A indústria automotiva brasileira está em alerta com a chegada de 5.500 carros elétricos importados ao país. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) expressou preocupação com o alto volume de importação, especialmente em um momento em que o Brasil já acumula mais de 40 mil unidades em estoque. Segundo a entidade, essa movimentação pode desestabilizar o mercado e comprometer a retomada da produção nacional.
A Anfavea aponta que essa grande remessa de carros elétricos pode estar ligada a uma tentativa de driblar o aumento gradual do imposto de importação sobre veículos elétricos, que só atingirá 35% em julho de 2026. Diante disso, as montadoras pressionam o governo para antecipar a alíquota, protegendo a indústria local da concorrência externa.
A preocupação das montadoras com a importação de carros elétricos
O mercado brasileiro de veículos elétricos ainda está em fase de crescimento, mas a entrada massiva de modelos importados preocupa os fabricantes nacionais. Com mais de 40 mil carros elétricos já estocados no país, as montadoras veem a nova remessa como um risco para a sustentabilidade da produção nacional.
Outro ponto levantado pela Anfavea é a estratégia das importadoras para evitar o aumento do imposto de importação. Atualmente, a alíquota para elétricos está em 18%, mas o plano do governo prevê aumentos graduais até 2026, quando o imposto chegará a 35%. As montadoras argumentam que a importação acelerada de veículos chineses antes desse aumento pode comprometer a competitividade das fábricas instaladas no Brasil.
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A chegada dos carros elétricos chineses
Os 5.500 carros elétricos foram desembarcados no porto de Aracruz (ES) no dia 27 de fevereiro. A operação foi realizada pela fabricante chinesa BYD, que importou modelos como Song, Dolphin e Yuan. A chegada desses veículos reforça a presença da BYD no mercado brasileiro, que já se consolidou como uma das principais fornecedoras de elétricos no país.
A BYD tem investido fortemente no Brasil e, recentemente, anunciou planos para produção local, o que poderia equilibrar o impacto das importações. No entanto, a atual política tributária ainda favorece a entrada de veículos chineses, o que tem gerado insatisfação entre as montadoras nacionais.
O impacto da baixa alíquota de importação
A Anfavea destaca que, em comparação com outros países, o Brasil tem uma barreira de importação muito baixa para carros elétricos. Nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, as tarifas sobre carros chineses podem chegar a 100%, enquanto na Europa as taxas variam e podem atingir 48%.
Esse cenário faz com que o Brasil se torne um mercado atrativo para fabricantes estrangeiros, que enfrentam dificuldades para vender seus veículos em regiões onde as alíquotas são mais elevadas. Para as montadoras instaladas no país, essa situação cria um ambiente de concorrência desleal, prejudicando o desenvolvimento da indústria nacional.
O pedido da Anfavea ao governo brasileiro
Diante desse contexto, a Anfavea tem pressionado o governo para antecipar a alíquota de importação dos carros elétricos para 35%, antes do prazo previsto para 2026. Segundo a associação, essa medida seria essencial para proteger a produção nacional e evitar um colapso no setor automotivo.
A entidade também alerta para o impacto da importação massiva na geração de empregos. Atualmente, a indústria automotiva no Brasil emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas, direta e indiretamente. O aumento desenfreado da concorrência externa poderia colocar esses postos de trabalho em risco, comprometendo o crescimento do setor.