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Montadoras já não sabem como lutar com a BYD e diz que empresa comete ‘concorrência desleal’ após cortes de preços

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 02/06/2025 às 09:20
Montadoras enfrentam guerra de preços da BYD, que corta até 34% no valor dos carros elétricos, ameaçando lucros e a estabilidade do setor.
Montadoras enfrentam guerra de preços da BYD, que corta até 34% no valor dos carros elétricos, ameaçando lucros e a estabilidade do setor.

Estratégia agressiva da BYD provoca tensões inéditas no mercado automotivo global, desafiando montadoras tradicionais e mudando a dinâmica dos veículos elétricos em uma disputa que mexe com preços, lucros e tecnologia.

As montadoras de veículos elétricos enfrentam um desafio crescente diante da estratégia agressiva de preços adotada pela chinesa BYD, que tem provocado uma série de reações no mercado automotivo global.

Segundo o jornal O Globo, a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) expressou preocupação com uma possível “concorrência desleal”, após cortes significativos nos valores dos carros elétricos praticados pela BYD.

No último mês de maio, a BYD surpreendeu o setor ao anunciar reduções nos preços que chegaram a até 34% em alguns modelos.

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Esse movimento causou um efeito dominó imediato: outras empresas rapidamente aderiram a esse modelo, desencadeando uma espécie de “guerra de preços” que está elevando o nível de tensão entre as fabricantes.

De acordo com a CAAM, esse comportamento precipitado e desordenado pode comprometer seriamente a saúde financeira das montadoras, reduzindo as margens de lucro e afetando a qualidade dos veículos oferecidos ao consumidor final.

Montadoras enfrentam guerra de preços da BYD, que corta até 34% no valor dos carros elétricos, ameaçando lucros e a estabilidade do setor.

A entidade alertou que a disputa predatória pelo preço mais baixo pode trazer consequências negativas para o setor como um todo, além de colocar em risco direitos importantes dos consumidores, como as garantias pós-venda e a segurança dos produtos.

Além disso, a preocupação está também relacionada à sustentabilidade do mercado, pois uma competição intensa e baseada apenas em descontos agressivos pode levar a práticas monopolistas e prejudicar a livre concorrência.

Impacto no mercado financeiro e na concorrência

O corte brusco nos preços da BYD não impactou apenas o segmento local da China, mas também repercutiu nos mercados internacionais, fazendo as ações de fabricantes de veículos elétricos despencarem nas bolsas de valores.

Outro exemplo da pressão gerada por essa guerra comercial foi a Li Auto, rival da BYD, que revelou nesta semana que suas receitas no segundo trimestre ficarão abaixo das estimativas iniciais, em grande parte devido à retração da demanda entre os consumidores.

A CAAM reforçou que todas as montadoras precisam aderir aos princípios de “concorrência justa”, evitando práticas que possam prejudicar o equilíbrio do mercado e a confiança dos investidores.

Entre as recomendações, está a proibição da venda de veículos por preços inferiores ao custo de produção, algo que caracteriza dumping e é ilegal em muitos países.

Esse cenário chama atenção para uma questão mais ampla: como as montadoras tradicionais e emergentes vão se adaptar para competir em um mercado cada vez mais dominado pela tecnologia, inovação e preços agressivos?

Montadoras enfrentam guerra de preços da BYD, que corta até 34% no valor dos carros elétricos, ameaçando lucros e a estabilidade do setor.

O crescimento da BYD e seu modelo de negócio

A BYD, que iniciou suas operações como fabricante de baterias e acumuladores, evoluiu rapidamente para se tornar uma das maiores fabricantes globais de veículos elétricos, com uma estratégia clara de dominar o mercado por meio da combinação de preços competitivos e investimento em tecnologia.

Sua capacidade de reduzir custos de produção, associada a incentivos governamentais e controle sobre a cadeia de suprimentos, especialmente das baterias, tem sido apontada por analistas como o grande diferencial competitivo da empresa.

Além disso, a BYD investe em um portfólio diversificado, abrangendo desde veículos populares até modelos , o que fortalece sua presença e influência nos diferentes segmentos do mercado automotivo.

BYD King, um dos carros da marca chinesa que circulam pelo Brasil. (Imagem: divulgação)
BYD King, um dos carros da marca chinesa que circulam pelo Brasil. (Imagem: divulgação)

Desafios para o setor de veículos elétricos

Especialistas apontam que o atual momento representa um teste decisivo para o setor de veículos elétricos.

Enquanto a guerra de preços pode beneficiar o consumidor a curto prazo, com ofertas e descontos atrativos, o risco é que a redução das margens de lucro comprometa os investimentos em inovação e a qualidade dos produtos.

Com isso, o futuro da indústria pode ser afetado negativamente, retardando o avanço tecnológico e a expansão da mobilidade sustentável.

Além disso, a pressão para baixar preços pode resultar em cortes nos serviços de pós-venda e na manutenção, pontos fundamentais para a experiência do consumidor e a confiança no produto.

Reflexos globais e estratégias para o futuro

A dinâmica do mercado chinês, que é o maior do mundo para veículos elétricos, tem reflexos globais importantes, já que as tendências iniciadas lá tendem a se espalhar para outras regiões.

Empresas americanas, europeias e asiáticas estão observando atentamente os movimentos da BYD, buscando estratégias para se manterem competitivas sem comprometer sua saúde financeira.

Analistas sugerem que uma possível saída para esse ime seria a adoção de modelos de negócios mais focados em inovação tecnológica e diferenciação, em vez de batalhas puramente baseadas no preço.

Essa estratégia pode envolver investimentos em baterias mais eficientes, autonomia estendida, conectividade avançada e tecnologias de direção autônoma.

Song Pro, um dos carros da BYD que circulam pelo Brasil. (Imagem: divulgação)
Song Pro, um dos carros da BYD que circulam pelo Brasil. (Imagem: divulgação)

Sustentabilidade do mercado e políticas governamentais

De acordo com especialistas do setor, a sustentabilidade do mercado depende do equilíbrio entre preço, qualidade e inovação.

Além disso, há uma pressão crescente para que as empresas cumpram metas ambientais mais rigorosas, o que eleva ainda mais os custos de produção e torna a guerra de preços uma faca de dois gumes.

Em meio a esse cenário, as políticas governamentais também ganham protagonismo.

Incentivos fiscais, subsídios e regulamentações ambientais são fatores que influenciam diretamente a competição entre as montadoras e o o do consumidor final aos veículos elétricos.

A China, por exemplo, tem mantido políticas agressivas para estimular a adoção de carros elétricos, o que impulsiona a demanda, mas também cria um ambiente competitivo muito acirrado.

Dolphin Mini, um dos carros da BYD que circulam pelo Brasil. (Imagem: divulgação)

Indústria precisa encontrar um equilíbrio

Para especialistas, o alerta da CAAM mostra que a indústria precisa encontrar um equilíbrio para garantir a sobrevivência das empresas, a proteção dos consumidores e o desenvolvimento sustentável do setor.

A concorrência desleal, como apontado pela associação, pode ser prejudicial para todo o ecossistema automotivo.

Diante dessa realidade, a pergunta que fica é: como as montadoras vão equilibrar preços competitivos, qualidade e inovação para conquistar os consumidores sem sacrificar sua rentabilidade e sustentabilidade?

Você acredita que a BYD deve continuar a adotar essa estratégia agressiva de preços ou que o mercado precisa de uma regulação mais rígida para conter práticas predatórias?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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