Adolescente desenvolve o Circadian AI, um aplicativo de triagem que detecta anormalidades cardíacas com alta precisão em apenas segundos, ajudando no diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares.
Um adolescente de 14 anos desenvolveu uma tecnologia capaz de diagnosticar doenças cardíacas em poucos segundos. Siddarth Nandyala, morador do Texas, criou o Circadian AI, um aplicativo de smartphone que consegue identificar anormalidades cardiovasculares de forma rápida e não invasiva.
O nascimento da ideia
Durante quase oito meses, Nandyala dedicou horas diárias ao desenvolvimento do projeto. Seu objetivo era criar uma ferramenta que pudesse identificar doenças cardíacas em seus estágios iniciais, quando normalmente ainda não apresentam sintomas evidentes.
A maioria das anormalidades cardiovasculares a despercebida até que ocorram eventos graves, como infartos ou derrames.
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Os exames tradicionais, como eletrocardiogramas, ecocardiogramas e testes de estresse, geralmente detectam o problema apenas quando o paciente já está em estágio avançado.
Nandyala explica que o foco principal era criar um sistema capaz de auxiliar muitas pessoas por meio de procedimentos de triagem simples, rápidos e não invasivos.
Histórico de inovação
Desde cedo, Nandyala demonstrou interesse por tecnologia, codificação e engenharia. Em 2022, desenvolveu uma prótese de braço com custo de apenas US$ 150 na Índia, muito abaixo dos tradicionais US$ 30.000.
No ano seguinte, fundou a startup STEM IT, especializada em kits educacionais de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Reconhecido pela Câmara de Comércio de Frisco como Inovador do Ano, recebeu apoio financeiro e prêmios, incluindo um Certificado de Reconhecimento da Câmara dos Representantes dos EUA e uma carta de felicitações do então presidente Joe Biden.
Em 2024, criou uma braçadeira com alta precisão para detectar quedas em idosos, superando a eficácia de dispositivos como o Apple Watch.
O impacto das doenças cardíacas
Segundo a Organização Mundial da Saúde, doenças cardíacas continuam sendo a principal causa de morte no mundo, com 19,91 milhões de óbitos registrados em 2021. Só nos Estados Unidos, quase 6,7 milhões de adultos sofrem de insuficiência cardíaca, com projeção de crescimento para 11,4 milhões até 2050.
Nandyala destaca que mesmo uma única vida salva já representa um grande avanço. A detecção precoce permite iniciar tratamentos antes que a situação se agrave, melhorando a qualidade de vida e reduzindo custos de saúde.
Porém, em muitos países de baixa e média renda, a ausência de programas de saúde preventiva dificulta o diagnóstico precoce. Aproximadamente 80% das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem nessas regiões, segundo estudos.
O desenvolvimento do aplicativo
Para criar um produto funcional, Nandyala visitou diversos hospitais e conversou com médicos, pacientes e profissionais da saúde. A coleta de dados foi essencial para treinar e aperfeiçoar o modelo de inteligência artificial do aplicativo. O processo envolveu vários ajustes até atingir um nível de precisão satisfatório.
Segundo o jovem, cada interação com especialistas durante a fase de desenvolvimento foi importante para aprimorar o sistema.
Como funciona o Circadian AI
O aplicativo é de uso clínico, operado por profissionais capacitados. Para realizar o exame, o usuário aproxima o smartphone do peito.
O aparelho grava os sons do coração, utilizando técnicas de cancelamento de ruído para filtrar sons externos, permitindo uma leitura precisa mesmo em locais barulhentos.
Os dados captados am por algoritmos de amplificação e são enviados para um modelo de aprendizado de máquina na nuvem.
O sistema, então, fornece uma análise geral sobre a saúde cardíaca, indicando o que está dentro da normalidade e o que pode exigir acompanhamento médico.
O aplicativo identifica arritmias, sinais precoces de insuficiência cardíaca, possíveis problemas nas válvulas e indícios de doenças arteriais coronarianas.
Resultados dos testes
O Circadian AI foi testado em milhares de pacientes tanto nos Estados Unidos quanto na Índia. Nos EUA, cerca de 15 mil pessoas participaram dos testes.
Na Índia, o número chegou a 3.500. Em um hospital na cidade de Guntur, na Índia, o aplicativo diagnosticou aproximadamente dez pacientes com doenças cardiovasculares, posteriormente confirmadas por exames clínicos tradicionais.
A taxa de precisão relatada pelo jovem inventor ultraa os 96%, embora ele reconheça que pode haver variações dependendo das condições de cada exame.
Planos de expansão e desafios
Atualmente, Nandyala trabalha para obter aprovações regulatórias necessárias. Com as licenças em mãos, pretende disponibilizar o aplicativo em larga escala, tanto nos EUA quanto na Índia e em outros países, principalmente em clínicas e postos de saúde voltados para exames em massa.
O eletrofisiologista Jameel Ahmed, da Universidade Estadual da Louisiana, avalia positivamente o projeto. Ele afirma que o aplicativo pode beneficiar populações com o limitado a cuidados médicos. Ahmed considera notável que um jovem de 14 anos tenha desenvolvido uma ferramenta com potencial para ajudar milhões de pessoas.
Segundo Ahmed, tecnologias como essa ganham força com o avanço da inteligência artificial e o barateamento dos dispositivos eletrônicos.
No entanto, ele também aponta limitações, especialmente relacionadas à qualidade dos microfones dos smartphones, que podem interferir na precisão das leituras. Tradicionalmente, médicos utilizam estetoscópios para avaliar sons cardíacos, mas mesmo esses métodos exigem exames complementares de imagem para confirmar diagnósticos.
Ferramenta de triagem, não de diagnóstico definitivo
Nandyala enfatiza que o Circadian AI não substitui exames médicos convencionais, como ecocardiogramas ou eletrocardiogramas. O aplicativo serve como um sistema de triagem inicial, ajudando a identificar pessoas que precisam de avaliação médica mais detalhada.
A intenção, explica o jovem, é oferecer uma análise preliminar que possa encaminhar o paciente para o cuidado adequado, principalmente em locais onde o o à saúde é limitado.
Novos projetos em andamento
Mesmo após o sucesso com o Circadian AI, Nandyala já trabalha em novas aplicações. Seu próximo objetivo é adaptar a tecnologia para captar sons pulmonares e detectar doenças como embolia pulmonar, acúmulo de líquidos e pneumonia.
Para o jovem inventor, o trabalho está apenas começando. “Não quero parar aqui”, afirma ele, demonstrando o mesmo entusiasmo que o guiou desde o início da jornada.