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O cientista chinês que os Estados Unidos deportaram e se arrependeram!

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 03/06/2025 às 19:51
Qian Xuesen, cientista chinês deportado pelos EUA que foi crucial para o avanço espacial e militar da China.
Foto: Jeremiah Jenne

Qian Xuesen, cientista chinês deportado pelos EUA que foi crucial para o avanço espacial e militar da China.

Em um momento em que as tensões entre China e Estados Unidos voltam a ganhar os holofotes mundiais, a trajetória do cientista Qian Xuesen ressurge como um poderoso símbolo das consequências de decisões geopolíticas precipitadas.

Considerado o pai do programa espacial e de mísseis da China, Qian foi deportado pelos EUA na década de 1950, durante a era do macarthismo, acusado de simpatizar com o comunismo — e sua expulsão acabou sendo um dos mais graves erros estratégicos da história americana.

Qian nasceu em 1911 em Hangzhou, numa China ainda sob domínio imperial. Demonstrando talento desde cedo, formou-se com distinção na Universidade Jiao Tong, em Xangai, e garantiu uma rara bolsa de estudos para o renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

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Depois, transferiu-se para o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), onde trabalhou ao lado de grandes nomes da engenharia, como Theodore von Karman, integrando o chamado “Esquadrão Suicida” — grupo responsável por pesquisas pioneiras em propulsão de foguetes.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os trabalhos de Qian foram fundamentais para o desenvolvimento de sistemas de decolagem assistida por jato. Ele chegou a ocupar o posto de tenente-coronel em uma missão técnica dos EUA na Alemanha nazista, entrevistando engenheiros como Wernher von Braun, mais tarde absorvido pela NASA.

Mas tudo mudou com o início da Guerra Fria. O ambiente político nos Estados Unidos se tornou hostil a estrangeiros, sobretudo chineses, após a Revolução Comunista liderada por Mao Tsé-Tung.

O FBI ou a investigar Qian por supostas ligações com o Partido Comunista Americano, baseando-se em evidências frágeis, como a presença em uma reunião social na Califórnia em 1938.

Embora nunca tenha sido provado que ele atuava como espião, Qian perdeu sua autorização de segurança, foi colocado em prisão domiciliar e, em 1955, acabou deportado.

Ao retornar à China, Qian foi inicialmente recebido com cautela, mas logo assumiu posição de destaque no desenvolvimento tecnológico do país.

Em apenas 15 anos, comandou o lançamento do primeiro satélite chinês ao espaço, deu início ao programa de mísseis balísticos e treinou gerações de engenheiros. Seu legado se estende até os dias atuais, com contribuições fundamentais para o Programa de Exploração Lunar chinês.

Ironicamente, os mesmos mísseis que ele ajudou a desenvolver foram utilizados décadas depois contra alvos americanos no Oriente Médio, como durante a Guerra do Golfo em 1991 e, mais recentemente, em 2016 no ataque ao USS Mason.

Especialistas como Fraser Macdonald, autor de Escape from Earth, apontam a deportação de Qian como “um erro geopolítico catastrófico”.

Até o ex-secretário da Marinha dos EUA, Dan Kimball, descreveu a decisão como “a coisa mais estúpida que este país já fez”. Afinal, ao deportar o cientista, os EUA entregaram à China uma das maiores mentes de sua era, que acabaria por reforçar o poder militar e tecnológico de um futuro rival.

Qian morreu em 2009, mas sua história continua ecoando como um alerta. Em tempos de crescente desconfiança mútua entre Estados Unidos e China, especialmente na área de tecnologia e educação, muitos temem que novos talentos estejam sendo afastados pelas mesmas razões ideológicas que afastaram Qian — com consequências que, novamente, poderão moldar o equilíbrio global de poder.

BBC

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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