Conheça a megaobra de transposição do Rio São Francisco. Projeto hídrico conta com 477 km de canais de extensão e revoluciona o combate à seca no Nordeste.
Megaobra no Nordeste: A transposição do Rio São Francisco é uma das maiores obras de infraestrutura hídrica do Brasil, projetada para reduzir os impactos da seca no Nordeste e levar água a regiões historicamente afetadas pela escassez. Com 477 km de canais de concreto já construídos, o projeto está dividido em dois eixos principais: Norte e Leste, beneficiando milhões de pessoas em estados como Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A expectativa, porém, é que o alcance da obra seja ampliado. Atualmente, novas etapas estão em andamento, e um projeto complementar está previsto para ser iniciado em 2025, reforçando a importância da transposição para a segurança hídrica e o desenvolvimento sustentável da região.
A transposição do Rio São Francisco
A primeira menção ao projeto hídrico de transposição do Rio São Francisco ocorreu na década de 1840 durante o império do Brasil. Dom Pedro II, em visita ao Nordeste, foi apresentado a ideia de canalizar as Águas do São Francisco para regiões afetadas pelas secas. Contudo, as limitações técnicas e financeiras da época impediram que a megaobra fosse adiante.
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A devastadora seca de 1877 a 1879, que dizimou cerca de 10% da população do Ceará, reascendeu o debate sobre a viabilidade da transposição do Rio São Francisco. Durante a seca, engenheiros foram enviados à região para estudar possíveis soluções. A construção de açudes e barragens como o açude do Cedro foi uma das alternativas propostas.
Apesar disso, a transposição do Rio São Francisco continuava a ser vista como a solução definitiva para o problema da seca, porém o projeto hídrico enfrentou inúmeras dificuldades ao longo das décadas seguintes, sendo retomado apenas no século XX com avanços na tecnologia e na engenharia.
O projeto moderno da transposição do Rio São Francisco começou a ganhar a forma em 1985, no departamento Nacional de obras e saneamento. Em 1999 o projeto foi transferido para o Ministério da Integração Nacional. Embora considerado estratégico para o Nordeste, a megaobra enfrentou disputas judiciais e burocráticas que atrasaram seu início.
Entenda como é composta a Megaobra do Nordeste
Em Julho de 2007 as obras começaram, marcando o início de uma das maiores construções hídricas do mundo.
Originalmente a transposição do Rio São Francisco previa a construção de 699 km de canais e diversos ramais adicionais. No entanto, os governos Lula e Dilma reduziram o projeto hídrico para 477 km, cerca de 68% do plano Inicial.
Essa mudança ainda incluiu a construção de infraestrutura monumental, como 13 aquedutos, 9 estações de bombeamento, 27 reservatórios e 4 túneis, sendo o Cuncas 1, o maior da América Latina, com 15 km de extensão.
O eixo Norte com 260 km de extensão e o eixo Leste com 217 km, foram os dois principais componentes do projeto. O eixo Norte Visa alimentar importantes rios e açudes, enquanto o eixo Leste fornece água para o Sertão e o Agreste. Esses eixos são fundamentais para garantir o abastecimento de água em regiões que historicamente sofrem com a seca.
Transposição do São Francisco terá PPP em 2025
Vale mencionar que o governo federal está prestes a fechar um contrato de gestão das águas da transposição do rio São Francisco com os quatro estados beneficiados pelo projeto, sendo eles Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Paralelamente à do contrato, entrará em fase decisiva a modelagem de uma parceria público-privada (PPP) para operação dos dois eixos (Norte e Leste) da transposição, que hoje é feita pela Secretaria Nacional de Segurança Hídrica do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
A PPP significa que a futura empresa responsável pela gestão e operação das águas também receberá aportes públicos para fechar as contas do projeto. Segundo Waldez, um dos compromissos a serem assumidos pela concessionária é a instalação de novos conjuntos de bombas de elevação das águas do projeto hídrico.