Com construção em Itajaí (SC), as quatro novas fragatas da Marinha do Brasil prometem um salto tecnológico. Conheça o projeto, os desafios e as capacidades destes que podem ser os navios de guerra mais modernos da América do Sul.
Abordaremos a engenharia por trás destes que podem ser os navios de guerra mais modernos da América do Sul, o impacto do projeto para a indústria nacional e os desafios para sua concretização.
O Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) é um dos mais significativos empreendimentos de modernização da Marinha do Brasil. Com um investimento inicial de R$ 9,1 bilhões, prevê a construção de quatro navios de guerra avançados em território nacional. O objetivo é dotar o Brasil de meios modernos para proteger sua vasta área marítima, a “Amazônia Azul”.
O que é o Programa Fragatas Classe Tamandaré?
O PFCT é a resposta da Marinha do Brasil à necessidade de modernizar sua esquadra e proteger seus interesses no Atlântico Sul. A principal justificativa é a proteção da “Amazônia Azul”, uma área com mais de 5,7 milhões de km² rica em recursos naturais, como o pré-sal.
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Os objetivos do programa são multifacetados. Busca-se o reaparelhamento da esquadra com meios modernos e versáteis, capazes de realizar desde a defesa tradicional até missões de busca e salvamento e repressão a ilícitos. Igualmente importante é a absorção de tecnologia e o fortalecimento da indústria de defesa nacional, com altos índices de conteúdo local.
A engenharia por trás dos navios de guerra mais modernos da América do Sul
As fragatas da Classe Tamandaré são baseadas no projeto MEKO A-100 da alemã thyssenkrupp Marine Systems (TKMS). Com 107,2 metros de comprimento e deslocamento de 3.500 toneladas, elas incorporarão um conjunto de sistemas de última geração.
A suíte de sensores será liderada pelo radar de varredura eletrônica ativa (AESA) Hensoldt TRS-4D. O armamento incluirá mísseis superfície-ar Sea Ceptor, com lançamento vertical (VLS), e mísseis antinavio de fabricação nacional MANSUP. Cada fragata poderá operar um helicóptero antissubmarino, como o SH-16 Seahawk, e veículos aéreos não tripulados (drones).
O contrato bilionário e o impacto na indústria nacional
O contrato para a construção das quatro fragatas foi assinado em 2020. O valor inicial, de R$ 9,1 bilhões, já foi reajustado para mais de R$ 11,1 bilhões. A execução está a cargo do consórcio “Águas Azuis”, formado pela TKMS e pelas brasileiras Embraer Defesa & Segurança e Atech.
A transferência de tecnologia é um pilar do programa. A Atech, subsidiária da Embraer, é responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS) e do Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS). A meta de conteúdo local é de cerca de 40%. O programa projeta gerar até 23.000 empregos diretos e indiretos e fortalecer a Base Industrial de Defesa (BID) brasileira.
A Tamandaré no cenário sul-americano
Especialistas em defesa e analistas navais apontam que a Classe Tamandaré representará um salto capacitário expressivo para a Marinha do Brasil. Ao entrarem em serviço, as novas fragatas se posicionarão entre os navios de guerra mais modernos da América do Sul.
A combinação de um radar AESA com o sistema de mísseis VLS Sea Ceptor confere uma capacidade de defesa antiaérea superior à da maioria das frotas regionais. Em comparação, as fragatas do Chile (Type 23) são competidoras robustas, mas mais antigas. As frotas da Colômbia e do Peru operam navios de gerações anteriores, embora o Peru tenha planos para adquirir novas fragatas. Especialistas alertam, contudo, que o sucesso e a sustentabilidade do programa dependem de um fluxo de financiamento consistente, um desafio para os projetos de defesa de longo prazo no Brasil.
O andamento do projeto e o futuro da esquadra brasileira
A construção das fragatas ocorre no estaleiro thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí (SC). A primeira unidade, F200 “Tamandaré”, foi lançada ao mar em agosto de 2024, com entrega prevista para o final de 2025.
A segunda fragata, F201 “Jerônimo de Albuquerque”, já está em estágio avançado de construção, e a terceira, F202 “Cunha Moreira”, teve sua construção iniciada em novembro de 2024. A previsão é que as quatro embarcações sejam entregues até 2029. O programa, que poderá ser expandido para oito navios, é um o fundamental para o futuro da Marinha e para a consolidação do Brasil como um polo de construção naval de defesa.