Com 5.500 anos, a Tábua de Kish é considerada o documento escrito mais antigo já descoberto, revelando detalhes fascinantes sobre cerveja, cabras e grãos.
Imagine viver em um mundo sem qualquer registro escrito, onde as ideias se perdiam com o tempo e as todas as descobertas se apagavam com o tempo. Há cerca de 5.500 anos, os povos da Mesopotâmia mudaram esse cenário ao criar o que seria o ponto de partida da escrita: a tábua de Kish, considerada o documento escrito mais antigo já encontrado.
O que é a Tábua de Kish – o documento mais antigo do mundo
A tábua de Kish é uma pequena placa de argila que carrega símbolos protocuneiformes (primeiros sistemas de escrita registrados na história humana), o precursor do famoso sistema de escrita cuneiforme.
Esses símbolos no ‘documento’ não formam textos como os de hoje, mas são representações de objetos, atividades e conceitos básicos. A tábua é uma ferramenta istrativa usada para registrar operações econômicas e agrícolas.
Entre os símbolos mais estudados estão aqueles que se referem à produção de cerveja, um item essencial para os sumérios.
Também há registros de grãos, cabras, ovelhas e outras mercadorias que faziam parte do cotidiano da civilização.
Esses registros foram fundamentais para o controle de produção, distribuição e qualidade, especialmente em uma época onde cidades começavam a crescer e economias se tornavam mais complexas.
Jim Kuhn/Wikimedia Commons.
Por que a Tábua de Kish é tão importante?
A tábua de Kish marca o início da escrita como um sistema organizado de informação. Antes dela, as civilizações dependiam exclusivamente da memória e de representações artísticas, como pinturas rupestres, para transmitir ideias. Diferente das pinturas, que ilustram cenas gerais, a tábua protocuneiforme apresenta informações detalhadas sobre atividades econômicas.
Um exemplo prático é o registro do uso da cevada para produção de alimentos e bebidas. Isso evidencia a importância da escrita para o gerenciamento de recursos essenciais à sociedade. O material usado, a argila, foi uma escolha estratégica. Após serem moldadas, as tábuas eram assadas, garantindo sua preservação por milhares de anos.
Metropolitan Museum of Art , doada ao
Wikimedia Commons ).
Pinturas rupestres x Escrita protocuneiforme
Embora mais antigas, as pinturas rupestres, como as de 50.000 anos que retratam humanos e animais, não podem ser consideradas registros escritos. Elas são imagens representativas, enquanto os símbolos na tábua de Kish formam um sistema funcional de transmissão de informações.
Na prática, os símbolos de Kish fornecem uma visão sobre o cotidiano sumério. Eles mostram a organização necessária para sustentar uma sociedade em crescimento, como o uso de gado para transporte ou produção agrícola.
Essa diferença é crucial para entender por que a tábua protocuneiforme é considerada o marco inicial da escrita estruturada.
A evolução da escrita
Os símbolos protocuneiformes foram os primeiros os para o desenvolvimento do cuneiforme, que surgiu cerca de 500 anos depois, por volta de 3.000 a.C. Esse sistema permitiu registros mais elaborados, como leis, histórias, rituais e textos religiosos.
A tábua de Kish foi, portanto, uma peça-chave no avanço do registro escrito, estabelecendo a base para sistemas complexos de governança e cultura.
Mistérios ainda não resolvidos
Apesar de sua importância histórica, a tábua de Kish ainda guarda segredos. Parte de sua escrita protocuneiforme não foi totalmente decifrada. Os arqueólogos acreditam que ela faça parte de um conjunto maior de registros istrativos da Mesopotâmia, mas o significado completo de alguns símbolos segue desconhecido.
A pesquisa sobre a tábua continua, e cada avanço oferece uma nova perspectiva sobre os primeiros os da humanidade no registro de informações. Ela permanece como um testemunho da engenhosidade humana e do esforço para organizar o conhecimento.
Essa peça de argila, aparentemente simples, é muito mais do que um artefato antigo. Ela representa o início de uma transformação que mudou o curso da história para sempre.
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