Nova tarifa dos EUA sobre pequenas encomendas derruba vendas de plataformas chinesas e força demissões em massa, entenda tudo abaixo.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China ganhou um novo capítulo em abril de 2025, e o foco agora recai sobre plataformas de comércio eletrônico como Shein e Temu, além da estrutura industrial chinesa que as sustenta. Saiba mais sobre o crescimento da Shein: O que é a Shein e por que ela se tornou uma das maiores varejistas do mundo.
Com uma ordem executiva assinada por Donald Trump, os EUA encerraram a isenção fiscal para encomendas de até US$ 800, conhecida como De Minimis, o que muda radicalmente o jogo para o e-commerce chinês.
A decisão do atual presidente americano, que busca forçar a China a renegociar tarifas comerciais, atinge diretamente o modelo de negócios baseado em envios diretos da fábrica para o consumidor. Plataformas como a Temu, que cresceram oferecendo produtos baratos com frete internacional gratuito, estão entre as mais impactadas.
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Além do fim da isenção, os EUA impam taxas de importação de até 120%, acompanhadas de um custo fixo de até US$ 2 por item postal. O resultado já começa a ser sentido: queda nas vendas, cortes de anúncios e fechamento de fábricas em território chinês.
Fim da isenção do De Minimis nos EUA derruba vendas da Shein e da Temu
Plataformas como Shein e Temu, que estruturaram suas operações com base em fretes internacionais baratos e isentos de impostos, enfrentam agora uma nova realidade. Relatórios de abril mostram que a Temu perdeu 30% das vendas nos Estados Unidos em poucas semanas. A Shein, por sua vez, reduziu em 90% o orçamento publicitário no país.
Essas medidas refletem o colapso de um modelo que dependia do envio direto ao consumidor final, sem intermediários, utilizando o chamado sistema D2C (direct to consumer). Com as tarifas agora aplicadas, muitos produtos ficaram inviáveis financeiramente, afetando a competitividade das plataformas no principal mercado consumidor do planeta.
Fábricas na China fecham as portas diante do colapso do e-commerce internacional
Com a queda nas vendas de produtos chineses nos Estados Unidos, centenas de fábricas começaram a encerrar suas operações. A região de Xin Village, conhecida por produzir itens para a Shein, relatou redução de até 50% na demanda nas últimas semanas, segundo informações da Reuters.
Empresas fornecedoras informaram que a suspensão dos pedidos é generalizada. Oficinas com dezenas de funcionários já interromperam a produção, acumulando estoques de roupas e órios que não conseguem mais ser escoados. Em apenas dois meses, vários galpões industriais foram desativados, conforme relatos locais publicados por veículos como Bloomberg e Global Times.
Medidas de Trump atingem diretamente o coração da estratégia chinesa no comércio global
A ordem executiva de Donald Trump não tem apenas objetivo fiscal. Trata-se de uma estratégia para obrigar a China a negociar. Enquanto Pequim impõe altos impostos sobre produtos americanos, os Estados Unidos até então isentavam produtos de até US$ 800 de qualquer taxa — uma vantagem que beneficiava o comércio chinês.
Com o fim do De Minimis, Washington busca reequilibrar a balança comercial e criar pressão diplomática. Além das tarifas de 120% sobre produtos chineses de até US$ 8, haverá uma taxa adicional de US$ 1 a US$ 2 por item a partir de junho de 2025. Isso inviabiliza compras internacionais baratas e afeta principalmente as plataformas online da China.
Tentativa da Shein de transferir produção para o Vietnã foi bloqueada pela China
Diante da crise, a Shein tentou transferir parte de sua cadeia produtiva para o Vietnã, buscando reduzir custos e escapar das novas tarifas americanas. No entanto, o governo chinês interveio, segundo informações da Bloomberg, “aconselhando” a empresa a não diversificar sua cadeia de suprimentos. Entenda como a Shein construiu seu modelo de produção global neste artigo: Entenda o modelo de negócios que levou a Shein ao topo.
