SS United States: Lendário transatlântico será transformado em recife artificial e ganha despedida histórica.
Depois de quase três décadas enferrujando no anonimato, o majestoso transatlântico SS United States está prestes a receber uma despedida à altura de sua grandiosidade. Com 301 metros de comprimento e um ado glorioso, o navio será transformado em um recife artificial na costa dos Estados Unidos, oferecendo um novo propósito ecológico e turístico ao que já foi o maior e mais rápido navio construído no país.
A iniciativa é vista como um marco na preservação da história naval norte-americana e no aproveitamento sustentável de estruturas abandonadas. O projeto também contempla a construção de um museu e centro de visitantes, garantindo que as futuras gerações conheçam o legado deste gigante dos mares.
SS United States: Construído para ser inigualável
O SS United States não foi um transatlântico qualquer. Construído durante o auge da Guerra Fria, em 1952, nos estaleiros de Newport News Shipbuilding, na Virgínia, ele simbolizava o poderio tecnológico e estratégico dos Estados Unidos.
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Com investimento total de 78 milhões de dólares — sendo 50 milhões financiados pelo governo americano —, o navio foi concebido com a possibilidade de uso militar, capaz de transportar até 15.000 soldados em caso de emergência.
Apesar de nunca ter sido usado para fins bélicos, o SS United States foi um verdadeiro prodígio da engenharia naval. Capaz de atingir velocidades impressionantes de até 70,97 km/h (38,38 nós), ele superava com folga os cruzeiros modernos.
Sua autonomia era igualmente impressionante: podia percorrer mais de 18.500 quilômetros a uma velocidade constante de 64 km/h, o que o tornava ideal para longas travessias transatlânticas.
Recordes e glórias no Atlântico
Na sua viagem inaugural, ainda em 1952, o transatlântico SS United States estabeleceu um recorde histórico ao cruzar o Atlântico em apenas três dias e dez horas — tanto na ida quanto na volta.
Essa façanha não só consolidou sua reputação como o mais rápido de sua época, como também reforçou o orgulho nacional dos americanos, especialmente em tempos de tensão geopolítica.
Entre 1952 e 1969, o navio transportou milhares de ageiros, entre eles celebridades, políticos e empresários, tornando-se um símbolo de luxo e inovação.
Ainda que o Titanic seja mais lembrado pelo público em geral, muitos especialistas consideram que o SS United States teve uma trajetória mais impressionante, embora menos trágica.
Apesar de toda sua glória, o SS United States não resistiu ao avanço da aviação comercial. No final da década de 1960, com a popularização dos voos transatlânticos, tornou-se economicamente inviável manter um transatlântico de grande porte em operação. Em 1969, foi oficialmente desativado.
Nos anos seguintes, o navio foi levado de porto em porto, mudando de donos e projetos que nunca saíram do papel. Ideias para transformá-lo em hotel de luxo, cassino ou museu flutuante foram muitas, mas todas fracassaram por questões financeiras e logísticas.
Em 1996, acabou atracado permanentemente na Filadélfia, onde permaneceu, praticamente esquecido, até recentemente.
Destino Final: Um recife no fundo do mar
Agora, o SS United States se prepara para sua última e mais simbólica missão: tornar-se um recife artificial, promovendo a vida marinha e atraindo mergulhadores de todo o mundo.
Rebocado em março deste ano, o navio percorreu cerca de 3.000 quilômetros até chegar à costa de Mobile, no Alabama, onde aguarda sua imersão definitiva, prevista para acontecer em 2026.
A operação está sendo coordenada pela organização SS United States Conservancy, que assumiu a posse do transatlântico e articula a criação de um memorial permanente na costa, com um museu e centro de visitantes.