Lula visitará a Rússia e China em maio para reforçar laços comerciais e discutir geopolítica, buscando equilíbrio entre grandes potências, mas sem romper com os EUA.
Em maio, o presidente Lula (PT) embarca em um giro estratégico por Rússia e China, dois dos principais polos geopolíticos do cenário global atual. A agenda, confirmada pelo Itamaraty, evidencia o papel ativo que o Brasil pretende desempenhar nas relações internacionais em um momento de intensas tensões entre potências globais.
Rússia: diplomacia em meio à guerra
A primeira parada da viagem será Moscou, entre os dias 8 e 10 de maio. Lula deve abordar diretamente o conflito entre Rússia e Ucrânia, posicionando-se como um possível mediador ou, no mínimo, como uma voz do Sul Global em busca da paz.
Além das conversas sobre a guerra, o presidente brasileiro participará da cerimônia de 80 anos do “Dia da Vitória”, uma data emblemática que marca a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
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O evento tem forte peso simbólico na política russa e é uma oportunidade para Lula reforçar laços diplomáticos em um momento em que o Ocidente impõe sanções severas ao governo de Vladimir Putin.
China: comércio, investimentos e alinhamento estratégico
De Moscou, Lula segue para a China, onde estará entre os dias 12 e 13 de maio. O ponto alto da visita será o encontro entre os países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e o presidente Xi Jinping.
A visita reflete a prioridade dada à relação com Pequim, o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Apenas nos três primeiros meses de 2025, a corrente de comércio entre os dois países chegou a US$ 38,8 bilhões, sendo US$ 19,8 bilhões em exportações brasileiras e US$ 19 bilhões em importações de produtos chineses.
O comércio entre Brasil e China cresce de forma robusta, sem, no entanto, prejudicar as relações com os Estados Unidos. Ainda assim, a balança com os norte-americanos é deficitária: o Brasil exportou US$ 9,7 bilhões e importou US$ 10,3 bilhões no mesmo período.
Lula busca equilíbrio em meio à disputa entre potências
Apesar de se aproximar da China e da Rússia, Lula reforça o discurso de neutralidade na nova Guerra Fria econômica entre Estados Unidos e China.
Em declaração recente ao lado do presidente chileno Gabriel Boric, o petista foi direto: “Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos e quero ter relação com a China”.
Esse discurso, no entanto, vem sendo acompanhado de uma prática que sugere maior abertura à Ásia e à Eurásia, sobretudo quando o foco é infraestrutura, comércio e cooperação estratégica.
A movimentação de Lula revela uma estratégia clara: reposicionar o Brasil como ator global relevante, ampliando sua autonomia diplomática e fortalecendo alianças além do eixo tradicional ocidental.
Ao participar ativamente de discussões sobre temas sensíveis — como a guerra na Ucrânia — e ao negociar acordos comerciais bilionários com China e Rússia, Lula busca consolidar o Brasil como uma potência regional com influência global.