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Fim da enquete: A escala 4×3 é viável economicamente no Brasil em detrimento da escala 6×1?

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 28/02/2025 às 05:10
Dois OPERÁRIOS em posição de luta se encarando 6X1 4X1
A escala 4×3 pode revolucionar o mercado de trabalho no Brasil ou trazer mais desafios? Descubra os impactos dessa mudança na economia e no dia a dia dos trabalhadores.

Descubra os desafios, impactos econômicos e as opiniões dos brasileiros sobre a polêmica substituição da escala 6×1 pela escala 4×3. Será que esse modelo pode realmente funcionar no Brasil ou é apenas uma ilusão?

A viabilidade da escala 4×3 no Brasil gera um intenso debate entre trabalhadores e empresários. Em uma recente enquete no X (antigo Twitter), realizada em fevereiro de 2025 ( Confira aqui), 985 pessoas votaram. Enquanto 56,8% acreditam que essa mudança seria economicamente viável, 43,2% discordam.

Portanto, os resultados indicam que a população se divide sobre essa possível alteração no modelo de trabalho. No entanto, o impacto dessa substituição vai muito além das opiniões pessoais, pois envolve produtividade, custos operacionais e até mesmo a continuidade de serviços essenciais.

Enquete oficial do G Click Petróleo e Gás sobre a escala 4x3 em detrimento da escala 6x1 no Brasil. 56,8% a favor e 43,2% contra
Enquete oficial do G Click Petróleo e Gás sobre a escala 4×3 em detrimento da escala 6×1 no Brasil. 56,8% a favor e 43,2% contra – Via X (Twiiter)

Países que aplicaram a escala 4×3 e deram certo

Atualmente, alguns países, como Islândia e Espanha, já testaram a escala 4×3. Como resultado, verificaram ganhos significativos na produtividade e na qualidade de vida dos trabalhadores.

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No entanto, essa experiência pode não se aplicar totalmente ao Brasil. Segundo o site “BBC News”, em uma reportagem publicada em setembro de 2023, a Islândia realizou testes com redução da jornada de trabalho entre 2015 e 2019. O resultado foi um aumento de produtividade sem impacto negativo nos lucros das empresas.

Contudo, o mesmo relatório destaca que esses resultados dependeram de um alto nível de automação e da adaptação da cultura corporativa. Esses fatores ainda enfrentam desafios no Brasil. Conforme apontou Nelson Carmelinho, “os países que adotaram esse modelo apresentaram aumento de produtividade, mas o Brasil não cresce nesse aspecto há anos”.

Dessa forma, sem um avanço real na eficiência da produção, essa escala pode não trazer os mesmos benefícios observados no exterior.

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Entenda o impacto econômica caso esta escala fosse implementada no Brasil

Além disso, a estrutura de diversos setores da economia brasileira pode tornar essa transição ainda mais complexa. Serviços essenciais, como saúde, comércio e transporte, exigem funcionamento contínuo.

Por isso, a adoção da escala 4×3 nessas áreas pode gerar dificuldades operacionais. Segundo o site “G1 Economia”, em um levantamento divulgado em novembro de 2024, o setor de comércio no Brasil representa 23,5% do PIB. Esse setor é altamente dependente de jornadas contínuas para atender à demanda da população.

Nesse sentido, Destro Hummer questionou como ficaria o atendimento em oficinas, salões de beleza ou consultórios médicos caso muitas empresas operassem apenas de segunda a quinta-feira. Assim, essa mudança poderia prejudicar diretamente a rotina dos consumidores.

Escala 4×3 pode gerar custos extras para empresas?

Ao mesmo tempo, a economia também precisa ser considerada. A princípio, a necessidade de contratar mais funcionários para cobrir os dias não trabalhados pode aumentar os custos operacionais das empresas.

Como consequência, Silvio A M Torres alertou que os empregadores poderiam dividir os salários entre mais trabalhadores, levando à precarização do mercado de trabalho. Segundo o site “Valor Econômico”, em uma matéria de outubro de 2024, 80% das pequenas empresas brasileiras enfrentam dificuldades para arcar com encargos trabalhistas.

Isso poderia tornar a escala 4×3 ainda menos viável para negócios menores. Dessa maneira, em vez de melhorar a qualidade de vida, o novo modelo poderia forçar muitos profissionais a buscarem múltiplos empregos para manter sua renda.

Além disso, o avanço da automação no mercado de trabalho também influencia esse debate. Afinal, conforme apontou Cristiano Neves, “cada vez mais as máquinas substituirão os trabalhadores, já que não faltam ao serviço, não ficam doentes e não precisam de benefícios”.

Segundo o “Estudo Global de Automação” publicado pelo Fórum Econômico Mundial em janeiro de 2025, a expectativa é que até 2030, cerca de 30% das funções operacionais no Brasil sejam automatizadas. Isso impactará diretamente a necessidade de revisão da jornada de trabalho.

Diante dessa realidade, a preocupação com a escala 4×3 pode se tornar menos relevante no futuro, pois a mecanização tende a impactar cada vez mais o emprego tradicional.

Por outro lado, a carga tributária elevada segue como um fator determinante na qualidade de vida do trabalhador. Nesse contexto, Rogério Bèrtoli afirmou que “o verdadeiro problema não é a escala de trabalho, mas os 67,3% de impostos sobre o salário”.

Segundo o “Relatório de Competitividade Global 2024” do Banco Mundial, o Brasil segue entre os países com maior carga tributária sobre a folha de pagamento, ultraando países como México e Chile. Sendo assim, sem uma reforma tributária, qualquer mudança na jornada dificilmente traria benefícios reais.

A flexibilização da jornada de trabalho pode ser a solução?

Apesar de todas essas dificuldades, alguns acreditam que uma flexibilização poderia ser a melhor saída. Dessa forma, Sandro Poersch sugeriu que “a melhor coisa é deixar cada um escolher, mas sabendo que recebe conforme trabalhou”.

Segundo um estudo publicado pelo site “UOL Economia” em dezembro de 2024, 45% dos trabalhadores brasileiros prefeririam uma escala de trabalho mais flexível, ainda que isso implicasse em um modelo variável de remuneração.

Portanto, em vez de impor um modelo único, essa abordagem permitiria que empregadores e empregados negociassem as condições de trabalho de acordo com a realidade de cada setor.

Por fim, embora a escala 4×3 pareça um avanço para muitos, sua implementação no Brasil ainda enfrenta obstáculos estruturais, setoriais e econômicos.

No entanto, o debate continua, e a decisão final dependerá da busca por equilíbrio entre produtividade, custos e viabilidade operacional.

Paulo Nogueira

Eletrotécnica formado em umas das instituições de ensino técnico do país, o Instituto Federal Fluminense - IFF ( Antigo CEFET), atuei diversos anos na áreas de petróleo e gás offshore, energia e construção. Hoje com mais de 8 mil publicações em revistas e blogs online sobre o setor de energia, o foco é prover informações em tempo real do mercado de empregabilidade do Brasil, macro e micro economia e empreendedorismo. Para dúvidas, sugestões e correções, entre em contato no e-mail informe@clickpetroleoegclickpetroleoegas-br.diariodoriogrande.com.br. Vale lembrar que não aceitamos currículos neste contato.

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