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Mineral raro da Indonésia rende US$ 6,8 bilhões ao ano, mas está destruindo ecossistemas e ameaçando vidas

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 03/02/2025 às 22:19
Mineral raro da Indonésia rende US$ 6,8 bilhões ao ano, mas está destruindo ecossistemas e ameaçando vidas
A Indonésia extrai níquel principalmente em ilhas como Sulawesi e Halmahera, onde grandes empresas mineram o solo em busca do mineral. Depois, o níquel é refinado e vendido para a indústria global, sendo essencial para baterias de carros elétricos e tecnologia sustentável.

A exploração do níquel, mineral raro, está devastando florestas, contaminando oceanos e colocando comunidades em risco, enquanto a demanda global cresce até 500%

Quando pensamos na Indonésia, a primeira coisa que vem à cabeça são suas praias paradisíacas e florestas exuberantes. Mas a verdade é que, por trás dessa imagem de cartão-postal, existe uma realidade bem menos glamourosa. O país é o maior produtor mundial de níquel, um mineral raro essencial para a indústria de baterias e carros elétricos. Com reservas estimadas em 21 milhões de toneladas, a Indonésia detém cerca de 22% da oferta global de níquel, um número impressionante.

A demanda por esse mineral disparou nos últimos anos, impulsionada pela corrida por soluções energéticas mais sustentáveis. Carros elétricos, como os da Tesla, dependem fortemente do níquel para aumentar a autonomia das baterias de íon-lítio. Só em 2023, as exportações de níquel renderam US$ 6,8 bilhões para a economia indonésia. Mas, enquanto o mundo comemora avanços na transição energética, as comunidades locais pagam um preço altíssimo.

O impacto ambiental da mineração de níquel

A Indonésia possui cerca de 21 milhões de toneladas de reservas de níquel, o que representa 22% da oferta global. Com a demanda global crescendo, especialmente para baterias de carros elétricos, o país tem potencial para dominar esse mercado por décadas, mas precisa equilibrar exploração e sustentabilidade para evitar impactos ambientais irreversíveis.
A Indonésia possui cerca de 21 milhões de toneladas de reservas de níquel, o que representa 22% da oferta global. Com a demanda global crescendo, especialmente para baterias de carros elétricos, o país tem potencial para dominar esse mercado por décadas, mas precisa equilibrar exploração e sustentabilidade para evitar impactos ambientais irreversíveis.

A extração de níquel está deixando marcas profundas na Indonésia, e não são apenas econômicas. Em ilhas como Sulawesi e Halmahera, onde se concentram as maiores reservas do mineral raro, a mineração está transformando paisagens naturais em verdadeiros desertos industriais.

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Em Kabaena, Sulawesi, 75% do território já foi liberado para exploração. O resultado? Poluição das águas, sumiço dos peixes e infecções de pele nos moradores. E o pior: o desmatamento está avançando a os largos. Dois terços dos 920 mil hectares destinados à mineração estavam cobertos por florestas, que abrigavam uma biodiversidade riquíssima. A remoção dessas áreas verdes acelera a erosão do solo, impacta a fauna e altera o equilíbrio climático da região.

E os problemas não param por aí. A mineração também está colocando em risco um dos tesouros naturais mais valiosos do mundo: os ecossistemas marinhos de Raja Ampat. O arquipélago abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, mas os sedimentos tóxicos das minas estão sufocando os recifes de coral. O consultor ambiental Victor Nikijuluw alerta que essa contaminação não apenas desloca espécies marinhas, mas também compromete a subsistência das comunidades que dependem da pesca para sobreviver.

O dilema econômico e ambiental

A Indonésia está numa encruzilhada. De um lado, o país colhe os frutos econômicos de sua posição estratégica no mercado global de minerais raros, impulsionando a economia e gerando empregos. Do outro, vê sua natureza ser destruída em um ritmo assustador.

Para tentar amenizar a situação, o governo anunciou medidas para reforçar a fiscalização das minas. Em novembro de 2023, foram prometidas revisões nas licenças de operação para garantir que as empresas sigam padrões ambientais mais rigorosos. Mas será que isso resolve o problema? Ambientalistas alertam que a mineração ilegal e a falta de transparência nas concessões continuam sendo entraves gigantes.

E a pressão só aumenta em cima do mineral raro. Estima-se que a demanda global por níquel possa crescer 500% até 2050. Isso significa mais exploração, mais degradação ambiental e, inevitavelmente, mais desafios para a Indonésia.

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Rafaela Fabris

Fala sobre inovação, energia renováveis, petróleo e gás. Com mais de 1.200 artigos publicados no G, atualiza diariamente sobre oportunidades no mercado de trabalho brasileiro. Sugestão de pauta: [email protected]

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