Descubra como o veneno desse réptil nativo da América do Norte inspirou o desenvolvimento de medicamentos inovadores para diabetes e obesidade
O monstro-de-gila, conhecido cientificamente como Heloderma suspectum, é um lagarto nativo da América do Norte que, apesar de seu aspecto peculiar e de uma mordida venenosa, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de medicamentos para diabetes tipo 2.
Este réptil, que se move lentamente pelos desertos, é responsável por uma das descobertas médicas mais significativas dos últimos anos, que promete transformar o tratamento do diabetes e da obesidade.
Em seu veneno, pesquisadores descobriram uma enzima que inspiraria o desenvolvimento de medicamentos que aumentam a atividade do receptor GLP-1, como o Ozempic, Wegovy e Mounjaro.
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Esses medicamentos têm mostrado resultados promissores no combate ao diabetes tipo 2 e à obesidade.
A importância do veneno do monstro-de-gila
O veneno do monstro-de-gila evoluiu para imobilizar suas presas, permitindo que este lagarto sobrevivesse com um metabolismo extremamente lento.
De acordo com a Universidade de Queensland, esses lagartos conseguem viver até um ano com apenas seis refeições. O hormônio identificado no veneno, chamado exendina-4, possui semelhanças com o GLP-1 humano, que regula os níveis de açúcar no sangue.
A diferença crucial entre a exendina-4 e o GLP-1 é que a primeira permanece no organismo por mais tempo, o que proporciona um efeito mais duradouro na regulação da glicose.
Este achado permitiu o desenvolvimento de medicamentos que atuam como agonistas do receptor de GLP-1, levando a uma revolução no tratamento do diabetes.
De tóxico a terapêutico: a evolução dos medicamentos
A primeira aplicação clínica da exendina-4 resultou no medicamento Byetta (exenatida), voltado para o tratamento do diabetes tipo 2. Este medicamento foi fundamental para a criação de outros compostos mais eficazes e duradouros, como a semaglutida, que é o princípio ativo do Ozempic e Wegovy.
O professor Kini, especialista em toxinas, destaca que uma pequena modificação na estrutura molecular pode aumentar significativamente a eficácia e a duração do efeito terapêutico.
Além do veneno do monstro-de-gila, o estudo de toxinas como tratamento médico tem proporcionado avanços em diversas áreas. Por exemplo, o veneno da cobra brasileira Bothrops jararaca resultou em medicamentos essenciais para o controle da pressão arterial, como o captopril e o enalapril.
O potencial das toxinas na medicina moderna
Pesquisadores em todo o mundo têm explorado toxinas de diversas espécies para desenvolver novos tratamentos.
O veneno de caracóis marinhos tem sido modificado para tratar a dor crônica, enquanto a saliva de sanguessugas gerou anticoagulantes que reduzem o risco de embolias.
O princípio por trás dessas inovações é o mesmo: entender como as toxinas afetam o organismo pode levar a novas terapias.
O professor Kini está atualmente investigando venenos de cobras e saliva de mosquitos com o objetivo de criar medicamentos que possam prevenir danos ao coração após um ataque cardíaco.
Ele salienta que, muitas vezes, as variações em um ou dois aminoácidos nas toxinas podem desencadear efeitos fisiológicos específicos, tornando possível sua transformação em tratamentos eficazes.
O futuro promissor das toxinas na medicina
A experiência com o monstro-de-gila ilustra o potencial da biologia molecular e da farmacologia na criação de novos medicamentos.
Apesar dos desafios de financiamento e do tempo necessário para transformar descobertas de laboratório em tratamentos disponíveis no mercado, Kini acredita que os resultados justificam os esforços.
“O futuro pode nos reservar novas surpresas”, afirma Kini. “
Ainda podemos encontrar compostos eficazes em outros venenos ou desenvolver versões sintéticas que abordem doenças de novas maneiras.”
A pesquisa contínua em toxinas não apenas revela novas possibilidades terapêuticas, mas também destaca a importância de explorar a biodiversidade para avanços médicos significativos.
FONTE: ESTADODEMINAS