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Guerra comercial de Trump com a China atinge varejistas como Shein e Temu, força demissões em massa e acelera o fechamento de fábricas

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/04/2025 às 06:15
Guerra comercial de Trump com a China atinge varejistas como Shein e Temu, força demissões em massa e acelera o fechamento de fábricas
Foto: Criada por IA e otimizada no CANVA

Nova tarifa dos EUA sobre pequenas encomendas derruba vendas de plataformas chinesas e força demissões em massa, entenda tudo abaixo.

A guerra comercial entre Estados Unidos e China ganhou um novo capítulo em abril de 2025, e o foco agora recai sobre plataformas de comércio eletrônico como Shein e Temu, além da estrutura industrial chinesa que as sustenta. Saiba mais sobre o crescimento da Shein: O que é a Shein e por que ela se tornou uma das maiores varejistas do mundo.

Com uma ordem executiva assinada por Donald Trump, os EUA encerraram a isenção fiscal para encomendas de até US$ 800, conhecida como De Minimis, o que muda radicalmente o jogo para o e-commerce chinês.

A decisão do atual presidente americano, que busca forçar a China a renegociar tarifas comerciais, atinge diretamente o modelo de negócios baseado em envios diretos da fábrica para o consumidor. Plataformas como a Temu, que cresceram oferecendo produtos baratos com frete internacional gratuito, estão entre as mais impactadas.

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Além do fim da isenção, os EUA impam taxas de importação de até 120%, acompanhadas de um custo fixo de até US$ 2 por item postal. O resultado já começa a ser sentido: queda nas vendas, cortes de anúncios e fechamento de fábricas em território chinês.

Fim da isenção do De Minimis nos EUA derruba vendas da Shein e da Temu

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Plataformas como Shein e Temu, que estruturaram suas operações com base em fretes internacionais baratos e isentos de impostos, enfrentam agora uma nova realidade. Relatórios de abril mostram que a Temu perdeu 30% das vendas nos Estados Unidos em poucas semanas. A Shein, por sua vez, reduziu em 90% o orçamento publicitário no país.

Essas medidas refletem o colapso de um modelo que dependia do envio direto ao consumidor final, sem intermediários, utilizando o chamado sistema D2C (direct to consumer). Com as tarifas agora aplicadas, muitos produtos ficaram inviáveis financeiramente, afetando a competitividade das plataformas no principal mercado consumidor do planeta.

Fábricas na China fecham as portas diante do colapso do e-commerce internacional

Com a queda nas vendas de produtos chineses nos Estados Unidos, centenas de fábricas começaram a encerrar suas operações. A região de Xin Village, conhecida por produzir itens para a Shein, relatou redução de até 50% na demanda nas últimas semanas, segundo informações da Reuters.

Empresas fornecedoras informaram que a suspensão dos pedidos é generalizada. Oficinas com dezenas de funcionários já interromperam a produção, acumulando estoques de roupas e órios que não conseguem mais ser escoados. Em apenas dois meses, vários galpões industriais foram desativados, conforme relatos locais publicados por veículos como Bloomberg e Global Times.

Medidas de Trump atingem diretamente o coração da estratégia chinesa no comércio global

A ordem executiva de Donald Trump não tem apenas objetivo fiscal. Trata-se de uma estratégia para obrigar a China a negociar. Enquanto Pequim impõe altos impostos sobre produtos americanos, os Estados Unidos até então isentavam produtos de até US$ 800 de qualquer taxa — uma vantagem que beneficiava o comércio chinês.

Com o fim do De Minimis, Washington busca reequilibrar a balança comercial e criar pressão diplomática. Além das tarifas de 120% sobre produtos chineses de até US$ 8, haverá uma taxa adicional de US$ 1 a US$ 2 por item a partir de junho de 2025. Isso inviabiliza compras internacionais baratas e afeta principalmente as plataformas online da China.

Tentativa da Shein de transferir produção para o Vietnã foi bloqueada pela China

Diante da crise, a Shein tentou transferir parte de sua cadeia produtiva para o Vietnã, buscando reduzir custos e escapar das novas tarifas americanas. No entanto, o governo chinês interveio, segundo informações da Bloomberg, “aconselhando” a empresa a não diversificar sua cadeia de suprimentos. Entenda como a Shein construiu seu modelo de produção global neste artigo: Entenda o modelo de negócios que levou a Shein ao topo.

