A nova rodada de concessões promete movimentar bilhões, com a inclusão de novas bacias e grandes empresas disputando blocos estratégicos. O impacto da licitação é esperado para moldar o futuro energético do país.
Novos setores de petróleo e gás são liberados para licitação pela ANP em 2025
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou os setores que serão ofertados no 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), com leilão marcado para o dia 17 de junho de 2025.
A rodada contemplará 16 setores distribuídos em cinco bacias sedimentares brasileiras — quatro marítimas e uma terrestre — e representa uma nova oportunidade para o avanço da exploração de petróleo e gás no país.
A grande novidade é a inclusão da Bacia da Foz do Amazonas, que aparece pela primeira vez no modelo de oferta permanente, mesmo ainda estando sob análise ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
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Bacias estratégicas ganham protagonismo
Segundo informações oficiais da ANP, o novo ciclo de concessões contará com quatro setores na Bacia da Foz do Amazonas, cinco setores na Bacia de Santos, quatro setores na Bacia de Pelotas, um setor na Bacia Potiguar e dois setores na Bacia dos Parecis.
A Bacia dos Parecis é a única terrestre contemplada nesta rodada, enquanto todas as demais são marítimas, evidenciando a preferência da indústria pelos reservatórios offshore.
Bacias como Santos e Pelotas já tiveram blocos arrematados em ciclos anteriores, o que demonstra um interesse contínuo do setor energético pelas regiões.
Essas áreas são consideradas promissoras por especialistas devido ao seu potencial ainda pouco explorado e à proximidade com áreas onde já foram realizadas descobertas relevantes.
Foz do Amazonas: potencial energético e desafio ambiental
A inclusão da Bacia da Foz do Amazonas no ciclo da OPC marca um movimento estratégico por parte da ANP.
O objetivo é atrair investimentos para uma região rica em potencial energético, mas que desperta preocupações ambientais por estar próxima à foz de um dos maiores rios do mundo e a ecossistemas sensíveis da Amazônia.
De acordo com informações do Ibama atualizadas até março de 2025, a autorização para perfuração na região ainda não foi concedida, e os estudos de impacto ambiental seguem em análise.
Organizações ambientais e comunidades locais têm pressionado por mais transparência e rigor nas licenças, enquanto empresas do setor argumentam que é possível compatibilizar exploração e preservação.
Empresas globais e nacionais na disputa
A lista de companhias habilitadas para participar da rodada já foi publicada e inclui gigantes internacionais como BP Energy, Chevron, Equinor, ExxonMobil, Shell e TotalEnergies.
Também figuram na lista a Petrobras e outras empresas nacionais de menor porte, o que reforça a diversidade de perfis interessados nos blocos ofertados.
Ao todo, são 31 empresas qualificadas até o momento, segundo informações do Diário Oficial da União e da Comissão Especial de Licitação da ANP.
Essas companhias têm até o dia 12 de maio para apresentar declarações de interesse e garantias financeiras para os blocos que desejam disputar.
Modelo da Oferta Permanente de Concessão
O sistema da Oferta Permanente de Concessão é uma das grandes inovações regulatórias do setor de óleo e gás no Brasil.
Diferente dos leilões tradicionais, esse modelo permite que as empresas manifestem interesse em blocos exploratórios a qualquer momento.
Os leilões são realizados sob demanda, sempre que houver interesse comprovado de uma ou mais empresas em áreas específicas previamente aprovadas pelo governo.
Esse formato confere mais flexibilidade ao mercado, reduz custos regulatórios e acelera os processos de concessão, beneficiando tanto o setor público quanto os investidores.
Segundo a ANP, o modelo busca dinamizar o setor e ampliar o aproveitamento do potencial energético nacional, principalmente em áreas menos atrativas nos modelos tradicionais.
Potencial econômico e projeções para 2025
A nova rodada de concessões ocorre em um momento estratégico para o Brasil, que tem buscado consolidar sua posição como um dos grandes players globais na produção de petróleo.
De acordo com dados da própria ANP e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a produção nacional de petróleo pode ultraar 4,3 milhões de barris por dia até o fim de 2025, impulsionada justamente por novos projetos em áreas exploratórias.
A arrecadação de royalties e participações especiais para estados e municípios produtores também deve crescer significativamente nos próximos anos, contribuindo para o desenvolvimento regional.
A entrada de novos blocos exploratórios no mercado fortalece o papel do país como uma potência energética e atrai atenção internacional, em um contexto de transição energética gradual e diversificação da matriz.
Desafios ambientais e sociais em debate
Apesar do entusiasmo do setor econômico, especialistas em meio ambiente alertam para os riscos associados à expansão da exploração em áreas sensíveis, como a Foz do Amazonas.
Estudos científicos apontam que a região abriga biodiversidade única, além de comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem dos recursos naturais locais.
Segundo ambientalistas, a ausência de dados conclusivos sobre os impactos potenciais da atividade petrolífera na área exige mais cautela antes da liberação definitiva.
A ANP afirma que só serão aprovadas operações que cumpram rigorosamente os critérios técnicos e legais, conforme exigências do Ibama e de outras entidades ambientais.
Expectativas e próximos os
Com o leilão agendado para 17 de junho, o mercado aguarda com expectativa os desdobramentos dessa rodada, que pode movimentar bilhões em investimentos nos próximos anos.
Os resultados do 5º Ciclo da OPC poderão redefinir o mapa da exploração de petróleo no Brasil, abrindo novas fronteiras energéticas e influenciando decisões estratégicas de grandes companhias.
Para acompanhar os avanços, o setor seguirá atento às autorizações ambientais, ao posicionamento das empresas e às sinalizações do governo sobre o equilíbrio entre exploração econômica e responsabilidade socioambiental.
A nova rodada de licitações da ANP representa um marco importante na política energética brasileira de 2025.
Com grandes oportunidades de investimento, alta competitividade e desafios socioambientais complexos, o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão promete ser um divisor de águas para o futuro da exploração de petróleo e gás no país.