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Novas evidências apontam atividade tectônica em Vênus, dizem cientistas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 27/05/2025 às 11:33
VÊNUS
Impressão artística de um vulcão em erupção em Vênus. Crédito da imagem: ESA / AOES Medialab.

Estudo revela que estruturas chamadas coronas indicam processos tectônicos ativos em Vênus, mesmo sem placas como na Terra.

Vênus continua surpreendendo a comunidade científica. Pesquisadores encontraram sinais claros de que o planeta ainda está geologicamente ativo, mesmo sem placas tectônicas como as da Terra.

A descoberta se baseia no estudo das chamadas coronas, estruturas geológicas únicas do planeta vizinho.

O que são as coronas de Vênus

Coronas são formações ovais que variam de dezenas a centenas de quilômetros de diâmetro.

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Elas aparecem cercadas por fraturas concêntricas, como se algo estivesse pressionando a superfície de dentro para fora.

Segundo os cientistas, essas estruturas se formam quando colunas de material quente e menos denso sobem do manto, empurrando a litosfera — a camada externa do planeta.

Vênus possui centenas dessas formações espalhadas por sua superfície. No entanto, sua origem exata sempre foi motivo de debate.

Não há registros de coronas na Terra atual, mas especialistas acreditam que elas possam ter existido em nosso planeta durante períodos geológicos muito antigos.

Novas análises com dados antigos da missão Magellan

As evidências mais recentes surgiram após cientistas revisitarem dados coletados pela missão Magellan, lançada pela NASA em 1989.

A espaçonave usou radar para atravessar a densa atmosfera de Vênus e mapear a superfície, revelando montanhas, planícies e, claro, as misteriosas coronas.

O estudo liderado pelo Dr. Gael Cascioli, da Universidade de Maryland e do Centro Goddard da NASA, combinou informações de gravidade e topografia para analisar a estrutura das coronas com mais precisão.

Essa abordagem permitiu detectar áreas onde há presença de plumas — colunas de material quente e flutuante — sob a crosta do planeta.

De acordo com o Dr. Cascioli, esse tipo de análise traz “uma nova e importante visão sobre os possíveis processos subterrâneos que atualmente moldam a superfície de Vênus”.

Atividade tectônica sem placas tectônicas

O estudo analisou 75 coronas em Vênus. Em 52 delas, os pesquisadores encontraram sinais de material quente abaixo da superfície, indicando que há atividade interna em andamento.

Esses sinais apontam para três possíveis processos tectônicos. O primeiro é uma forma de subducção, semelhante à que ocorre na Terra, mas com uma dinâmica diferente.

Em Vênus, a pluma de material quente sobe e empurra a crosta para cima e para os lados. Esse movimento faz com que a crosta ao redor seja empurrada para baixo, retornando ao manto.

Outro processo é chamado de gotejamento litosférico. Nesse caso, o material mais denso e frio da crosta afunda em direção ao manto quente, causando deformações na superfície.

Há ainda um terceiro tipo de atividade: colunas de rocha derretida que sobem sob áreas mais espessas da crosta.

Essas colunas podem provocar vulcanismo na superfície, como já foi observado em outros planetas e luas do sistema solar.

Modelos 3D reforçam as conclusões

Para confirmar suas hipóteses, os cientistas criaram modelos geodinâmicos tridimensionais.

Esses modelos simulam como as plumas podem formar as coronas e ajudam a entender os diferentes comportamentos tectônicos de Vênus.

Segundo a Dra. Anna Gülcher, da Universidade de Berna, esses dados reforçam que “provavelmente há vários processos ativos e contínuos impulsionando sua formação”. Ela também destaca que as coronas são estruturas únicas, abundantes no planeta, e que sua existência pode lançar luz sobre os primeiros estágios da própria Terra.

Entre as 75 estruturas analisadas, os sinais mais fortes de atividade foram encontrados em regiões onde a crosta de Vênus é mais fina e o fluxo de calor é mais alto.

A combinação dessas condições parece ser o ponto-chave para o surgimento e manutenção das coronas, tornando-as um dos melhores indicadores da dinâmica interna de Vênus na atualidade.

O artigo publicado na revista Science Advances.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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