas não será fácil — as “armas” de Pequim na guerra comercial

Publicado em 24/04/2025 às 10:30
EUA, China, tarifas, Disputa comercial, Guerra comercial
Imagem ilustrativa: IA

Com tarifas que chegam a 245% e restrições em setores-chave, China e EUA intensificam a rivalidade econômica, ampliando incertezas e impactos no comércio mundial

A disputa comercial entre Estados Unidos e China voltou a se acirrar. As duas maiores economias do mundo estão envolvidas em uma nova rodada de tarifas e ameaças, com impactos diretos sobre empresas, consumidores e mercados globais.

Tarifas bilionárias pressionam ambos os lados

As exportações da China para os Estados Unidos agora enfrentam tarifas de até 245%. Em resposta, Pequim aplicou taxas de 125% sobre as importações americanas.

As medidas geram incertezas e aumentam os temores de uma possível recessão global. O governo chinês, liderado por Xi Jinping, diz que está aberto ao diálogo, mas também deixou claro que, se necessário, vai “lutar até o fim”.

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Capacidade de resistência da China

Como segunda maior economia do mundo, a China tem mais condições de resistir aos efeitos das tarifas do que países menores. O país conta com um imenso mercado interno, com mais de um bilhão de habitantes.

Isso pode aliviar a pressão sobre os exportadores. Para impulsionar o consumo, o governo chinês tem adotado incentivos como subsídios para eletrodomésticos e pacotes turísticos voltados para aposentados.

A especialista Mary Lovely, do Instituto Peterson, afirmou à BBC que a liderança chinesa pode estar disposta a enfrentar os custos da guerra comercial para não ceder ao que vê como agressão americana.

Por ser um regime autoritário, a China também não enfrenta a pressão eleitoral que costuma influenciar governos democráticos.

Ainda assim, há preocupação com o descontentamento popular. A crise no setor imobiliário e a perda de empregos já geram insatisfação.

A incerteza econômica atual afeta especialmente os jovens chineses. O Partido Comunista tem recorrido ao nacionalismo para sustentar a estratégia de enfrentamento. Em pronunciamentos públicos, autoridades garantem que “o céu não vai cair”.

Investimentos estratégicos no futuro

A China vem apostando pesado em tecnologia. A meta é deixar de ser somente a fábrica do mundo e se tornar uma potência em inovação.

O país investe em setores como inteligência artificial, chips e energia renovável. O chatbot DeepSeek é um exemplo de tecnologia nacional que rivaliza com concorrentes ocidentais.

No setor automotivo, a BYD ultraou a Tesla e se tornou a maior fabricante de veículos elétricos do planeta. Marcas como Huawei e Vivo também avançaram sobre o mercado dominado pela Apple.

Pequim anunciou que vai investir mais de US$ 1 trilhão em inovação nos próximos anos. Enquanto isso, empresas americanas que tentam sair da China enfrentam dificuldades para substituir a infraestrutura e a mão de obra qualificada do país. Essa vantagem estratégica na cadeia de suprimentos foi construída ao longo de décadas.

Respostas da China após Trump 1.0

A primeira rodada de tarifas aplicadas por Donald Trump em 2018 serviu de alerta para a China. Desde então, o país acelerou projetos como a “Nova Rota da Seda”, que fortalece parcerias com o Sul Global. A China também diversificou suas importações, especialmente de soja.

Os Estados Unidos já foram responsáveis por 40% das exportações de soja para a China. Hoje, esse número caiu para cerca de 20%. A China ou a cultivar mais internamente e agora compra volumes recordes do Brasil, seu maior fornecedor.

Atualmente, os EUA não são mais o principal destino das exportações chinesas. O Sudeste Asiático assumiu essa posição. Em 2023, a China foi o maior parceiro comercial de 60 países, quase o dobro dos EUA. No fim de 2024, o país registrou um superávit comercial recorde de US$ 1 trilhão.

Apesar disso, os Estados Unidos ainda são um parceiro importante. Mas a capacidade de Washington de isolar a China é comercialmente limitada. O ministro do Comércio da Malásia, Tengku Zafrul Aziz, afirmou recentemente: “Nunca vamos escolher entre China e EUA”.

O ponto fraco de Trump: o mercado de títulos

No início de abril, Trump impôs tarifas abrangentes, comparando a medida a um “remédio”. Porém, após uma queda acentuada no valor dos títulos do Tesouro dos EUA, ele recuou e suspendeu as tarifas por 90 dias.

Especialistas acreditam que a China agora entende que o mercado financeiro pode influenciar as decisões de Trump.

A China é a segunda maior detentora estrangeira desses títulos, com US$ 700 bilhões. A ideia de vender parte deles como forma de pressão já foi levantada na mídia estatal chinesa. No entanto, analistas alertam que isso traria prejuízos para a própria China, além de desestabilizar o yuan.

Segundo Marina Yue Zhang, a China “tem uma moeda de troca, não uma arma financeira”. O uso de títulos do Tesouro americano como instrumento de pressão tem limites.

A carta das terras raras

Um dos trunfos mais fortes de Pequim está no domínio sobre as terras raras. Esses minerais são fundamentais para a produção de tecnologia de ponta. A China controla cerca de 61% da extração e 92% do refino desses elementos, segundo a Agência Internacional de Energia.

Entre os metais essenciais estão o disprósio, usado em ímãs de veículos elétricos, e o ítrio, que protege motores de jatos.

A China já restringiu a exportação de sete desses metais em resposta às novas tarifas americanas. Também proibiu a venda do antimônio, usado em diversos setores industriais. O preço do antimônio disparou, dobrando em meio a uma corrida por fontes alternativas.

Especialistas alertam que um bloqueio mais amplo pode prejudicar indústrias inteiras, desde defesa até produção de eletrônicos. Thomas Kruemmer, da Ginger International Trade and Investment, resumiu: “Tudo o que você pode ligar ou desligar provavelmente funciona com terras raras”.

Pequim joga com vantagem estratégica

A guerra comercial entre China e EUA não mostra sinais de trégua. A postura firme da China, os investimentos em tecnologia e o controle sobre recursos estratégicos mostram que o país se preparou para um confronto prolongado.

Ao mesmo tempo, a tentativa dos EUA de enfraquecer a economia chinesa esbarra em obstáculos concretos. A interdependência entre os dois países ainda é profunda. E a pressão sobre os mercados financeiros norte-americanos pode forçar ajustes.

O equilíbrio dessa disputa continua incerto. Mas uma coisa está clara: a China não vai recuar facilmente. E o mundo inteiro está de olho nos próximos capítulos.

Com informações de BBC.

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Romário Pereira de Carvalho

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