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Homem faz barra de ouro com lixo eletrônico; Como esse processo é possível

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
20/05/2025 às 20:39
Atualizado 21/05/2025 às 06:39
lixo eletrônico, ouro, barra de ouro
Foto: Reprodução

Como um homem transformou placas de computador em uma barra de ouro — entenda o processo químico usado e os desafios ambientais por trás do lixo eletrônico

Uma pequena barra de ouro, feita inteiramente a partir de lixo eletrônico, chamou a atenção nas redes sociais.

Você já pensou que aquele velho computador quebrado, esquecido no fundo do armário, poderia conter ouro? Um vídeo viral na internet mostrou exatamente isso: um homem conseguiu extrair ouro de placas eletrônicas descartadas e, com o material obtido, forjou uma pequena barra dourada.

A cena chamou atenção e gerou curiosidade: como esse processo é possível?

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Por trás da aparência comum dos circuitos eletrônicos, há uma combinação de metais valiosos, entre eles o ouro. O vídeo Rrevelou uma realidade muitas vezes ignorada: o lixo eletrônico pode ser um verdadeiro tesouro — se soubermos como processá-lo.

O valor escondido no lixo eletrônico — é uma verdadeira barra de ouro

O vídeo começa com o homem recolhendo pedaços de placas eletrônicas, especificamente aqueles que contêm áreas metálicas douradas.

A maior parte desses fragmentos vem de conectores e terminais de memória RAM, além de pinos de processadores. O brilho dourado não é pintura: é ouro de verdade.

Esse uso do ouro não é novidade. Na indústria eletrônica, o material é aplicado em camadas finíssimas sobre outros metais.

Embora a prata tenha uma condutividade elétrica superior, o ouro possui uma vantagem decisiva: ele não oxida nem sofre corrosão com o tempo. Isso o torna ideal para garantir conexões estáveis e confiáveis, mesmo após muitos ciclos de uso.

É por esse motivo que o ouro é usado em componentes de precisão, como sistemas de comunicação, equipamentos médicos e até satélites. Apesar do custo alto, o banho de ouro garante desempenho constante.

Separando o ouro dos outros metais

Depois de reunir os pedaços metálicos, o homem inicia um processo químico. Primeiro, usa ácido nítrico para remover os metais menos nobres. Em seguida, provavelmente ele aplica água régia — uma mistura de ácido clorídrico com nítrico — para dissolver o ouro presente nas placas. O metal é então recuperado por precipitação química.

Durante a reação, a solução no recipiente muda de cor. Isso acontece porque, além do ouro, outros metais como cobre e estanho também reagem com os ácidos, formando compostos coloridos.

A aparência da mistura pode enganar, mas essas mudanças fazem parte do processo de purificação.

Após a dissolução, é adicionado um agente precipitante, que separa o ouro da solução. Ele se transforma em um pó fino, que é então filtrado, seco e aquecido em uma forja. Derretido, o ouro é moldado em uma pequena barra — o ponto alto do vídeo e da técnica.

Não faça isso em casa

Embora o processo mostrado seja tecnicamente viável, ele envolve riscos sérios, por conta disso, é crucial que esse processo seja feito em um laboratório e com profissionais capacitados.

Os ácidos usados são extremamente corrosivos e liberam vapores tóxicos. Além disso, o manuseio incorreto pode causar acidentes graves.

Outro ponto é a quantidade de material necessária. Para produzir uma única barra, o homem precisou de uma grande quantidade de lixo eletrônico acumulado.

Mesmo assim, o ouro recuperado representa apenas uma fração mínima do total de placas processadas.

A façanha impressiona, mas exige conhecimento em química, equipamentos de segurança e bastante paciência.

YouTube Video

O desafio ambiental do lixo eletrônico

O vídeo também destaca um problema crescente: o descarte de resíduos eletrônicos. Conhecido como e-lixo, esse tipo de resíduo inclui desde celulares antigos até placas-mãe de computadores.

Diferente de outros tipos de lixo, como plástico ou vidro, o lixo eletrônico contém metais pesados e compostos tóxicos.

