Entenda como a redução no envio de embarcações da China e o aumento das tarifas comerciais afetaram os principais portos americanos e a estabilidade logística global
Desde 7 de maio de 2025, os portos de Los Angeles, Long Beach e Seattle aram a registrar queda na chegada de navios chineses. Além disso, conforme confirmou a Associação Americana de Autoridades Portuárias (AAPA), essa redução evidencia impactos logísticos relevantes para a costa oeste dos Estados Unidos. O Porto de Long Beach, por sua vez, comunicou oficialmente, em 10 de maio, uma redução de até 40% nas movimentações de carga. Enquanto isso, o Porto de Los Angeles, no mesmo período, apontou uma queda expressiva de 31% nas operações, o que reforça o cenário crítico. Por outro lado, o Porto de Seattle, conforme a Seattle Port Authority, ficou, surpreendentemente, 24 horas sem receber embarcações porta-contêineres fato inédito desde 2020. Desse modo, os dados demonstram, sobretudo, a contínua e intensa dependência logística da costa oeste dos EUA em relação ao comércio marítimo com a China.
Tarifas comerciais contribuíram para a redução no fluxo logístico
A partir de abril de 2025, portanto, os Estados Unidos elevaram significativamente as tarifas sobre produtos chineses, conforme informou o Departamento de Comércio dos EUA. Isso ocorreu, sobretudo, como resposta direta à imposição de barreiras chinesas a semicondutores americanos, iniciada anteriormente, em 27 de março de 2025. As operações, nesse contexto, tornaram-se inviáveis do ponto de vista financeiro, mesmo com tentativas de manutenção do fluxo comercial. Ainda assim, a companhia, portanto, optou por redirecionar parte da frota para novas rotas, o que, por sua vez, afetou os terminais da costa oeste.
Estoques sob pressão e risco de aumento nos preços
Em entrevista à NBC News, em 10 de maio, o CEO do Porto de Long Beach, Mario Cordero, alertou que os impactos logísticos, podem afetar diretamente o varejo nos próximos 30 dias. Atualmente, cerca de 63% das cargas processadas em Long Beach são provenientes da China; no entanto, esse número já foi de 72% em 2016, de acordo com a Harbor Trucking Association. Embora redes como Walmart e Target estejam, assim, buscando fornecedores alternativos, a substituição logística, por ora, ainda é bastante limitada. Conforme reportagem publicada pela Supply Chain Review, em 11 de maio, a escassez de produtos, consequentemente, pode afetar principalmente eletrônicos, roupas e itens sazonais. Além disso, diante da redução da oferta, o aumento de preços, ainda que gradual, é uma consequência considerada praticamente inevitável.
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Acordo comercial temporário entre EUA e China busca aliviar tensões
No dia 11 de maio de 2025, representantes dos governos dos Estados Unidos e da China reuniram-se em Genebra para discutir medidas emergenciais, conforme informou a agência Reuters. O acordo firmado estabeleceu a redução das tarifas americanas de 145% para 30% e das tarifas chinesas de 125% para 10%. A vigência das medidas é imediata e terá duração de 90 dias. Durante coletiva de imprensa, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, explicou que o objetivo do acordo é manter o mínimo de estabilidade comercial durante o período de reavaliação das políticas bilaterais. Conforme análise publicada pela CNBC, o índice Dow Jones subiu 2,3% após o anúncio do acordo, refletindo otimismo do mercado com a trégua temporária.
Normalização operacional dependerá de ajustes logísticos
Relatório da Moody’s Logistics Insight, publicado em 12 de maio, estima que a retomada completa das operações logísticas pode levar de seis a oito semanas. Para isso, será necessário renegociar contratos entre armadores e importadores, além de reorganizar as janelas operacionais dos portos. A confiança entre operadores logísticos ainda está em processo de reconstrução. A Federação Nacional do Comércio informou que portos alternativos, como Vancouver no Canadá e Manzanillo no México, já operam próximos da capacidade máxima, o que limita a redistribuição das cargas desviadas da costa oeste.
Reformulação estrutural da cadeia logística global é necessária
Um editorial do The Wall Street Journal, publicado em 12 de maio, destacou, portanto, que a crise logística atual evidencia a necessidade urgente de modernizar as cadeias globais. Além disso, o Boston Consulting Group apontou que, entre as principais medidas estruturais, estão, por exemplo, a digitalização alfandegária, a criação de hubs logísticos regionais e contratos internacionais com cláusulas emergenciais. Contudo, essas soluções dependem, antes de tudo, de ações coordenadas entre o setor público e, ao mesmo tempo, a iniciativa privada. Do mesmo modo, exigem ampla cooperação multinacional que, por conseguinte, deve estar sustentada por um planejamento estratégico contínuo, mesmo diante de cenários instáveis. Por fim, o Banco Mundial, conforme nota técnica divulgada no mesmo dia, ressaltou que, portanto, a previsibilidade é essencial para prevenir, desde já, novas crises logísticas.