O Japão investe pesado no Chuo Shinkansen, uma nova linha de trem de levitação magnética (maglev) que promete revolucionar as viagens com velocidades de 500 km/h. Conheça o ambicioso projeto, sua tecnologia SCMAGLEV, os atuais atrasos e os complexos debates envolvidos.
O Japão está construindo o Chuo Shinkansen, uma nova linha de trem de levitação magnética (maglev) de altíssima velocidade, projetada para ser a mais rápida do mundo. O projeto, liderado pela Central Japan Railway Company (JR Central), promete conectar Tóquio a Nagoia em menos de 40 minutos, e futuramente a Osaka.
Utilizando a avançada tecnologia Superconducting Maglev (SCMAGLEV) para atingir velocidades operacionais de 500 km/h, este trem representa um salto tecnológico monumental. No entanto, o Chuo Shinkansen enfrenta desafios significativos, desde oposições ambientais e complexidades de engenharia até custos elevados e atrasos no cronograma.
Chuo Shinkansen: a visão estratégica da próxima geração de alta velocidade no Japão
O projeto Chuo Shinkansen é um investimento estratégico nacional para o Japão. Seus objetivos vão além de um simples upgrade nos transportes. Um dos principais é criar uma “tripla redundância” para a artéria econômica vital do país (Tóquio-Nagoia-Osaka), atualmente dependente do Tokaido Shinkansen, que é vulnerável a sismos. O Chuo Shinkansen visa garantir a conectividade e a continuidade econômica durante desastres. Outro objetivo é a formação de uma “Super Megaregião”, integrando as três maiores áreas metropolitanas japonesas para estimular o crescimento econômico. Além disso, o Japão pretende exportar sua tecnologia SCMAGLEV, demonstrando sua capacidade de engenharia.
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A tecnologia SCMAGLEV é o coração do projeto. Ela utiliza ímãs supercondutores resfriados a -269°C, que permitem a levitação eletrodinâmica (EDS) do trem a cerca de 10 cm acima da via e sua propulsão por um motor linear síncrono (LSM) a velocidades operacionais de 500 km/h.
O traçado e as fases: de Tóquio a Osaka em um piscar de olhos?
A nova linha de trem de levitação magnética conectará Tóquio (Estação de Shinagawa) a Nagoia na Fase 1, um trecho de aproximadamente 285,6 km. Posteriormente, na Fase 2, a linha será estendida até Shin-Osaka, totalizando cerca de 438 km. A promessa é reduzir o tempo de viagem Tóquio-Nagoia para apenas 40 minutos e Tóquio-Osaka para cerca de 67 minutos.
Contudo, os prazos originais foram impactados. A abertura da Fase 1, antes prevista para 2027, foi oficialmente adiada pela JR Central para 2034 ou mais tarde. Consequentemente, a conclusão da Fase 2 para Osaka também está atrasada para além de 2037. Uma característica marcante do projeto é que aproximadamente 86% a 90% do trecho Tóquio-Nagoia será subterrâneo ou em túneis, incluindo a complexa travessia dos Alpes Japoneses do Sul.
Os obstáculos que freiam a nova linha de trem de levitação magnética
A construção do Chuo Shinkansen enfrenta obstáculos significativos. O principal ime público é a oposição da província de Shizuoka, que teme o impacto da construção de túneis nos recursos hídricos do rio Oi, uma fonte vital para a região, que não terá uma estação do Chuo Shinkansen e, portanto, vê poucos benefícios diretos.
Além da questão de Shizuoka, análises indicam atrasos sistêmicos em diversos outros trechos não contestados. Estes problemas incluem dificuldades na aquisição de terrenos, complexidades geológicas imprevistas e desafios logísticos na construção. Questões ambientais adicionais surgiram na província de Gifu, como preocupações com a deposição de solo excedentário potencialmente contaminado e a recente queda do nível freático na cidade de Mizunami, atribuída aos trabalhos do túnel, que levou à suspensão temporária da construção na área.
A engenharia financeira por trás do trem maglev
O custo estimado para a linha completa do Chuo Shinkansen (Tóquio-Osaka) é superior a ¥9 trilhões (aproximadamente US$ 80 bilhões, na cotação da época do relatório base). Somente o trecho Tóquio-Nagoia tem um custo estimado pela JR Central em cerca de ¥7,04 trilhões. Fatores como a difícil escavação de túneis e os longos trechos subterrâneos profundos contribuem para esses valores elevados.
O financiamento do projeto é majoritariamente ado pela JR Central, que é uma empresa privada. No entanto, para acelerar a construção da extensão entre Nagoia e Osaka, a JR Central obteve um empréstimo governamental de ¥3 trilhões do Programa de Investimento e Empréstimo Fiscal (FILP) do Japão. Além disso, os governos provinciais e municipais ao longo da rota também arcam com custos significativos para a construção das novas estações.
SCMAGLEV: comparação global e o futuro da alta velocidade
A tecnologia SCMAGLEV da nova linha de trem de levitação magnética permite uma velocidade operacional planejada de 500 km/h, significativamente superior aos sistemas de trem de alta velocidade (TAV) roda-carril convencionais, como o Tokaido Shinkansen (285-300 km/h), o TGV francês ou o ICE alemão. No entanto, o custo de construção por quilômetro do Chuo Shinkansen parece ser substancialmente mais elevado do que o desses sistemas e também do que o de outros sistemas Maglev, como o Transrapid de Xangai (que opera a 431 km/h em uma rota curta).
O debate sobre a capacidade real da linha SCMAGLEV em número de ageiros e seu consumo de energia (que algumas fontes críticas estimam ser de 3 a 4 vezes maior que o do Shinkansen atual) impacta diretamente sua viabilidade econômica e suas credenciais ambientais. O Japão tem ambições de exportar a tecnologia SCMAGLEV, com foco principal nos Estados Unidos (um projeto para o Corredor Nordeste entre Washington D.C. e Baltimore está atualmente pausado) e uma tentativa anterior na Austrália (projeto CLARA, que parece estagnado).
Sugestão:
Chamem o pessoal da nossa recém criada TAV-Brasil! Eles prometem construir um trem-bala de SP ao RJ em apenas três anos (do zero ao plenamente operacional), e sem um único centavo de dinheiro público.
Sendo tão porretas assim, certamente o Maglev do Japão será moleza pra eles…
A bala já temos de sobra: bala perdida… agora trem bala mesmo só em filme de ficção científica…
Fantástico!!! Mesmo tempo que demoro 90 minutos para andar 20km em SP!!!