Descoberta arqueológica surpreende especialistas ao revelar a durabilidade do mel e sua importância para civilizações antigas como Egito, Mesopotâmia e Suméria. O produto natural já era utilizado há mais de 8 mil anos.
Uma descoberta impressionante no Egito está chamando a atenção do mundo científico e do público em geral: arqueólogos encontraram mel com mais de 3 mil anos em perfeito estado de conservação dentro de uma tumba egípcia. O alimento foi identificado em vasos de cerâmica lacrados, e, para surpresa dos pesquisadores, ainda estava próprio para consumo. Esse achado não apenas destaca a impressionante durabilidade do mel ao longo dos séculos, mas também reacende o interesse sobre como os povos antigos usavam essa substância em sua alimentação, medicina e até em rituais religiosos.
Além disso, há registros que apontam que a coleta de mel remonta a mais de 8 mil anos, o que torna essa iguaria um elo direto entre o presente e as civilizações do ado.
Por que o mel com 3 mil anos estava conservado?
Segundo os especialistas, a conservação do mel por tanto tempo é possível graças à sua composição química. Apesar do sabor adocicado, o mel possui baixa umidade e um pH naturalmente ácido (entre 3,0 e 4,5), o que dificulta a proliferação de fungos e bactérias. Além disso, durante a produção, as abelhas adicionam uma enzima chamada glicose oxidase ao néctar das flores. Essa enzima transforma o néctar em ácido glucônico e peróxido de hidrogênio — popularmente conhecido como água-oxigenada — que tem ação antisséptica.
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Essas propriedades tornam o mel um dos poucos alimentos com prazo de validade praticamente indefinido, desde que mantido em condições ideais. Foi o que ocorreu com os vasos selados descobertos nas tumbas egípcias, que permaneceram intactos durante milênios.
A importância do mel com 3 mil anos no Egito Antigo
O mel não era apenas um alimento no Egito Antigo — ele também tinha funções medicinais e religiosas. Pinturas em relevos datadas do século III a.C mostram trabalhadores egípcios coletando mel de colmeias. Há registros históricos de que Ramsés III ofereceu 21 mil jarros de mel ao deus Hapi, divindade ligada ao rio Nilo.
A presença do mel em tumbas reais indica que ele também era considerado um bem valioso para a vida após a morte, muitas vezes incluído nos sepultamentos como fonte de alimento no além.
Mel mais antigo do mundo
O uso do mel remonta a mais de 8 mil anos. A evidência mais antiga está nas pinturas rupestres da caverna de La Araña, em Valência, na Espanha. A arte rupestre mostra uma figura humana pendurada em cipós tentando alcançar uma colmeia para coletar mel silvestre, retratando a prática de apicultura primitiva.
Na Mesopotâmia, uma tábua de argila com 4 mil anos, encontrada na antiga cidade suméria de Nippur, traz uma receita medicinal com mel, azeite, água e óleo de cedro, usada no tratamento de feridas.
Já na tradição cristã, o mel também aparece como parte da dieta de João Batista, mencionado no Novo Testamento. E até em campanhas militares, como a do general cartaginês Aníbal, o mel foi utilizado para alimentar tropas durante a travessia dos Alpes rumo ao Império Romano.
O mel na medicina chinesa e nas tradições orientais
Na medicina tradicional chinesa, o mel é classificado como uma substância neutra que atua sobre pulmões, baço e intestinos. Durante a dinastia Zhou Oriental (770 a 256 a.C), o mel era reservado para a realeza e utilizado em pratos sofisticados, incluindo receitas com larvas de abelha.
Sua versatilidade e valor nutricional sempre foram reconhecidos pelas culturas orientais, o que reforça sua importância universal ao longo da história.
Mel mais antigo do mundo tem 5.500 anos
Embora o mel encontrado em tumba egípcia tenha 3 mil anos, o mel mais antigo do mundo foi identificado na Geórgia, em um túmulo próximo à aldeia de Sakire, datado de aproximadamente 5.500 anos. No local, arqueólogos encontraram vasos de cerâmica contendo restos de mel e flores, o que sugere que o alimento era oferecido como provisão para a vida após a morte.
Essa descoberta é 2.500 anos mais antiga do que o mel encontrado na famosa tumba do faraó Tutancâmon, escavada em 1922.
Um alimento milenar que atravessa civilizações
Essas descobertas demonstram que o mel é mais do que um simples alimento — ele é um testemunho da inteligência e do conhecimento dos povos antigos. Sua presença em diferentes civilizações, da Europa à Ásia, ando pelo norte da África e Oriente Médio, revela um legado milenar de uso medicinal, ritualístico e nutricional.
Além de ser uma fonte natural de energia e antioxidantes, o mel é símbolo de pureza, preservação e conexão com a natureza. Sua resistência ao tempo impressiona e reforça seu valor como um dos alimentos mais completos e duráveis da humanidade.
A descoberta do mel com 3 mil anos no Egito prova que algumas tradições da humanidade são mais antigas — e mais bem preservadas — do que se imaginava. O mel atravessou eras, reinados e continentes, permanecendo relevante até os dias de hoje.
Entre seus múltiplos usos, destaca-se não apenas como alimento, mas também como agente de cura, oferenda espiritual e ingrediente de luxo. Seja em rituais egípcios, receitas sumérias, ou na medicina chinesa, o mel se consolida como um elo natural entre ado e presente, mantendo viva a memória de nossos ancestrais.