França aposta em energia limpa com turbinas submersas de 24 metros, movidas pelas marés; projeto bilionário promete rápida instalação e geração contínua no fundo do mar.
A França está dando um o decisivo no aproveitamento das forças naturais do oceano para produzir energia limpa. Com um investimento de €31,3 milhões, financiado pela União Europeia, o país iniciou a instalação de turbinas submersas de 24 metros movidas por marés no canal da Mancha, em uma das regiões com correntes marítimas mais intensas do continente. Cada unidade pode ser montada em apenas 20 minutos, graças à engenharia avançada envolvida no projeto.
A iniciativa, chamada NH1, é liderada pela empresa sa Normandie Hydroliennes e representa uma das primeiras aplicações em grande escala da energia das marés com potencial comercial. O projeto visa conectar quatro turbinas ao sistema elétrico da França até 2028, produzindo um total estimado de 34 GWh por ano.
Energia das marés ganha protagonismo na matriz energética sa
A energia das marés, também conhecida como energia maremotriz, tem se destacado como uma alternativa estável e previsível frente às fontes intermitentes, como a solar e a eólica. O projeto francês se diferencia por utilizar turbinas submersas AR3000, consideradas as mais potentes do mundo nesse segmento. Cada unidade terá 3 megawatts (MW) de potência e será posicionada na Raz Blanchard, um estreito marítimo ao norte da Normandia.
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As turbinas movidas por energia das marés utilizam a força gravitacional da Lua sobre os oceanos para movimentar grandes rotores submersos. Essa força natural, constante e previsível, garante uma geração de energia estável — um dos grandes desafios enfrentados pelas energias renováveis.
Montagem rápida e operação automatizada
Cada turbina AR3000 possui 24 metros de diâmetro de rotor, o equivalente à altura de um prédio de oito andares. Apesar do tamanho, uma das inovações mais marcantes do projeto é o tempo de montagem: apenas 20 minutos por unidade. A agilidade na instalação reduz drasticamente os custos e o tempo de implantação, facilitando a expansão do modelo em outras áreas costeiras da Europa.
O sistema de controle inteligente das turbinas ajusta automaticamente a velocidade e o ângulo das pás, de acordo com a intensidade das correntes marinhas, maximizando a geração de eletricidade. Essa tecnologia permite eficiência mesmo em ambientes desafiadores, como o estreito de Raz Blanchard, conhecido por suas correntes poderosas.
Cabo único leva energia à terra firme
Toda a energia gerada pelas turbinas submersas será transmitida à costa sa por meio de um único cabo de exportação, solução comum em projetos offshore na Europa. Esse tipo de cabo já é utilizado em interligações entre países, como entre Inglaterra e Dinamarca, e se mostra eficiente tanto no transporte da energia quanto na redução de perdas.
A centralização da transmissão por um único cabo também permite que outras turbinas sejam facilmente integradas no futuro, criando uma malha de geração de energia das marés ainda maior.
Investimento de €31,3 milhões pode gerar até 100 GW até 2050
O projeto NH1, com seu investimento inicial de €31,3 milhões, é apenas o começo de uma aposta ambiciosa da França e da União Europeia. De acordo com estimativas da empresa Normandie Hydroliennes, o potencial de geração de energia das marés no continente europeu pode chegar a 100 gigawatts (GW) até 2050, o suficiente para abastecer até 94 milhões de lares.
Esse número reforça o papel das turbinas movidas por marés como uma solução estratégica para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diversificar a matriz energética da Europa em direção a fontes limpas e permanentes.
Desafios ambientais e técnicos
Embora o projeto tenha sido planejado com foco na sustentabilidade, ele enfrenta desafios ambientais e técnicos. A Normandie Hydroliennes destaca que o design das turbinas minimiza o impacto sobre o ecossistema marinho, mas questões envolvendo a fauna e a flora locais ainda estão sendo monitoradas.
Além disso, o ambiente marítimo da Raz Blanchard é conhecido por suas condições extremas, o que pode dificultar a instalação das estruturas e exigir manutenção constante. Ainda assim, a tecnologia foi projetada para resistir a essas condições, e testes iniciais demonstraram bom desempenho.
Um dos principais argumentos a favor das turbinas submersas movidas por marés é sua capacidade de gerar energia estável e confiável, independentemente das condições climáticas. Ao contrário da solar, que depende da luz do dia, e da eólica, que precisa de vento, as marés seguem ciclos naturais previsíveis há bilhões de anos.
Essa característica faz da energia das marés uma opção valiosa para complementar outras fontes renováveis, ajudando a equilibrar a rede elétrica e a garantir segurança energética ao longo do tempo.