Ime sobre responsabilidade ambiental entre Petrobras e Gerdau atrasa desmonte da plataforma P-32 e impacta cronograma nacional do setor.
O desmonte da primeira plataforma de petróleo em território brasileiro, uma operação considerada histórica para o setor naval e siderúrgico, enfrenta um atraso significativo devido a um ime entre duas gigantes: Petrobras e Gerdau, segundo o site InfoMoney.
A plataforma P-32, com cerca de 45 mil toneladas, teve seu processo de desmantelamento interrompido após a descoberta de resíduos tóxicos, levantando uma complexa disputa sobre quem deve arcar com os custos da limpeza.
Conflito entre Petrobras e Gerdau paralisa operação
Em 2023, a Petrobras vendeu a plataforma P-32 à Gerdau, que, por sua vez, contratou o Estaleiro Rio Grande, da Ecovix, no Rio Grande do Sul, para realizar o desmonte da embarcação.
O objetivo da Gerdau era transformar a estrutura metálica da plataforma em matéria-prima para produção de aço na unidade da empresa em Charqueadas (RS).
Porém, o plano sofreu um revés com a identificação de 30 milhões de litros de água oleosa e 270 mil litros de óleo diesel no interior da plataforma, após sua chegada ao estaleiro.
A situação gerou um ime contratual entre Petrobras e Gerdau sobre quem seria responsável pela limpeza do navio, paralisando o processo por quase um ano.
Esse atraso não só impactou o cronograma da P-32, mas também colocou em risco o desmonte da plataforma P-33, também adquirida pela Gerdau da Petrobras, que agora poderá ter que ser enviada a outro local.
Desmonte começa tardiamente e sob tensão
Prevista inicialmente para ser concluída em 12 meses, a operação da P-32 começou somente em março de 2025. Segundo Benito Gonçalves, presidente do sindicato dos metalúrgicos da região, os trabalhos estão em andamento apenas nas estruturas superiores da plataforma.
A parte inferior só poderá ser desmontada após a retirada completa dos resíduos tóxicos, o que deverá ser feito por uma empresa especializada contratada em maio.
Mesmo com o óleo diesel já removido, a água oleosa continua sendo um desafio. Enquanto isso, o custo da permanência da embarcação no estaleiro já ultraou os R$ 30 milhões inicialmente acordados no contrato entre Gerdau e Ecovix.
A Petrobras segue acompanhando o “plano de reciclagem”, mas não assume publicamente a responsabilidade pelas condições ambientais da embarcação.
Oportunidades ameaçadas para o setor naval
Este episódio evidencia os entraves que o Brasil ainda enfrenta para consolidar-se como potência no setor de desmonte e descomissionamento de plataformas.
Na próxima década, o país deve se tornar o terceiro maior mercado global neste segmento, atrás apenas do Golfo do México e do Mar do Norte.
A Petrobras, inclusive, prevê investir US$ 9,9 bilhões nos próximos cinco anos no desmonte de pelo menos dez plataformas.
Contudo, disputas como a travada entre Petrobras e Gerdau revelam os obstáculos práticos da operação.
A falta de clareza contratual e de avaliações técnicas mais precisas acaba minando a previsibilidade do processo, além de comprometer os cronogramas dos estaleiros brasileiros, como o Rio Grande, que deveria também receber a P-33 após a finalização da P-32.