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O brilho azul hipnotizante e mortal que assombrou a capital de Goiás: pedra brilhante causou um dos acidentes mais devastadores no mundo, afetando milhares de brasileiros com radiação letal

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 18/05/2025 às 19:29
Quase 40 anos após o acidente em Goiânia, o terror do Césio volta a assustar: cápsulas radioativas somem de mineradora em Minas Gerais, reacendendo o medo da radiação no Brasil

Quase 40 anos após o acidente em Goiânia, o terror do Césio volta a assustar: cápsulas radioativas somem de mineradora em Minas Gerais, reacendendo o medo da radiação no Brasil

Um brilho azul hipnotizante, vindo de uma pedra misteriosa, marcou para sempre a história de Goiânia. O que parecia um achado inofensivo se transformou em um dos episódios mais devastadores da radiação fora de instalações nucleares em todo o mundo. Décadas depois, a ameaça do Césio-137 volta à tona com o desaparecimento de duas fontes radioativas em uma mineradora de Minas Gerais, acendendo um novo alerta para o país.

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O que é o Césio-137 e por que ele é tão perigoso?

Césio-137 é um isótopo radioativo altamente instável, derivado da fissão nuclear do urânio. Ele emite radiação gama, capaz de penetrar profundamente no corpo humano, danificando tecidos, células e o DNA. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a cápsula envolvida no acidente de Goiânia emitia cerca de 19 gigabecquerels, o que equivale à exposição de dez radiografias por hora.

A manipulação inadequada pode provocar queimaduras, envenenamento radioativo e, em casos graves, a morte. Saiba mais sobre os riscos do Césio-137 no site da CNEN.

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Setembro de 1987: a tragédia começa em uma clínica abandonada de Goiânia

O desastre teve início em 13 de setembro de 1987, no centro de Goiânia (GO). Dois catadores de materiais recicláveis invadiram uma clínica de radioterapia desativada e recolheram partes de um equipamento médico abandonado. Sem saber do risco, eles venderam o material a um ferro-velho, onde o conteúdo foi manipulado por mais pessoas.

Dentro do aparelho havia um cabeçote de chumbo contendo uma cápsula com pó esbranquiçado durante o dia e fosforescente à noite. A aparência chamativa da substância encantou quem a viu. Fragmentos foram distribuídos entre familiares, amigos e vizinhos, ampliando rapidamente a área de contaminação na capital goiana.

Caixão de chumbo e triagem em estádio: como foi a tragédia com o césio-137

A pedra brilhante que matou: vítimas foram enterradas em caixões de chumbo de 700 kg

Entre os contaminados, estavam adultos, jovens e até crianças. A primeira vítima fatal foi Leide das Neves Ferreira, de apenas 6 anos, que morreu em 23 de outubro de 1987. A menina foi exposta à substância após brincar com o material que seu pai havia levado para casa. Sua tia, Maria Gabriela Ferreira, também faleceu naquele mesmo dia. Outros dois homens, Israel dos Santos, de 22 anos, e ilson Alves de Souza, de 18, morreram nos dias seguintes.

A esposa do dono do ferro-velho percebeu que as pessoas que entravam em contato com o material apresentavam sintomas como náuseas, tonturas e feridas na pele. Foi ela quem levou a cápsula até a Vigilância Sanitária Estadual, que finalmente identificou a substância como sendo Césio-137.

Segundo a CNEN, Goiânia ficou 16 dias contaminada com o césio sem saber e dezenas de pessoas tiveram contato direto com o material radioativo. Quatro pessoas morreram, enquanto cerca de 6.500 pessoas foram atingidas com algum grau de radiação e outros 249 casos registraram contaminação mais grave e 20 delas necessitaram de cuidados intensivos.

As vítimas foram enterradas em caixões de chumbo de 700 kg. Os túmulos foram revestidos de concreto e colocados no local mais afastado possível do Cemitério Parque.

Tragédia mobilizou o governo brasileiro, que coordenou uma operação de emergência para conter a dispersão da radiação

A tragédia mobilizou o governo brasileiro, que coordenou uma operação de emergência para conter a dispersão da radiação. Mais de 6 mil toneladas de lixo contaminado foram coletadas em Goiânia e transportadas para Abadia de Goiás, onde foram enterradas em duas estruturas gigantescas de concreto, desenvolvidas para armazenar resíduos radioativos com segurança.

Hoje, segundo a CNEN, o nível de radiação na região está dentro dos padrões normais, e não há áreas de risco ativona capital goiana. No entanto, os especialistas alertam que o Césio-137 leva mais de 200 anos para perder completamente sua radioatividade, o que significa que a vigilância precisa ser constante.

Furto de duas fontes de Césio-137 de uma mineradora em Minas Gerais reacende o medo

Em 29 de junho de 2023, um novo caso de preocupação surgiu com o furto de duas fontes de Césio-137 de uma mineradora na cidade de Nazareno (MG). O desaparecimento foi denunciado à Polícia Civil de Minas Gerais, que abriu investigação junto à CNEN.

Embora as cápsulas modernas sejam protegidas por camadas de aço e revestimentos especiais, qualquer violação de segurança ou manuseio incorreto pode representar um risco direto à saúde pública. Até o momento, não há informações sobre a localização das fontes furtadas nem sobre o destino dos responsáveis.

A ocorrência em Minas Gerais traz à tona a importância de se manter o controle rigoroso sobre materiais radioativos em áreas de mineração e demais setores industriais.

Acidente com o Césio-137 em Goiás deixou marcas físicas, emocionais e sociais profundas em centenas de famílias

O acidente com o Césio-137 em Goiás deixou marcas físicas, emocionais e sociais profundas em centenas de famílias. Além das mortes e sequelas, o episódio despertou o país para a necessidade de protocolos rígidos em relação ao uso, descarte e transporte de materiais radioativos.

Com o recente caso envolvendo a mineradora em Minas Gerais, especialistas voltam a pedir maior fiscalização, rastreabilidade e punições severas para falhas no manuseio dessas substâncias.

Você se lembra dessa tragédia que marcou Goiás e já conhecia a história da “pedra que brilhava”??
Se você é morador de Goiânia ou conhece alguém que vive na cidade, compartilhe nos comentários o que você sabe ou ouviu sobre esse episódio que marcou a história do Brasil

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Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com [email protected] para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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