O receio de Pequim é de que uma migração em massa de fábricas para países vizinhos enfraqueça a economia industrial da China, agravando a situação de desemprego e recessão em algumas províncias. Por isso, mesmo diante da queda brusca nas vendas para os Estados Unidos, grandes empresas são pressionadas a manter suas operações em território chinês.
União Europeia também estuda tarifar produtos de plataformas como Temu e Shein
Com o aumento das exportações chinesas para a Europa, a União Europeia também avalia novas medidas tarifárias contra plataformas como Shein, Temu, Shopee e AliExpress. O bloco teme uma “inundação de produtos asiáticos”, o que poderia comprometer a produção local e gerar concorrência desleal — prática conhecida como dumping.
Enquanto os Estados Unidos já aplicam a nova política de restrição desde maio, autoridades europeias discutem modelos similares para limitar o avanço do e-commerce direto da China. Isso pressiona ainda mais as grandes plataformas, que tentam redirecionar seus esforços de marketing e logística para novos mercados.
Brasil também sofre efeitos colaterais da nova guerra tarifária
O Brasil, embora não tenha adotado uma postura tão agressiva quanto os Estados Unidos, já sente os reflexos da guerra comercial com a China. Recentemente, o governo brasileiro ou a taxar compras internacionais abaixo de US$ 50, o que afetou diretamente consumidores que utilizavam plataformas como Temu e Shein.
Assim como nos EUA, o argumento oficial é a necessidade de “equilibrar o mercado” e gerar arrecadação. Mas há pressão do setor varejista nacional e do segmento industrial para que barreiras mais severas sejam aplicadas à entrada de produtos chineses com baixo valor declarado.
Crise econômica interna da China se agrava com fechamento de fábricas e demissões em massa
O modelo de crescimento chinês, sustentado por exportações, baixos salários e moeda desvalorizada, encontra resistência crescente. A crise imobiliária, somada às tensões comerciais, torna o cenário ainda mais desafiador.
Relatos recentes mostram que fábricas inteiras estão sendo desativadas, galpões estão sendo abandonados com estoques de roupas inacabadas e milhares de trabalhadores estão sendo demitidos. Pequenas oficinas e empresas familiares, que produziam para marcas como a Shein, são as mais atingidas.
Segundo fontes locais ouvidas pela Bloomberg, muitas dessas fábricas não têm capital suficiente para se adaptar a novas cadeias logísticas, como uma eventual mudança para o Vietnã ou Bangladesh.
Donald Trump afirma que não retirará tarifas sem concessões substanciais da China
O ex-presidente Donald Trump, ao ser questionado sobre a medida, deixou claro que as tarifas não serão retiradas a menos que a China ofereça contrapartidas relevantes. “Seria ótimo se eles abrissem sua economia, mas eu não espero que façam isso”, declarou Trump à imprensa americana.
A estratégia de Trump visa expor o modelo fechado da economia chinesa, que por anos beneficiou-se de exportações em massa com o facilitado a mercados ocidentais, sem reciprocidade comercial. Para ele, é hora de equilibrar a balança e exigir mais abertura de Pequim.
A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China impacta diretamente o dia a dia de consumidores e empresários em diversos países. Plataformas como Temu e Shein, antes símbolos do e-commerce ível, agora enfrentam quedas drásticas de receita e incerteza sobre sua operação global.
Com fábricas fechando, trabalhadores sendo demitidos e novas barreiras tarifárias surgindo na Europa e no Brasil, o modelo de envio direto da China ao consumidor pode estar perto do fim. E, ao que tudo indica, o embate entre Washington e Pequim está longe de terminar. Shein: dos galpões chineses ao topo do varejo global.
Nos próximos meses, o mundo acompanhará se a China responderá com novas tarifas, se buscará alternativas logísticas ou se finalmente cederá à pressão por reformas comerciais. Enquanto isso, consumidores e empresas ajustam suas estratégias diante de um novo cenário para o comércio global.