Apesar de sua aparente estabilidade tectônica, Minas Gerais convive com uma notável atividade sísmica ligada a antigas falhas. Entenda a ameaça que se estende sob este importante estado brasileiro e os esforços científicos para monitorá-la.
A ocorrência de terremotos no Brasil, embora menos frequente e intensa que em bordas de placas tectônicas, é uma realidade, especialmente devido à reativação de antigas falhas geológicas. O estado brasileiro de Minas Gerais, em particular, destaca-se por uma expressiva atividade sísmica intraplaca, um “risco invisível” que se estende sob diversas de suas cidades e regiões.
Eventos históricos, como o trágico sismo de Itacarambi em 2007, evidenciam a ameaça real representada por esses fenômenos. Este artigo explora a naturezas dessas falhas, os esforços de monitoramento e os desafios para garantir a segurança neste populoso estado brasileiro.
O paradoxo sísmico em Minas Gerais: como este importante estado brasileiro, considerado estável, registra tremores
A sismicidade intraplaca, observada no interior de placas continentais estáveis como a Sul-Americana (onde o Brasil se localiza), resulta da transmissão de tensões que reativam antigas zonas de fraqueza na crosta. Minas Gerais, dentro deste contexto, é uma das unidades federativas com maior frequência de sismos registrados e um número expressivo de falhas identificadas. Essa aparente contradição posiciona este estado brasileiro como crucial para estudos sobre tectônica intraplaca.
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A geologia mineira é dominada por grandes unidades como o Cráton do São Francisco, a Faixa Brasília e porções da Bacia do Paraná. Essas estruturas são cortadas por diversos tipos de falhas (transcorrentes, normais e reversas), “cicatrizes” de antigos eventos geológicos que podem ser reativadas pelo campo de tensões atual, impactando diversas áreas do estado brasileiro.
Principais sistemas de falhas e o impacto neste estado brasileiro
Estudos identificaram importantes sistemas de falhas em Minas Gerais, como os designados BR 24 a BR 29 e BR 47 (Sistema Saadi). A Falha 47, no norte do estado, notabilizou-se por sua associação com o sismo de Itacarambi em 2007. Outra estrutura relevante é a Zona de Falha de Cássia, no sudoeste mineiro.
A presença dessas falhas coloca diversas regiões e cidades de Minas Gerais em potencial risco sísmico. O Norte de Minas concentra áreas de maior atividade, com Itacarambi e Montes Claros sendo exemplos de localidades com histórico de tremores. Municípios como Jaíba, Januária, e até mesmo pontos na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Centro-Oeste mineiro também registraram abalos, mostrando a extensão do fenômeno neste estado brasileiro. O Serviço Geológico do Brasil (RM/SGB) desempenha um papel central no mapeamento dessas estruturas.
Crônica da atividade sísmica e suas consequências para Minas Gerais, um populoso estado brasileiro
Minas Gerais possui um catálogo de sismos que demonstra atividade constante. O sismo de Itacarambi/Caraíbas em 9 de dezembro de 2007 (magnitude 4,9 mb) é o mais impactante, causando a primeira morte oficialmente atribuída a um sismo no Brasil e deixando cerca de 300 desabrigados/desalojados. Este evento destacou a vulnerabilidade de construções precárias em partes deste estado brasileiro.
Outros eventos incluem os tremores recorrentes em Montes Claros (até 4,2 Richter), que geram apreensão na população. Mesmo sismos menores, como o de Rubim (2,6 mR) em 2023, são sentidos e confirmam a contínua atividade sísmica em diferentes partes de Minas Gerais.
Como o Brasil monitora as falhas e os abalos sísmicos neste estado brasileiro
O monitoramento sísmico em Minas Gerais é um esforço colaborativo. A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) é o principal sistema, com cerca de 10 estações neste estado brasileiro, operadas por instituições como o Observatório Nacional (ON), USP, UnB e UFRN, com patrocínio do RM/SGB. A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), através do seu Núcleo de Estudos Sismológicos (NES), realiza um monitoramento local intensivo no Norte de Minas, colaborando com a RSBR.
Essas redes utilizam sismômetros de banda larga e transmissão de dados em tempo real. No entanto, desafios persistem, como a densidade da rede (que pode ser insuficiente para localizar com precisão todos os sismos menores), a manutenção e modernização dos equipamentos, e a consistência no financiamento para pesquisa e operações em um estado brasileiro tão vasto.
Enfrentando o risco sísmico em Minas Gerais
A presença de falhas ativas impõe riscos a diversas comunidades em Minas Gerais. Edificações, especialmente as mais antigas ou construídas sem técnicas sismorresistentes, são vulneráveis. Infraestruturas críticas como barragens (Minas Gerais possui um grande número, incluindo de rejeitos de mineração), redes de transporte e linhas vitais (energia, água) também estão sob ameaça neste importante estado brasileiro. O patrimônio histórico de cidades mineiras é outra preocupação. A norma ABNT NBR 15421 estabelece requisitos para projetos sismorresistentes, mas sua aplicação e adequação à sismicidade intraplaca são debatidas. Populações de baixa renda são frequentemente as mais vulneráveis.
Para aumentar a resiliência em Minas Gerais, recomenda-se fortalecer o monitoramento, desenvolver mapas de perigo sísmico locais detalhados, integrar o risco sísmico ao planejamento urbano, revisar e aplicar rigorosamente códigos de construção, e investir em educação pública e preparo para emergências. A pesquisa científica sobre neotectônica, paleossismologia e o campo de tensões crustais também deve ser priorizada para proteger este estado brasileiro.