A construção de uma rota para importar gás argentino via Paraguai pode ser mais econômica para o Brasil do que a conclusão do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Essa foi uma das principais conclusões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em seu novo Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG).
O estudo sobre o gás argentino sugere que a alternativa paraguaia, apesar de envolver um trajeto maior e exigências diplomáticas mais complexas, pode ter custos menores na implementação e ser uma solução viável a longo prazo. O Paraguai busca se posicionar como uma nova opção para a importação do gás de Vaca Muerta, competindo diretamente com rotas tradicionais como a via Bolívia.
O cenário da importação de gás argentino pelo Brasil
O Paraguai tem se esforçado para se consolidar como uma alternativa na logística de gás para o Brasil. O país, que atualmente não possui o a esse recurso, vê no projeto uma oportunidade para se integrar ao mercado sul-americano.
Na semana ada, o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Javier Giménez, se reuniu com o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, para discutir a viabilidade do projeto. Como resultado, foi criado um grupo de estudos para avaliar essa opção.
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O impacto da conclusão do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre
O gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, projetado para facilitar o transporte do gás argentino diretamente ao Brasil, tem enfrentado desafios financeiros e estruturais. A conclusão desse projeto exigiria um investimento inicial de aproximadamente R$ 6,8 bilhões, além de possíveis custos adicionais para duplicar o Gasbol, que apresenta gargalos na região Sul.
Diante disso, a comparação entre essa opção e a rota via Paraguai torna-se essencial para definir a melhor solução para a demanda energética brasileira.
Comparação dos custos das rotas de importação
A proposta do Gasoduto Bioceânico, que atravessaria Argentina, Paraguai e Brasil, exigiria a construção de mil quilômetros de dutos. O trecho brasileiro teria cerca de 400 km, ligando o gasoduto paraguaio ao Gasbol, no Mato Grosso do Sul, com um custo estimado de R$ 6,12 bilhões.
Embora essa alternativa demande um alto investimento inicial, os custos de operação e manutenção podem ser mais competitivos a longo prazo. O Paraguai busca atrair investidores para viabilizar esse projeto, o que pode reduzir a necessidade de aportes exclusivamente brasileiros.
Custos e viabilidade do projeto no Rio Grande do Sul
A rota tradicional via Uruguaiana, além dos R$ 6,8 bilhões para sua conclusão, poderia precisar de investimentos adicionais de R$ 2,2 bilhões para a infraestrutura da conexão Siderópolis–Porto Alegre.
Assim, a comparação entre as duas opções evidencia que, apesar da maior distância, a rota via Paraguai poderia se tornar uma alternativa mais econômica, dependendo dos fatores de implementação e financiamento.
Fatores que influenciam a decisão sobre a melhor rota
A escolha entre as rotas não depende apenas dos custos diretos. O tempo de execução, os desafios técnicos e as condições da infraestrutura existente também impactam a decisão.
O gasoduto via Paraguai exigiria novas obras em três países, o que pode trazer desafios diplomáticos e logísticos. Por outro lado, a conclusão do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre demanda reforços na infraestrutura do Gasbol para evitar gargalos na distribuição.
A viabilização do projeto dependerá da capacidade de atrair investimentos internacionais. O Paraguai já demonstrou interesse em captar recursos e se integrar ao mercado energético da América do Sul.
No entanto, o Brasil precisa avaliar a segurança energética e a confiabilidade do suprimento de gás argentino, considerando aspectos como garantia de fornecimento e estabilidade política entre os países envolvidos.
Perspectivas para o futuro da integração do gás argentino no Brasil
O governo brasileiro tem estudado diferentes rotas para interligar os gasodutos do Brasil e Argentina. Além da rota via Paraguai e da conclusão do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, outras opções incluem:
- Utilização da infraestrutura do Gasbol via Bolívia;
- Importação de gás natural liquefeito (GNL) por navios;
- Criação de novas interligações pelo Uruguai.
A EPE continua avaliando todas essas possibilidades para definir a solução mais eficiente e econômica.
O papel do biometano na malha de gasodutos
Pela primeira vez, a EPE incluiu no planejamento a integração do biometano à malha de gasodutos, considerando seu potencial de crescimento no Brasil.
Duas novas rotas foram mapeadas:
- Sertãozinho–São Carlos (SP): com 99,5 km de extensão e estimativa de R$ 577 milhões de investimento;
- Seropédica–Japeri (RJ): com 23 km de extensão e investimento de R$ 185 milhões.
Essas iniciativas indicam que o Brasil não está focado apenas na importação de gás argentino, mas também busca alternativas sustentáveis e economicamente viáveis para ampliar sua matriz energética.