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Incrível território mais quente do mundo: um dos lugares mais inóspitos e fascinantes da Terra, onde nem as bactérias conseguem sobreviver ao calor extremo

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 19/05/2025 às 14:34
Atualizado em 29/05/2025 às 20:20
CALOR - TEMPERATURA - CIDADE MAIS QUENTE DO BRASIL - LUGAR MAIS QUENTE DO MUNDO
Nem o Vale da Morte, nos EUA, nem o deserto de Lut, no Irã! O verdadeiro inferno na Terra está no leste da África: Dallol, o lugar mais quente do mundo, onde nem as bactérias conseguem sobreviver ao calor extremo

Mesmo sem ser uma cidade, Dallol na África é um dos pontos mais quentes e extremos do mundo: um vulcão vivo cercado por sal, ácido e calor sufocante, onde a vida é impossível e o visual parece de outro planeta.

Em um dos cantos mais extremos do planeta, onde o calor parece derreter até a realidade, existe uma paisagem que parece saída de um filme de ficção científica. Dallol, na Etiópia, é um dos lugares mais inóspitos e fascinantes da Terra. Localizado no coração do deserto de Danakil, esse vulcão submerso em cores vibrantes desafia até os conceitos mais básicos da biologia. Apesar de estar no continente que abriga a cidade mais quente do mundo, a verdadeira surpresa de Dallol não é apenas a temperatura recorde, mas o fato de que, mesmo com água, não existe vida.

O inferno colorido do Vale do Rift

A cratera de Dallol está situada na região do Vale do Rift, onde as placas tectônicas africana e somali estão em processo ativo de separação. Esse movimento geológico faz com que o solo literalmente se abra, tornando o ambiente um laboratório natural para geólogos e vulcanologistas. A crosta terrestre ali tem apenas 15 quilômetros de espessura, o que permite que o magma atue quase à flor da terra, criando fontes termais, lagos de ácido e formações de sal inacreditáveis.

As cores intensas – amarelo, verde, ocre, vermelho e laranja – são geradas pela interação entre elementos como enxofre, ferro, potássio e magnésio, além de depósitos salinos formados por antigas invasões do Mar Vermelho que evaporaram com o tempo. Esse cenário é um verdadeiro fenômeno natural, mas é também uma sentença de morte para qualquer organismo vivo.

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O lugar mais quente do mundo? Dallol tem argumentos fortes

De acordo com dados históricos da Organização Meteorológica Mundial, Dallol registrou uma temperatura média anual de 44,6 °C, o que a posiciona como candidata sólida ao título de cidade mais quente do mundo, apesar de não ter um núcleo urbano estabelecido. Em junho, os termômetros chegam facilmente aos 56,7 °C durante o dia, e nem mesmo à noite a temperatura baixa dos 24,6 °C. Trata-se de uma região onde o calor não dá trégua e o corpo humano entra em colapso sem proteção adequada.

Segundo a BBC, o deserto de Danakil é descrito como “um dos lugares mais inóspitos da Terra”. Ainda assim, nômades do povo Afar sobrevivem há séculos ali, extraindo sal em condições brutais. Eles não vivem dentro da cratera, mas nos arredores do deserto, enfrentando jornadas intensas com caravanas de camelos para transportar blocos de sal.

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Por que não há vida, mesmo com água?

Ao contrário do que o senso comum poderia sugerir, a ausência de vida em Dallol não se deve à falta de água. Pelo contrário, há lençóis freáticos e vapor emergindo do subsolo. O problema está na combinação letal entre altíssima acideztemperatura extrema e salinidade absurda. Em um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, cientistas chegaram a acreditar que haviam encontrado microrganismos extremófilos no local, mas mais tarde concluíram que se tratava de contaminação vinda do ar ou de visitantes humanos.

Esse dado é revolucionário: desafia a ideia amplamente aceita de que “onde há água, há vida”. Em Dallol, essa lógica não se aplica.

Erta Ale: o vizinho de lava viva

Se Dallol impressiona por suas cores e sua hostilidade invisível, o vulcão Erta Ale, localizado a poucos quilômetros dali, impressiona pelos olhos. Erta Ale está em erupção constante desde 1967 e abriga um dos poucos lagos permanentes de lava do planeta. Com mais de 600 metros de altura, ele se ergue como o ponto mais elevado da depressão de Afar. À noite, quando o calor dá uma leve trégua, é possível ver o brilho avermelhado da lava derretida a mais de 1.200 °C, uma experiência que muitos descrevem como hipnotizante.

De acordo com a National Geographic, os lagos de lava são raríssimos no planeta, e Erta Ale é um dos melhores exemplos ativos disponíveis para observação contínua.

Viagem ao inferno: é possível visitar?

Sim, é possível conhecer Dallol e Erta Ale por meio de excursões especializadas que saem geralmente de Mekele ou Semera, na Etiópia. Mas o o depende diretamente das condições climáticas e da situação política local. Desde 2020, o país enfrenta uma guerra civil entre o governo central e forças separatistas da região do Tigré, com envolvimento da Eritreia. Estima-se que mais de 600 mil civis morreram nesse conflito, o que representa o pior cenário bélico do século XXI, segundo dados da Amnesty International.

Por isso, recomenda-se fortemente consultar fontes oficiais e empresas de turismo confiáveis antes de planejar a visita. A jornada inclui acampamentos no deserto, caminhadas noturnas até o vulcão e visitas guiadas ao nascer do sol para observar Dallol em sua plenitude cromática, antes que o calor se torne inável.

Outros extremos pelo mundo: da África à Europa

Embora Dallol seja um ponto fora da curva, o planeta abriga outros locais com temperatura recorde. No Vale da Morte, nos Estados Unidos, a maior marca oficialmente aceita pela Organização Meteorológica Mundial foi registrada em 1913, com 56,7 °C em Furnace Creek. O local, também abaixo do nível do mar, já foi cenário de filmes como Star Wars e abriga fenômenos curiosos como as “pedras deslizantes”, que se movem sozinhas com o degelo noturno.

No Irã, o deserto de Lut atingiu 70,7 °C na superfície em 2005, conforme medições por satélite da NASA. Já na Europa, Atenas, capital da Grécia, é conhecida por ostentar a maior temperatura já registrada no continente. E na América do Sul, o município argentino de Rivadavia detém o recorde continental.

O planeta guarda segredos extremos

Dallol não é apenas um ponto geográfico no mapa da África. É um lembrete vivo de como o planeta Terra ainda guarda segredos extremos, onde até a vida se nega a existir. Um lugar onde a beleza e a hostilidade caminham lado a lado e onde o calor é tão opressor que nem os microrganismos resistem. Um espetáculo natural que nos obriga a rever certezas científicas e nos convida, mesmo que com cautela, a explorá-lo com os próprios olhos.

Você teria coragem de visitar um lugar onde até a vida é impossível? Conte para a gente nos comentários ou compartilhe este artigo com seus amigos mais curiosos!

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Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com [email protected] para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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