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Ford saiu do Brasil, mas deixou cidade-fantasma no meio da Amazônia

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/04/2025 às 16:14

Fordlândia prometia riqueza, mas virou um fantasma na floresta. O que deu errado? Descubra os mistérios desse projeto ambicioso que naufragou antes de alcançar o sucesso.

Uma cidade-fantasma ainda resiste às margens do Rio Tapajós, no coração da Amazônia.

Fordlândia, construída há quase um século pelo magnata Henry Ford, tinha uma missão ambiciosa: produzir borracha para a indústria automobilística.

Hoje, o local está em ruínas, mas sua história continua despertando curiosidade e fascínio.

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O apogeu da borracha e a criação de Fordlândia

Para entender o nascimento de Fordlândia, é necessário voltar ao século XIX, quando a produção de borracha no Brasil dominava o mercado mundial.

Entre 1879 e 1912, a Amazônia fornecia 95% da borracha consumida globalmente.

A matéria-prima era essencial para diversos setores, incluindo a crescente indústria automobilística.

No entanto, a exploração extrativista da seringueira era instável e dependia das árvores que cresciam de forma natural na floresta.

A situação começou a mudar quando o explorador britânico Henry Wickham contrabandeou 70 mil sementes de seringueira para a Inglaterra.

Essas sementes foram levadas para colônias britânicas no sudeste asiático, onde o cultivo em larga escala foi implantado.

Como resultado, a produção brasileira despencou e, em poucos anos, representava apenas 2,3% do mercado mundial.

Diante desse cenário, Henry Ford viu a oportunidade de criar uma alternativa própria para garantir o abastecimento de borracha para seus veículos.

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O nascimento de um sonho americano na Amazônia

Em 1927, Henry Ford decidiu erguer uma cidade-modelo no Pará, às margens do Rio Tapajós.

A ideia era simples: construir uma cidade americana dentro da floresta tropical, onde trabalhadores brasileiros produziriam borracha sob padrões norte-americanos.

Navios foram enviados de Michigan carregados com casas pré-fabricadas, máquinas e infraestrutura para a nova cidade.

A região ganhou hospital, escolas, lojas, restaurantes, um salão de entretenimento e até uma piscina.

O local se tornou conhecido como Vila Americana e se destacou pelo seu planejamento urbano e infraestrutura avançada para a época.

No auge, Fordlândia chegou a contar com milhares de habitantes e uma economia própria, baseada na extração de látex.

No entanto, nem tudo saiu como planejado.

O fracasso de Fordlândia

Apesar do investimento milionário, a produção de borracha nunca foi eficiente.

As seringueiras, plantadas de forma muito próxima umas das outras, ficaram vulneráveis a pragas e doenças.

Ao contrário do que ocorria na Ásia, onde a seringueira foi cultivada em áreas abertas e planejadas, na Amazônia as árvores foram atacadas por fungos que devastaram as plantações.

Além disso, as regras impostas pelos norte-americanos aos trabalhadores brasileiros causaram grande insatisfação.

O consumo de álcool era proibido, havia um toque de recolher rígido e até a alimentação gerava descontentamento, pois os pratos típicos brasileiros foram substituídos por comida enlatada dos Estados Unidos.

Conflitos não demoraram a surgir.

Em 1930, trabalhadores revoltados iniciaram um motim, conhecido como a “Revolta das as”.

Eles destruíram parte das instalações da cidade, forçando os gerentes norte-americanos a fugirem para o meio da floresta.

Ford tentou mudar sua estratégia e, em 1934, transferiu a produção para Belterra, uma nova cidade planejada com maior proximidade dos seringais naturais.

Porém, a essa altura, a borracha sintética começava a ganhar espaço no mercado.

O abandono de Fordlândia

Henry Ford nunca visitou pessoalmente a cidade que criou, e em 1945, após anos de prejuízo, seu neto, Henry Ford II, decidiu encerrar o projeto.

A cidade foi vendida ao governo brasileiro por um valor simbólico.

Com o fim do sonho industrial, Fordlândia foi lentamente sendo abandonada.

Hoje, o que resta são ruínas de fábricas, galpões e casas que ainda resistem ao tempo.

Apesar de ser chamada de cidade-fantasma, Fordlândia ainda abriga cerca de 1.200 habitantes, conforme dados do IBGE de 2010.

O local se tornou um destino turístico alternativo e uma importante lembrança de um dos projetos mais ambiciosos – e fracassados – da história industrial.

A história de Fordlândia já inspirou livros, documentários e filmes.

Mas será que essa cidade poderia ser revitalizada e ganhar uma nova função no século XXI?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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