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Falta de mão de obra chega na construção civil e engenheiro lamenta que estão ‘pagando para indicarem amigos’

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 31/05/2025 às 13:22

Construção civil enfrenta um desafio crescente com a falta de profissionais qualificados, forçando empresas a adotarem estratégias inusitadas e tecnologias inovadoras para garantir a produção, expandir operações e enfrentar a concorrência com outros setores econômicos em alta.

A escassez de mão de obra qualificada atinge em cheio a construção civil no Brasil, levando empresas a adotarem estratégias pouco convencionais para tentar suprir a carência de profissionais.

De acordo com o engenheiro Gilson Porto, diretor de produtos da São Benedito Construtora, a falta de trabalhadores especializados tem sido tamanha que a empresa ou a pagar funcionários para indicarem amigos para vagas abertas.

Conforme Porto relatou no programa Oeste Negócios, exibido em 26 de maio, a construtora lançou uma campanha interna que oferece R$ 100 de recompensa a cada colaborador que trouxer um conhecido para integrar o quadro de funcionários.

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“A concorrência para encontrar mão de obra está tão acirrada que estamos pagando para as pessoas indicarem amigos deles para trabalharem conosco”, afirmou o engenheiro.

Esse tipo de iniciativa evidencia um problema maior que assola o setor da construção civil: a dificuldade em captar e manter profissionais capacitados para atuar nas obras, mesmo diante de uma demanda crescente por projetos no país.

A situação se agrava em regiões como o Centro-Oeste, onde a São Benedito concentra boa parte de suas operações, mas que enfrenta forte concorrência com o setor agropecuário, que também atrai muitos trabalhadores.

Turnover e capacitação: o desafio de reter talentos

A falta de mão de obra não se resume apenas a encontrar novos colaboradores.

Segundo Amir Maluf, diretor de marketing da São Benedito e representante da terceira geração da família à frente da empresa, o setor encara uma alta rotatividade, com muitos funcionários saindo em pouco tempo.

“Tem muito turnover. Muita rotatividade de funcionários. Hoje, os colaboradores não se fixam”, explicou Maluf.

Por isso, a empresa tem investido não só em incentivos financeiros, mas também em um ambiente de trabalho que motive e capacite os profissionais, evitando que eles encarem o emprego apenas como uma obrigação.

Para isso, a São Benedito implementou iniciativas inovadoras, como a criação de salas de aula dentro das obras para promover treinamentos e qualificações técnicas.

“Colocamos sala de aula na obra para poder capacitar e deixar o colaborador mais à vontade com a empresa”, completou o executivo.

Esses treinamentos têm um papel fundamental não apenas para melhorar a produtividade, mas para tornar os trabalhadores mais confiantes e engajados, o que ajuda a diminuir a rotatividade e aumentar a qualidade dos serviços prestados.

Tecnologia e inovação para driblar a falta de mão de obra

O setor da construção civil está em constante transformação, especialmente diante do avanço de novas tecnologias e metodologias construtivas.

Para Gilson Porto, o uso de técnicas modernas pode ser uma solução estratégica para minimizar o impacto da escassez de profissionais.

“A construção civil exige aprendizado contínuo, especialmente por causa das novas tecnologias e equipamentos”, explicou Amir Maluf, destacando que a inovação é indispensável para acompanhar as mudanças no mercado.

Uma das alternativas estudadas pela São Benedito é a adoção de processos construtivos mais rápidos e menos dependentes de mão de obra especializada, como a produção 100% com paredes de concreto pré-fabricado.

“Queremos expandir para outras cidades, mas como fazer isso com o déficit de mão de obra que enfrentamos? Estamos pensando em novas metodologias construtivas, que sejam mais rápidas e simples, com menos necessidade de profissionais altamente especializados”, detalhou Porto.

Essa abordagem possibilita que poucos técnicos especializados coordenem o trabalho enquanto os demais funcionários atuam em tarefas mais braçais, o que torna a construção mais eficiente e reduz custos.

Além disso, o uso de tecnologias como BIM (Modelagem da Informação da Construção), automação e impressão 3D tem ganhado espaço na indústria, representando um caminho promissor para superar a crise de mão de obra.

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Um cenário nacional complexo

A crise de mão de obra na construção civil reflete um cenário nacional mais amplo, marcado por desafios no mercado de trabalho e na qualificação profissional.

Dados do IBGE indicam que, apesar do desemprego ter recuado nos últimos meses, setores que demandam mão de obra técnica e especializada continuam sofrendo com a escassez.

Segundo especialistas, a falta de investimento em formação técnica, o envelhecimento da força de trabalho e a atração por setores mais dinâmicos e tecnológicos ajudam a explicar essa lacuna.

No caso da construção civil, que tradicionalmente depende de trabalho presencial e intenso, o problema fica ainda mais evidente.

Para além das estratégias internas das empresas, governos e instituições de ensino têm buscado ampliar cursos técnicos e capacitação profissional, especialmente com foco em novas tecnologias aplicadas à construção.

No entanto, a velocidade dessas ações ainda não acompanha a demanda do mercado.

Incentivos para atrair e manter profissionais

Além das recompensas financeiras para indicações, muitas construtoras têm investido em benefícios que vão além do salário, como planos de carreira, flexibilização de horários e ambientes de trabalho mais humanizados.

O objetivo é tornar o setor mais atrativo, principalmente para jovens que buscam empregos com perspectivas de crescimento e qualidade de vida.

Na São Benedito, o foco está em criar uma cultura de valorização do colaborador, o que a por capacitação, segurança no trabalho e reconhecimento.

“Queremos que o funcionário sinta que faz parte da empresa e que seu trabalho é valorizado, não apenas um serviço temporário”, ressalta Amir Maluf.

O futuro da construção civil depende da adaptação

A crise de mão de obra na construção civil é um desafio que exige soluções criativas, investimento em qualificação e adoção de tecnologias inovadoras.

Empresas como a São Benedito já sinalizam que o caminho a por reinventar processos e valorizar mais os profissionais para garantir competitividade e expansão no mercado.

O equilíbrio entre inovação, capacitação e incentivos pode transformar o setor e assegurar que ele acompanhe o crescimento econômico do país, mesmo diante das dificuldades atuais.

Você já viu alguma iniciativa diferente para driblar a falta de trabalhadores na sua área? Como acha que as empresas poderiam melhorar para atrair e reter talentos?

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Marcos Antonio
Marcos Antonio
31/05/2025 17:41

Incentivo as empresas estimularem os colaboradores a empreenderem na desintermediação oferecendo-lhe jornadas reduzidas e treinamentos nos seus propros negócios den desintermediação, em troca eles captam parceiros de confiança pra se associarem ao empreendedorismo com colaboração na construção civil em troca

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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