1. Início
  2. / Geopolítica
  3. / Lula defende mais coragem do Brasil em cenário geopolítico instável e destaca parceria com o Chile
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Lula defende mais coragem do Brasil em cenário geopolítico instável e destaca parceria com o Chile

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 23/04/2025 às 18:42
O Chile destaca-se como parceiro confiável e estável; Lula defende que o Brasil aproveite esse cenário geopolítico para fortalecer laços.
Foto: CNI

O Chile destaca-se como parceiro confiável e estável; Lula defende que o Brasil aproveite esse cenário geopolítico para fortalecer laços e crescer com coragem.

Durante o encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile, realizado em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um forte apelo à coragem e à ação estratégica diante das mudanças no cenário geopolítico global. Em um momento de instabilidade nos mercados internacionais, Lula ressaltou que o Brasil não pode se deixar intimidar, mas sim enxergar oportunidades em meio aos desafios.

“O nosso crescimento econômico depende, exclusivamente, da nossa vontade de crescer e de construir relações estratégicas”, afirmou o presidente, ao lado do chefe de Estado chileno, Gabriel Boric.

O evento foi promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Sociedad de Fomento Fabril (SOFOFA), e reuniu mais de 250 representantes do setor empresarial.

Dia
ATÉ 90% OFF
💘 Dia dos Namorados Shopee: até 20% OFF com o cupom D4T3PFT! Só até 11/06!
Ícone de Episódios Comprar

Parceria Brasil-Chile ganha novo impulso

O encontro entre os líderes reforçou a aliança entre Brasil e Chile, dois países que, apesar das diferenças, compartilham valores democráticos e um histórico de cooperação econômica.

Lula destacou que a atração de investimentos está diretamente ligada à competitividade, e que isso depende de fatores como educação, ciência e formação de mão de obra qualificada.

Já Boric, em um discurso marcado pela firmeza, enfatizou que o Chile continua sendo um parceiro confiável.

“O Chile é um parceiro confiável, um país estável e que respeita as regras do jogo; e nosso compromisso com a estabilidade socioeconômica torna o nosso país um ótimo destino para investir, especialmente neste tempo de turbulências”, pontuou.

Com um comércio bilateral que ultraou os US$ 11,7 bilhões em 2024, sendo US$ 6,7 bilhões em exportações brasileiras e US$ 5 bilhões em importações do Chile, a relação entre os dois países vai além da retórica.

A presença maciça de empresas de transformação no intercâmbio — com 69,8% das exportações brasileiras para o Chile e 64,8% das importações brasileiras compostas por produtos industrializados — mostra que há um ecossistema de negócios forte e promissor.

Três prioridades estratégicas entre Brasil e Chile

Durante o fórum, o vice-presidente da CNI, Mário Aguiar, apresentou três prioridades para fortalecer ainda mais essa parceria:

  1. Implementação do novo regime de origem: A atualização das regras de origem é o último o para completar o Acordo de Livre Comércio entre os dois países. O texto já foi negociado e está em fase de tradução, com expectativa de entrada em vigor ainda em 2025.
  2. Conclusão do Acordo de Reconhecimento Mútuo de OEA: Esse acordo facilitará o comércio ao reconhecer mutuamente as certificações de operadores econômicos autorizados, reduzindo burocracias alfandegárias e custos logísticos.
  3. Ampliação da cooperação regulatória internacional (CRI): O foco inicial está no setor de cosméticos, mas o modelo poderá ser expandido para outras áreas, melhorando a fluidez do comércio bilateral.

Um novo olhar sobre comércio e desenvolvimento

O discurso de Lula foi além da economia. Ele chamou atenção para o papel do Brasil na construção de uma nova ordem internacional mais equilibrada.

“Esse não é momento de ficar com medo, é o momento de criar coragem e decidir o que queremos ser”, afirmou. A fala reflete uma visão de geopolítica onde o Brasil se posiciona como um ator ativo, buscando diversificar parceiros comerciais e evitar dependência de grandes potências.

O Chile, por sua vez, segue apostando na diplomacia comercial como ferramenta de estabilidade. Boric reforçou que o país não irá se alinhar exclusivamente a nenhuma potência global, mas sim manterá sua autonomia estratégica por meio de acordos com parceiros diversos — e o Brasil ocupa lugar de destaque nesse plano.

Além dos líderes políticos, o fórum contou com empresários, representantes de cooperativas e gestores de pequenas e médias empresas.

Paralelamente ao evento principal, painéis específicos discutiram temas como empreendedorismo feminino, integração de cadeias produtivas e finanças sustentáveis.

Segundo Mário Aguiar, a colaboração entre o poder público e o setor produtivo é essencial para transformar ideias em políticas efetivas.

“Com entendimento e união dos empresários do poder público, Brasil e Chile podem encontrar soluções eficazes para enfrentar os desafios comuns e para aproveitar as oportunidades que estão se abrindo em meio ao atual cenário de incerteza”, declarou.

Energia, turismo e inovação: eixos do futuro

Durante os painéis, setores estratégicos como energia limpa, turismo sustentável e inovação tecnológica foram destacados como áreas prioritárias para expansão da cooperação entre Brasil e Chile.

A agenda verde, em especial, recebeu atenção por estar alinhada aos compromissos climáticos assumidos por ambos os países.

A transição energética, a digitalização e a modernização das cadeias produtivas foram apontadas como caminhos para um crescimento mais inclusivo e sustentável.

Nesse sentido, os dois países buscam desenvolver projetos conjuntos que envolvam desde a capacitação técnica até a criação de marcos regulatórios comuns.

A sintonia entre Lula e Boric no evento deixou claro que, apesar das diferenças ideológicas, há um forte desejo de aprofundar os laços. Ambos os presidentes defendem um modelo de desenvolvimento baseado na justiça social, respeito ao meio ambiente e valorização da democracia.

Essa afinidade se reflete também no posicionamento comum diante dos desafios geopolíticos: nenhum dos dois quer se submeter à lógica de blocos rígidos ou ao protecionismo exacerbado. Ao contrário, buscam flexibilidade, diálogo e construção de pontes — especialmente entre países latino-americanos.

Com acordos em andamento, troca de experiências e fortalecimento institucional, Brasil e Chile caminham para uma integração regional mais profunda, baseada em confiança mútua e benefícios concretos para seus povos. O momento é de otimismo cauteloso, mas o potencial é enorme.

O Fórum Empresarial Brasil-Chile simboliza esse novo tempo, em que a geopolítica deixa de ser um jogo de forças distantes e a a ser construída com base na cooperação regional e na ação estratégica.

Inscreva-se
Entre com
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
s
Visualizar todos comentários

Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x