Descubra como os geoglifos na Amazônia, especialmente no Acre, revelam sociedades antigas complexas, suas possíveis funções e o impacto dessas descobertas.
A vasta floresta amazônica, por séculos vista como um “vazio demográfico”, tem revelado segredos de um ado complexo. Imagens de satélite e novas tecnologias descortinaram impressionantes geoglifos na Amazônia, especialmente no estado do Acre. Estas enormes estruturas geométricas de terra, com até 2.000 anos, desafiam antigas narrativas e apontam para civilizações sofisticadas.
Entenda a descoberta desses enigmáticos monumentos, quem os construiu, suas possíveis finalidades e como estão reescrevendo a história da ocupação humana na Amazônia pré-colombiana.
A surpreendente descoberta dos geoglifos na Amazônia acriana
A redescoberta dos geoglifos na Amazônia, principalmente no Acre, iniciou-se com o avanço do desmatamento a partir da década de 1970, que expôs as estruturas. As primeiras investigações formais datam de 1977, mas foi a visão aérea, impulsionada pelo professor Alceu Ranzi em 1986, e o uso de imagens de satélite a partir de 2005, que revelaram a magnitude do fenômeno.
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Estas estruturas apresentam formas geométricas precisas como círculos, quadrados e hexágonos, com dimensões que variam de 100 a 300 metros de diâmetro ou lado. As valas escavadas podem ter até 5 metros de profundidade e 20 metros de largura. Datações por carbono-14 indicam que foram construídos principalmente entre 500 a.C. e 1000 d.C. Sítios notáveis incluem Jacó Sá (tombado pelo IPHAN) e Tequinho. Até março de 2025, mais de mil geoglifos foram identificados no Acre.
Quem construiu os geoglifos na Amazônia e como viviam essas sociedades?
A identidade étnica exata dos construtores dos geoglifos na Amazônia permanece um enigma, sendo por vezes chamados de “Civilização Aquiry”. A hipótese mais provável é que se tratava de uma civilização multiétnica em rede, compartilhando traços culturais. A construção dessas obras monumentais exigiu organização social avançada e conhecimento técnico, utilizando ferramentas de madeira e pedra.
Evidências arqueológicas indicam uma economia diversificada, com cultivo de milho e abóbora, coleta de castanhas e frutos, caça e pesca. Essas sociedades praticavam o manejo florestal ativo, incluindo queimadas controladas, há pelo menos 4.000 anos, moldando a paisagem. Muitos geoglifos eram interconectados por um sistema de estradas retilíneas.
O propósito dos enigmáticos geoglifos na Amazônia
A função primária dos geoglifos na Amazônia é amplamente aceita como cerimonial e ritualística. A monumentalidade e precisão geométrica transcendem necessidades puramente utilitárias. Eles provavelmente funcionavam como espaços de encontro social e agregação comunitária, reunindo diferentes grupos para rituais, festividades ou deliberações.
As estruturas também poderiam servir como marcadores territoriais, imbuindo a paisagem de significado cultural – uma “tatuagem na terra”, como descrito pela etnia Huni Kuin. Para alguns povos indígenas atuais, esses locais são considerados sagrados. Embora funções secundárias como defesa ou observação astronômica sejam especuladas, a interpretação ritualística predomina.
O impacto dos geoglifos na Amazônia pré-colombiana
As descobertas dos geoglifos na Amazônia refutaram categoricamente a noção de um “vazio demográfico” pré-colombiano na região. Elas são testemunhos de uma ocupação humana densa, duradoura e socialmente organizada, com capacidade de transformar a paisagem em larga escala.
Essas sociedades não apenas se adaptaram à floresta, mas a moldaram ativamente, demonstrando que a complexidade social na Amazônia também floresceu em regiões de terra firme. Isso enriquece a história indígena e tem implicações para o entendimento da biodiversidade amazônica, que pode ter sido influenciada por essas práticas ancestrais.
O futuro da pesquisa e preservação dos geoglifos na Amazônia
A tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging) revolucionou a pesquisa, permitindo mapear estruturas sob a floresta densa. Projetos como “Amazônia Revelada” (USP) e “Desvelando o ado profundo” (Instituto Geoglifos da Amazônia) utilizam LiDAR e integram o conhecimento tradicional indígena.
A principal ameaça aos geoglifos na Amazônia continua sendo o desmatamento. A preservação desses sítios é urgente, incluindo o tombamento pelo IPHAN e o reconhecimento como Patrimônio Mundial pela UNESCO. O potencial turístico existe, mas deve ser desenvolvido de forma responsável. Os geoglifos são um elo vital com o presente, oferecendo lições sobre sustentabilidade e a profunda relação entre humanos e a floresta.
Os 2 quadrados estão apontando para um centro. É só medir a curvatura entre eles .
Faltou os créditos das fotos.
O CRÉDITO DA IMAGEM FOTOGRÁFICA do Geoglifo é meu: © Maurício de Paiva / Fotoarqueologia : onde a fotografia está oficialmente incluída. https://www.instagram.com/relatos_visuais/