Em março, o índice ICEI recua novamente; empresários do Sul e do Nordeste perdem otimismo, enquanto apenas três setores cruzam a linha da confiança
O mês de março trouxe novos sinais de preocupação para a indústria nacional. De acordo com levantamento divulgado nesta segunda-feira (31) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) Setorial caiu em 19 setores na comparação com fevereiro. Esse dado reforça um cenário de incerteza que começa a afetar até mesmo os segmentos mais resilientes do setor.
Como consequência, cinco setores importantes deixaram o campo da confiança e aram a demonstrar pessimismo. São eles:
- Veículos automotores
- Impressão e reprodução
- Calçados e suas partes
- Couros e artefatos de couro
- Biocombustíveis
Com isso, o total de setores confiantes recuou de 10 para 8, enquanto o número de segmentos com falta de confiança aumentou de 18 para 21. Portanto, o ambiente de negócios industrial caminha para um clima mais cauteloso, impactando diretamente as decisões de investimento.
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Ainda assim, dez setores registraram melhora no ICEI
Apesar da maioria apresentar recuo, dez setores conseguiram avançar no ICEI. Entre eles, três ultraaram a linha divisória dos 50 pontos, indicando um retorno ao otimismo:
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos
- Máquinas e materiais elétricos
- Obras de infraestrutura
Esses dados mostram que, embora o cenário geral seja desafiador, há setores com potencial de crescimento, principalmente os ligados à tecnologia e infraestrutura, que costumam atrair investimentos mesmo em momentos de instabilidade.
Pequenas indústrias lideram o movimento de queda na confiança
No recorte por porte empresarial, as pequenas indústrias puxaram a retração do índice, com uma queda de 1 ponto, saindo de 47,5 para 46,5 pontos. Isso significa que o pessimismo cresceu entre os pequenos empresários, especialmente devido à dificuldade de o a crédito, à alta carga tributária e à demanda retraída.
Além disso, as médias empresas permaneceram desconfiadas, já que o ICEI se manteve em 48,7 pontos, abaixo da linha de otimismo. Por outro lado, as grandes empresas conseguiram sustentar o otimismo, com o índice ficando em 50,3 pontos, mesmo com uma leve queda de 0,2 ponto. Esse equilíbrio reflete a capacidade das grandes corporações de resistirem melhor aos choques econômicos.
Sul e Nordeste sofrem maior recuo regional da confiança industrial
Do ponto de vista regional, o ICEI revelou que:
- Sul: recuo de 1,3 ponto
- Nordeste: recuo de 1,2 ponto
- Sudeste: estabilidade
- Norte: alta de 2,3 pontos
- Centro-Oeste: alta de 0,9 ponto
Ou seja, enquanto o Sul e o Nordeste enfrentam queda na confiança, os empresários do Norte e Centro-Oeste demonstram mais otimismo. O Sudeste, por sua vez, manteve os mesmos níveis do mês anterior. Essa variação evidencia uma economia com múltiplas velocidades, em que o comportamento regional se torna decisivo para orientar políticas públicas.
Panorama permanece instável, mesmo com avanços pontuais
Mesmo com a melhora em setores específicos e com o avanço em duas regiões, o quadro geral de confiança industrial segue igual ao de fevereiro. Empresários do Sul e Sudeste continuam pessimistas, enquanto os do Centro-Oeste, Norte e Nordeste mantêm alguma esperança de retomada.
A CNI ouviu 1.764 empresas entre os dias 6 e 17 de março de 2025, sendo:
- 699 pequenas empresas
- 654 médias empresas
- 411 grandes empresas
Portanto, com a confiança em queda generalizada, principalmente entre os pequenos empresários e nas regiões mais industrializadas, fica o questionamento: o que é necessário fazer para restaurar a confiança da indústria brasileira e impulsionar um novo ciclo de crescimento?