Modelo de luxo quase zero quilômetro vira dor de cabeça por detalhe no número de chassi do para-brisa
Imagine adquirir um super SUV como o Lamborghini Urus, praticamente zero quilômetro, com motor potente, visual impecável e tudo o que um entusiasta automotivo poderia sonhar — mas com um detalhe capaz de transformar o sonho em um pesadelo: a ausência do número de chassi do para-brisa. Esse é o caso de um Urus Performante que será leiloado nos Estados Unidos, classificado como perda total com apenas 83 km rodados.
A história tem chamado atenção de colecionadores e compradores ousados: o carro está praticamente novo, com apenas 52 milhas (cerca de 83 km) registradas no hodômetro. Equipado com motor V8 biturbo de 657 cavalos, tração integral e todos os elementos aerodinâmicos característicos da versão Performante, o SUV da marca italiana exibe um acabamento impecável e nenhuma avaria estrutural. Ainda assim, foi classificado como “salvage”, ou seja, perda total, apenas porque o número de chassi do para-brisa foi removido.
Ausência do número de chassi do para-brisa torna o Lamborghini Urus legalmente inviável em alguns estados
Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, o número de identificação veicular (VIN) — chamado aqui de número de chassi — precisa estar visível em pontos estratégicos do carro, sendo o mais importante deles a área próxima ao para-brisa. Esse padrão facilita a verificação por autoridades de trânsito e evita fraudes ou adulterações.
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No caso deste Lamborghini Urus, o carro não sofreu acidentes, não foi danificado por enchentes e não tem nenhuma falha mecânica. O problema todo reside no fato de que o número de chassi do para-brisa foi removido, o que levanta suspeitas e impede o licenciamento em vários estados norte-americanos. Ainda que o VIN possivelmente exista em outras partes da carroceria — como no cofre do motor ou no chassi inferior —, a ausência no para-brisa é suficiente para torná-lo juridicamente impróprio para circular.
Com isso, o Lamborghini Urus foi declarado perda total com 83 km, mesmo estando em condições mecânicas e visuais praticamente perfeitas.
Apesar de completo, Lamborghini Urus declarada perda total com 83 km surpreende compradores
Quem vê as imagens do veículo no site do leilão pode até duvidar que há algo de errado com ele. O modelo está com a chave original, interior intacto, pintura amarela sem arranhões e pneus praticamente novos. Mesmo assim, a classificação como “salvage” se mantém. De acordo com a seguradora responsável, o critério é claro: a falta do VIN visível no local obrigatório compromete o processo de registro do veículo, além de abrir margem para interpretações sobre possível roubo, clonagem ou adulteração.
A decisão de considerar o Lamborghini Urus perda total com 83 km foi tomada com base nos regulamentos locais. Para algumas seguradoras, esse tipo de alteração, mesmo que pequena, acarreta um risco jurídico alto demais para permitir a circulação legal do veículo. Em casos como esse, o prejuízo é inevitável — não pelo estado físico do carro, mas por sua situação documental.
Seguradora confirma que ausência do número de chassi do para-brisa gera prejuízo milionário
Especialistas apontam que esse Lamborghini Urus poderia facilmente ultraar os 250 mil dólares no mercado convencional. No entanto, por conta da classificação “salvage”, seu valor de revenda cai drasticamente. A ausência do número de chassi do para-brisa transforma o carro em um ativo de risco, e os potenciais compradores já sabem que terão de enfrentar longos trâmites burocráticos para tentar regularizar a situação.
Segundo a seguradora que avaliou o caso, a perda é considerada “milionária” se levado em conta o valor potencial de mercado da versão Performante em condição de fábrica. Mesmo que algum comprador consiga restaurar o VIN com apoio de um departamento estadual de trânsito, o histórico “salvage” acompanhará o veículo para sempre, impactando severamente sua revenda.
Alguns estados permitem reemissão do VIN, mas Lamborghini Urus seguirá com histórico comprometido
Há uma pequena luz no fim do túnel para quem estiver disposto a comprar o carro mesmo com o título comprometido. Alguns estados norte-americanos permitem que o proprietário solicite uma nova identificação veicular após verificação física do carro, emitindo um novo número de chassi ou mesmo reinstalando uma etiqueta aprovada pelas autoridades. No entanto, esse é um processo complexo, demorado e nem sempre garantido.
Além disso, mesmo que o processo seja bem-sucedido, o Lamborghini Urus seguirá registrado como perda total com 83 km, o que compromete fortemente sua atratividade no mercado de colecionadores e de compradores que exigem documentação limpa.
Para muitos, esse Urus se tornará apenas um projeto exclusivo de pista, um carro para ser utilizado em track days ou eventos fechados — onde o licenciamento não é exigido. Ainda assim, a potência bruta e o design icônico do modelo fazem dele um item de desejo.
Lamborghini Urus declarada perda total com 83 km escancara limites entre estética e legalidade veicular
O caso também levanta um debate importante sobre os critérios usados para classificar um veículo como perda total. Afinal, um carro que funciona perfeitamente, que nunca se envolveu em acidente e tem menos de 100 km rodados, pode mesmo ser considerado irrecuperável apenas por um detalhe documental?
No mundo dos veículos de luxo, essa linha entre estética e legalidade é cada vez mais fina. O episódio do Lamborghini Urus declarada perda total com 83 km mostra que, por mais que o visual esteja perfeito, a documentação ainda é soberana.
A ausência do número de chassi do para-brisa é, nesse caso, mais grave do que qualquer dano físico — e isso deve servir de alerta para quem negocia supercarros, seja nos EUA ou no Brasil.
Ao final desta saga, fica claro que possuir um supercarro não é sinônimo de tranquilidade. Mesmo um Lamborghini Urus com 83 km pode se tornar um pesadelo legal e financeiro. A ausência de um simples número de chassi no para-brisa foi suficiente para desencadear um processo de desvalorização milionária, impedindo o uso do carro em vias públicas e afastando compradores tradicionais.
Ainda assim, o veículo representa uma oportunidade singular para quem deseja um projeto audacioso — ou simplesmente um brinquedo de luxo para pistas fechadas. O caso serve de lição: no universo dos supercarros, um detalhe aparentemente pequeno pode fazer toda a diferença entre a glória e a perda total.