Se descartado de forma incorreta, ele pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, gerando riscos ambientais graves.

Além disso, a rápida evolução da tecnologia torna esse problema ainda mais urgente.

Cada novo lançamento de celular ou computador torna o modelo anterior obsoleto. Isso estimula o consumo e aumenta a quantidade de aparelhos descartados.

O mundo já está sufocado de eletrônicos

Segundo o relatório Global E-waste Monitor 2024, divulgado pela ONU, a humanidade gerou 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2022. É o equivalente a mais de 1,7 milhão de caminhões lotados.

Apenas nos EUA, cada cidadão descartou, em média, 21 kg. Já na Noruega, esse número foi de 27 kg por pessoa — o maior do mundo.

Boa parte desse volume não é reciclada. Apenas 22% do lixo eletrônico global foi processado de forma adequada.

O restante foi parar em aterros, incinerado ou simplesmente exportado para países pobres. Nesses locais, o lixo é frequentemente tratado de maneira informal, sem proteção para os trabalhadores ou para o meio ambiente.

O lixo como mina urbana

Apesar do problema ambiental, o lixo eletrônico guarda um imenso valor. Metais representam metade do volume total, e só em 2022, esses materiais somaram um valor estimado de 91 bilhões de dólares.

Entre os metais mais valiosos estão ouro, cobre, ferro, platina e elementos de terras raras, como o neodímio — essencial para turbinas e baterias.

Recuperar esses metais é o que especialistas chamam de “mineração urbana”. Ao invés de cavar a terra em busca de minerais, o foco está em reutilizar o que já foi produzido.

Essa prática evita danos ambientais, reduz emissões de gases de efeito estufa e diminui a dependência de países com grandes reservas minerais.

Se o mundo reciclasse adequadamente todo o lixo eletrônico, seria possível evitar a emissão de 52 milhões de toneladas de CO₂ por ano, segundo o relatório da ONU.

Por que reciclamos tão pouco?

A resposta envolve vários fatores. Falta de regulamentação, má gestão de resíduos e desinteresse do consumidor são alguns dos principais problemas.

Muitas empresas não oferecem sistemas adequados de descarte. E os consumidores, por sua vez, muitas vezes não sabem como ou onde reciclar.

A falta de tecnologia também é um obstáculo. Reciclar ouro e metais raros exige métodos caros e complexos.

A maioria das usinas de reciclagem ainda não tem estrutura para processar eletrônicos de forma eficiente e segura.

Startups buscam soluções viáveis para o lixo eletrônico

Mas nem tudo está perdido. Empresas como a neozelandesa Mint Innovation estão desenvolvendo novas formas de extração de metais usando química verde, biotecnologia e eletricidade.

O objetivo é tornar o processo mais barato, seguro e sustentável.

A Royal Mint, no Reino Unido, também entrou na corrida. Com apoio do governo, a instituição aposta na recuperação de metais preciosos como alternativa à mineração tradicional.

Para eles, o lixo eletrônico é a nova fonte de riqueza do século 21.

Por que ouro é tão usado na tecnologia

Mesmo sendo caro, o ouro continua essencial em aplicações críticas. Ele garante que sinais elétricos se mantenham estáveis, mesmo com o ar do tempo.

Em equipamentos médicos, por exemplo, onde qualquer falha pode ser fatal, o ouro é usado por sua confiabilidade.

A indústria aeroespacial também depende do material. Satélites, sondas e sistemas de comunicação em geral precisam operar por anos sem manutenção, e o ouro é uma garantia de desempenho constante.

O futuro está nas gavetas

Todos os dias, toneladas de celulares, tablets, impressoras e laptops são descartados no mundo. Muitos desses aparelhos acabam esquecidos em armários e gavetas, acumulando poeira. Mas o vídeo do homem que fez uma barra de ouro serve de alerta: esse lixo tem valor.

A reciclagem correta e consciente pode transformar resíduos em recursos. Com políticas certas, educação ambiental e tecnologia ível, o lixo eletrônico pode deixar de ser um problema e virar solução.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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