O receio de Pequim é de que uma migração em massa de fábricas para países vizinhos enfraqueça a economia industrial da China, agravando a situação de desemprego e recessão em algumas províncias. Por isso, mesmo diante da queda brusca nas vendas para os Estados Unidos, grandes empresas são pressionadas a manter suas operações em território chinês.

União Europeia também estuda tarifar produtos de plataformas como Temu e Shein

Com o aumento das exportações chinesas para a Europaa União Europeia também avalia novas medidas tarifárias contra plataformas como Shein, Temu, Shopee e AliExpress. O bloco teme uma “inundação de produtos asiáticos”, o que poderia comprometer a produção local e gerar concorrência desleal — prática conhecida como dumping.

Enquanto os Estados Unidos já aplicam a nova política de restrição desde maio, autoridades europeias discutem modelos similares para limitar o avanço do e-commerce direto da China. Isso pressiona ainda mais as grandes plataformas, que tentam redirecionar seus esforços de marketing e logística para novos mercados.

Brasil também sofre efeitos colaterais da nova guerra tarifária

Brasil, embora não tenha adotado uma postura tão agressiva quanto os Estados Unidos, já sente os reflexos da guerra comercial com a China. Recentemente, o governo brasileiro ou a taxar compras internacionais abaixo de US$ 50, o que afetou diretamente consumidores que utilizavam plataformas como Temu e Shein.

Assim como nos EUA, o argumento oficial é a necessidade de “equilibrar o mercado” e gerar arrecadação. Mas há pressão do setor varejista nacional e do segmento industrial para que barreiras mais severas sejam aplicadas à entrada de produtos chineses com baixo valor declarado.

Crise econômica interna da China se agrava com fechamento de fábricas e demissões em massa

modelo de crescimento chinês, sustentado por exportações, baixos salários e moeda desvalorizada, encontra resistência crescente. A crise imobiliária, somada às tensões comerciais, torna o cenário ainda mais desafiador.

Relatos recentes mostram que fábricas inteiras estão sendo desativadas, galpões estão sendo abandonados com estoques de roupas inacabadas e milhares de trabalhadores estão sendo demitidos. Pequenas oficinas e empresas familiares, que produziam para marcas como a Shein, são as mais atingidas.

Segundo fontes locais ouvidas pela Bloomberg, muitas dessas fábricas não têm capital suficiente para se adaptar a novas cadeias logísticas, como uma eventual mudança para o Vietnã ou Bangladesh.

Donald Trump afirma que não retirará tarifas sem concessões substanciais da China

O ex-presidente Donald Trump, ao ser questionado sobre a medida, deixou claro que as tarifas não serão retiradas a menos que a China ofereça contrapartidas relevantes. “Seria ótimo se eles abrissem sua economia, mas eu não espero que façam isso”, declarou Trump à imprensa americana.

A estratégia de Trump visa expor o modelo fechado da economia chinesa, que por anos beneficiou-se de exportações em massa com o facilitado a mercados ocidentais, sem reciprocidade comercial. Para ele, é hora de equilibrar a balança e exigir mais abertura de Pequim.

A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China impacta diretamente o dia a dia de consumidores e empresários em diversos países. Plataformas como Temu e Shein, antes símbolos do e-commerce ível, agora enfrentam quedas drásticas de receita e incerteza sobre sua operação global.

Com fábricas fechando, trabalhadores sendo demitidos e novas barreiras tarifárias surgindo na Europa e no Brasil, o modelo de envio direto da China ao consumidor pode estar perto do fim. E, ao que tudo indica, o embate entre Washington e Pequim está longe de terminar. Shein: dos galpões chineses ao topo do varejo global.

Nos próximos meses, o mundo acompanhará se a China responderá com novas tarifas, se buscará alternativas logísticas ou se finalmente cederá à pressão por reformas comerciais. Enquanto isso, consumidores e empresas ajustam suas estratégias diante de um novo cenário para o comércio global.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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