Brasil é destaque global na geração de empregos verdes e setor continua oferecendo oportunidades mesmo diante de desafios regulatórios e econômicos.
O mercado de trabalho no setor de energias renováveis está ando por um dos seus momentos mais promissores entre 2023 e o início de 2025. Impulsionado por políticas sustentáveis, inovação tecnológica e aumento da demanda por fontes limpas, o setor registrou crescimento expressivo no número de vagas de emprego, consolidando-se como uma das principais engrenagens da nova economia verde mundial.
No Brasil, a movimentação é ainda mais intensa: o país já ocupa a terceira posição global na criação de empregos ligados às energias renováveis, com mais de 1,5 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos. E o cenário continua em expansão, com destaque para as áreas de energia solar, biocombustíveis e geração distribuída.
Empregos em energias renováveis batem recorde em 2023 e abrem caminho para 2025
De acordo com um relatório conjunto da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o setor de energias renováveis gerou 16,2 milhões de empregos em 2023 — um crescimento de 18% em relação a 2022. A expectativa é de que esse número continue aumentando até o final de 2025, impulsionado por projetos públicos e privados em diversos continentes.
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A energia solar fotovoltaica lidera a geração de vagas de emprego, com 7,2 milhões de trabalhadores ocupados no mundo todo. Em seguida aparecem os biocombustíveis líquidos (2,8 milhões), a energia hidrelétrica (2,3 milhões) e a energia eólica (1,4 milhão).
Brasil entre os líderes globais em empregos verdes e energias renováveis
O Brasil foi um dos países que mais se destacou nesse crescimento. Segundo a IRENA, o país é responsável por um terço dos empregos mundiais no setor de biocombustíveis. Sozinho, emprega cerca de 1,56 milhão de pessoas na cadeia das energias renováveis, o que o coloca atrás apenas da China e da Índia nesse ranking global.
Na energia solar, o Brasil alcançou a marca de 264 mil empregos diretos em 2023, sendo o quarto maior empregador do mundo nessa tecnologia, atrás apenas da China, Estados Unidos e Alemanha.
Esse avanço é fruto, principalmente, da rápida expansão da geração distribuída e dos incentivos para a implantação de painéis solares em residências, comércios e propriedades rurais. O Brasil já ultraou a marca de 37 gigawatts (GW) de potência instalada em energia solar.
Tendências que vão movimentar o setor até o final de 2025
O cenário para 2025 é otimista. De acordo com dados do Canal Energia, a projeção é que a capacidade instalada global de fontes renováveis salte de 4,7 terawatts para 10,3 terawatts até 2030. No curto prazo, os investimentos continuarão crescendo principalmente em:
- Geração distribuída (GD): com a revisão das regras do Marco Legal da GD, projetos de pequeno e médio porte seguem em alta.
- Biocombustíveis e bioenergia: o Brasil é pioneiro nesse segmento, com potencial para ampliar a produção de etanol, biodiesel e biogás.
- Hidrogênio verde: embora ainda enfrente desafios de viabilidade econômica, o setor continua recebendo atenção de empresas interessadas em descarbonizar suas operações.
Desafios que o setor ainda precisa enfrentar
Apesar do crescimento e das oportunidades, o setor de energias renováveis ainda esbarra em alguns desafios importantes no Brasil e no exterior:
- Burocracia e morosidade na aprovação de projetos de grande porte;
- Falta de mão de obra qualificada para determinadas funções técnicas;
- Desaceleração em investimentos hidrelétricos, que reduziram o número de empregos nesse setor de 2,5 milhões (2022) para 2,3 milhões (2023) no mundo.
Ainda assim, o saldo é extremamente positivo. As energias renováveis são hoje uma das principais apostas para gerar emprego, renda e desenvolvimento sustentável. E o Brasil, com sua abundância de recursos naturais e tecnologia cada vez mais ível, está entre os países que mais podem se beneficiar dessa transição energética global.
Formação técnica será diferencial competitivo
Com o mercado aquecido, cursos técnicos e especializações na área de energias renováveis devem ganhar ainda mais destaque. Profissionais capacitados para atuar com instalação de painéis solares, manutenção de turbinas eólicas e operação de sistemas de biogás estão entre os mais demandados.
Instituições públicas e privadas já estão adaptando seus currículos para atender a essa nova realidade, com foco em capacitação prática, sustentabilidade e inovação.
Fontes: IRENA, OIT e Canal Energia