Uma nova visão do universo profundo: entenda como a teoria de Einstein permitiu que astrônomos observassem uma galáxia extremamente remota
Uma descoberta que atravessa o espaço e o tempo
O Telescópio Espacial Hubble, em operação desde 1990, revelou uma nova façanha da astrofísica moderna ao registrar um dos fenômenos mais intrigantes do cosmos. Em uma de suas observações, voltada a uma galáxia elíptica relativamente próxima da Terra, o Hubble capturou algo surpreendente no mesmo campo de visão: um arco luminoso e avermelhado, com forma precisa e curvada, envolvendo a galáxia central.
Esse arco não é um erro de leitura ou falha óptica, mas sim o resultado de um efeito natural raro e poderoso: a lente gravitacional. Esse fenômeno permitiu a visualização de uma galáxia extremamente distante, identificada como HERS 020941.1+001557, cuja luz levou aproximadamente 11 bilhões de anos para chegar até nós.
A teoria que mudou a astronomia: lente gravitacional e o anel de Einstein
A lente gravitacional é um efeito previsto pela Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein, apresentada em 1915. Segundo essa teoria, a presença de grandes massas no espaço — como galáxias ou aglomerados — deforma o tecido do espaço-tempo ao seu redor. Essa distorção provoca a curvatura da luz de objetos mais distantes, criando fenômenos visuais que podem incluir arcos, anéis e múltiplas imagens de um mesmo objeto.
-
Jovi estreia no Brasil com V50 e V50 Lite: smartphones 5G com câmeras ZEISS, bateria de longa duração e descontos de até R$ 2.000 na TIM
-
Elon Musk vai colonizar Marte: missão da SpaceX com lançamento do foguete Starship em 2026 visa criar a primeira colônia humana no Planeta Vermelho
-
Realme GT 7 chega ao Brasil como o novo “monstro” dos celulares: bateria de 3 dias, IA avançada e chip Dimensity para encarar Samsung, Xiaomi e Apple
-
Toyota dobra aposta nos híbridos plug-in e desafia Tesla, BYD, Ford, GM e Volkswagen ao rejeitar elétricos puros
Neste caso específico, a galáxia elíptica SDSS J020941.27+001558.4, situada a cerca de 2,7 bilhões de anos-luz da Terra, atua como lente para a galáxia muito mais remota, localizada a aproximadamente 19,5 bilhões de anos-luz em distância espacial. O alinhamento preciso entre essas galáxias e o observador resultou em um anel de Einstein, uma formação circular ou parcial produzida pela deflexão simétrica da luz.
Instrumento, técnica e contexto da observação
O Telescópio Espacial Hubble registrou as imagens enquanto operava na órbita baixa da Terra em parceria entre a NASA e a ESA.
O Hubble captura imagens no espectro da luz visível e ultravioleta com alta precisão e regularidade.
Os cientistas já utilizaram o Hubble para fornecer milhares de dados essenciais à cosmologia e à astrofísica.
Na observação que revelou o anel, os astrônomos também identificaram uma terceira galáxia, SDSS J020941.23+001600.7, aparentemente se cruzando visualmente com parte do arco luminoso. Essas sobreposições reforçam a complexidade do campo de visão cósmico e a importância das lentes gravitacionais como ferramentas de ampliação natural.
Aplicações científicas das lentes gravitacionais
As lentes gravitacionais têm se tornado instrumentos indispensáveis para o estudo do universo primitivo. Elas possibilitam que telescópios detectem galáxias muito fracas ou distantes, ampliando a capacidade observacional dos instrumentos atuais. Além disso, esse fenômeno pode replicar ou distorcer imagens, funcionando como uma lupa cósmica natural.
Por meio desses efeitos, é possível observar objetos como eram há bilhões de anos, oferecendo uma janela para períodos remotos do universo. Neste caso, a luz da galáxia HERS 020941.1+001557 revela uma época anterior à formação do Sistema Solar, tornando-se um registro valioso sobre os primórdios da estrutura cósmica.
O papel da ciência cidadã na descoberta
Um participante do projeto Distorção Espacial identificou o anel de Einstein em uma imagem astronômica. A iniciativa de ciência cidadã usa crowdsourcing para detectar lentes gravitacionais.
Voluntários analisam dados coletados por telescópios e ajudam cientistas profissionais a localizar padrões que indicam a presença de fenômenos ópticos raros.
A participação pública na ciência reforça a importância desse tipo de colaboração.
Milhares de cidadãos ajudam a explorar grandes volumes de dados de forma eficiente com suas contribuições.
Histórico das lentes gravitacionais na astrofísica
Embora amplamente conhecidas atualmente, as lentes gravitacionais já causaram confusão no ado. Em 1987, astrônomos observaram um enorme arco azul próximo ao aglomerado de galáxias Abell 370.
Inicialmente, eles o consideraram um dos maiores objetos do universo.
Mais tarde, cientistas identificaram corretamente a estrutura como uma ilusão causada pela distorção do espaço-tempo.
No mesmo ano, houve outro avanço significativo na compreensão desses fenômenos, sobretudo graças aos estudos realizados por equipes da Universidade de Stanford e, além disso, do Observatório Nacional de Astronomia Óptica dos Estados Unidos. Por essa razão, o episódio ganhou destaque na imprensa internacional, sendo citado, por exemplo, pelo The New York Times como um caso emblemático das “bizarras” implicações da teoria de Einstein.
Uma ferramenta para a próxima geração de descobertas
A observação da galáxia HERS 020941.1+001557 por meio da lente gravitacional SDSS J020941.27+001558.4 representa não apenas um marco visual, mas uma conquista técnica que valida modelos físicos de mais de um século. Essa imagem funciona como uma cápsula do tempo, revelando um universo que existia quando nem o Sol, nem a Terra haviam se formado.
Enquanto a ciência segue evoluindo, graças a instrumentos como o Hubble e o James Webb, além de colaborações entre cientistas profissionais e amadores, cada vez mais novas imagens ampliam os horizontes do conhecimento humano. Dessa forma, elas aproximam a astronomia de um entendimento mais profundo sobre as origens do cosmos.