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Nova pesquisa descobriu que embalagens plásticas de alimentos contêm até 9.936 produtos químicos, muitos deles podem migrar para os alimentos e afetar a saúde humana

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 15/05/2025 às 07:38
embalagens plásticas
Foto: Reprodução
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Estudo revela que embalagens plásticas para alimentos podem liberar até 9.936 substâncias químicas, muito ligadas a distúrbios hormonais, doenças cardiovasculares e alterações celulares.

Plásticos usados como embalagens plásticas de alimentos pode esconder uma ameaça que vai muito além do que se vê.

Pesquisadores identificaram até 9.936 substâncias químicas presentes nesses materiais. E o mais preocupante: muitas delas migram para os alimentos e, consequentemente, para o corpo humano.

Um risco presente no dia a dia

As embalagens plásticas utilizadas para guardar ou aquecer alimentos contêm compostos que, com o tempo ou sob certas condições, se desprendem do material.

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O calor, a gordura dos alimentos, os raios solares e o uso de micro-ondas aceleram esse processo de migração.

Isso significa que esquentar uma marmita no micro-ondas ou deixar um lanche embrulhado no carro pode intensificar a contaminação.

A composição dos plásticos vai além dos polímeros básicos. São adicionados corantes, amaciantes, estabilizantes, entre outros aditivos.

Além disso, o processo de fabricação pode deixar resíduos e impurezas que também se incorporam ao material final.

O problema é que muitos desses elementos não estão quimicamente ligados de forma estável ao plástico, o que facilita sua liberação.

Efeitos comprovados nas células humanas

Cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia analisaram 36 produtos plásticos usados no cotidiano em países como Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Alemanha e Noruega. Utilizando uma técnica avançada chamada espectrometria de massa de alta resolução, identificaram milhares de substâncias nos materiais.

Os testes demonstraram que muitos desses compostos afetam o funcionamento hormonal e o metabolismo celular.

Também foram observadas alterações na atividade dos receptores acoplados à proteína G, que desempenham funções essenciais no corpo, como o crescimento, a reprodução e o uso de energia pelas células.

Esses achados confirmam outros estudos populacionais que já detectaram a presença de BPA e ftalatos — dois dos compostos mais conhecidos — em mais de 90% das pessoas testadas na Europa, América do Norte e Ásia.

Consequências graves para a saúde

A exposição contínua a ftalatos foi associada a cerca de 350 mil mortes por doenças cardiovasculares no ano de 2018, principalmente entre adultos de meia-idade.

Além disso, essas substâncias são relacionadas a obesidade, diabetes e hipertensão.

O alerta vai além do já conhecido bisfenol A. Produtos que se dizem “livres de BPA” muitas vezes utilizam substitutos como o bisfenol S (BPS) e o bisfenol F (BPF), que também demonstraram causar danos celulares semelhantes.

Solução está no redesenho dos plásticos

Diante da complexidade e da quantidade de substâncias envolvidas — mais de 13 mil já conhecidas —, os especialistas afirmam que não é viável avaliar cada composto individualmente.

A proposta, então, é redesenhar os plásticos desde sua origem, de forma a torná-los seguros para a saúde e para o meio ambiente.

Pesquisadores e empresas já testam novas soluções, como polímeros biodegradáveis feitos a partir de plantas. Esses materiais bloqueiam a entrada de oxigênio e umidade, ajudando a conservar os alimentos e ao mesmo tempo evitando a contaminação química.

Mobilização internacional e legislações em andamento

Um tratado global para combater a poluição por plásticos está em discussão entre 175 países, com previsão de formalização até 2026.

O objetivo é atacar o problema desde sua origem, estabelecendo padrões e limites para o uso de substâncias nocivas.

Enquanto o acordo não entra em vigor, algumas ações já vêm sendo tomadas. A Agência Europeia de Produtos Químicos classificou vários plastificantes como substâncias altamente preocupantes.

Nos Estados Unidos, vários estados proíbem o uso do BPA em materiais que entram em contato com alimentos. Empresas também começam a criar registros abertos de aditivos para se preparar para futuras exigências.

O que cada pessoa pode fazer

Embora mudanças estruturais levem tempo, especialistas apontam que há medidas simples que podem reduzir a exposição aos compostos perigosos:

  • Evitar aquecer alimentos em embalagens plásticas. Prefira recipientes de vidro ou cerâmica.
  • Dar preferência a alimentos frescos ou congelados em vez de enlatados ou ultraprocessados.
  • Trocar as e utensílios riscados, principalmente os com revestimento antiaderente.
  • Ventilar bem ambientes com presença de plásticos novos, como carros e móveis.

Essas pequenas atitudes podem fazer diferença, já que a exposição aos compostos químicos é acumulativa. Cada refeição embalada em plástico ou bebida consumida de garrafa plástica aumenta o contato com essas substâncias.

Caminho para uma economia circular

O investimento em bioplásticos compostáveis — produzidos a partir de fontes como amido de milho, celulose ou algas — tem potencial de eliminar diversos produtos químicos tóxicos e reduzir a permanência dos resíduos no ambiente.

Além disso, a aplicação da chamada química verde permite criar materiais que se degradam em poucas semanas e não liberam poluentes durante o processo.

A substituição dos plásticos tradicionais por essas novas tecnologias poderia reduzir drasticamente o impacto ambiental e os riscos para a saúde.

Mas para isso acontecer em larga escala, será necessário ampliar a produção industrial, promover políticas públicas fortes e conscientizar a população sobre os perigos ocultos nas embalagens do dia a dia.

Clique aqui para conferir o estudo original.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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